Capítulo 3

727 85 72
                                    

Niall's P.O.V.

Já passava das 23 horas e eu não sei como as coisas aconteceram, mas agora estávamos sentados em um círculo no meio da sala da fraternidade.

O cacheado que roubou meu fôlego chama-se Harry e é amigo de Louis. Ele parece ser legal, mesmo eu realmente não prestando atenção em tudo o que ele diz. A culpa não é minha e sim de seus lábios rosados, finos e delicados.

Estava eu, Louis, Harry e mais sete pessoas que eu nunca vi em minha vida brincando de Verdade ou Desafio. Fala sério, quem ainda brinca disso? Eles parecem tão infantis para universitários. Sinto-me no colegial.

Todos parecem estar bêbados, menos eu e Louis. Nós tínhamos aula cedo. Harry tomou alguns shots que parecem não ter lhe afetado em nada. Ele é tão resistente. Será que ele é assim na hora H?

— NIALL! — Harry me chama.

— Ah? O quê? Desculpa...

Eu realmente tenho que parar de viajar assim.

— É sua vez. Verdade ou desafio?

Ah, você não sabe com quem está se metendo...

— Desafio — Não pode ser tão ruim assim, é uma brincadeira de criança.

— Te desafio a beijar a Jenny — disse apontando para um loiro em nosso círculo. A garota estava sorrindo como se tivesse ganhado um prêmio. Ele era linda, se eu fosse hétero, com certeza eu aceitaria o desafio, mas...

— Er... Não.

— Você é gay? — ouvi alguém perguntar e olhei para o lado direito. Era um cara forte, de cabelo castanho escuro, estava com um casaco de beisebol e visivelmente embriagado.

— Sim — respondi normalmente, depois de assumir para a minha família e sofrer tudo o que eu sofri dentro de casa, não tive mais vergonha ou medo de expor a minha orientação sexual para as pessoas.

— Porra, você é um viadinho. Cria vergonha na cara e vira homem, seu lixo! — ele gritou com o rosto vermelho de raiva. — Você deveria morrer, seu verme! — Harry o mandava ficar calado, mas não adiantava, ele continuava gritando, o que fez com que todos os presentes na festa olhassem para nós.

Enquanto ele falava aquelas coisas, eu paralisei por um segundo e veio a lembrança no dia em que eu me assumi para o meu pai.

Porra! Já é a segunda vez que isso acontece hoje. Não aguento mais.

Saí correndo da fraternidade. Ouvi uns gritos de alguém me chamando. Acho que era Louis, mas não tenho certeza.

Sempre gostei de saídas dramáticas, mas nunca achei que nada vida fosse tão ruim assim.

A lembrança de quando eu contei que era gay para o meu é a pior da minha e não basta eu apenas conviver com isso, ainda sou obrigado a lembrar disso por causa de idiotas. Já estava chorando feito uma criança.

Em um único dia eu chorei duas vezes. Não era assim que eu imaginava a faculdade. Não era assim mesmo.

Por que o fato de eu gostar de pau incomoda tanto?

Se as coisas continuarem assim, vou ter que mudar de faculdade ou nem fazer mais. Prefiro trabalhar limpando a rua do que conviver com idiotas que trazem para o presente a pior parte do meu passado.

Nem é só pela reação que o meu pai teve em si, mas pelo que ele causou em mim — tanto psicologicamente, tanto fisicamente. São coisas que eu venho tentando esquecer e eu estava indo bem. A minha mãe nunca mais tocou no assunto e é melhor assim. Não quero ter uma recaída.

Teacher, Please • ziallOnde histórias criam vida. Descubra agora