Epílogo - O rosto de Rodrigo

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- Eu não sabia que tinha um lugar tão bonito assim nessa floresta, e olha que moro aqui desde que nasci – disse Joe, depois que a tontura passou e conseguimos focar nossos olhos novamente.

- Esse é o Rio das Águas Pesadas – falei –, o meu local de treinamento. Mas não se enganem, esse rio é muito traiçoeiro. – Que fluía com leveza enquanto brilhava com a luz do sol. O único som que preenchia a floresta era o da queda d'água, um ruído estrondoso e, ao mesmo tempo, tranquilizador. E o portal ainda pairava às nossas costas.

- Será que isso vai ficar aí pra sempre? – Natsuno disse com receio.

- Cinco minutos – respondeu Riku, bocejando. – Depois, ele some.

O que seria bom, considerando que não seria nada legal alguém encontrá-lo exposto dessa maneira. Imaginei vampiros o atravessando e atacando o Profeta Zaoi.

- O que vocês pretendem fazer agora? - Natsuno nos perguntou, ignorando o portal.

- Eu só penso em tomar um banho e dormir – admitiu Jake, rindo.

- Acho que vou passar na Lanchonete Lendária e comer alguma coisa – disse Joe, com a mão sobre a barriga.

- Ué – o Kogori o encarou. – E o seu estoque?

Olhamos para a gigantesca mochila do grandalhão. Reparando melhor, não parecia mais tão cheia.

- Acabou – disse ele, lamentando. – Todos os meus sanduíches. Todos os meus cachorros-quentes. Estou faminto – choramingou.

Natsuno revirou os olhos. Então me olhou, percebendo que eu estava pensativo.

- E você, Dio?

Olhei para Joe, muito sério e determinado ao mesmo tempo, e falei:

- Joe, acho que você vai ter que aguentar a fome mais um pouco.

- Por quê? – ele estranhou, olhos tão verdes quanto confusos.

- Porque nós vamos encontrar o seu pai.


- Como faremos isso? - perguntou ele, enquanto caminhávamos pela floresta rumo às ruas do meu bairro. Olhei a hora no meu relógio e me perguntei se ela acordaria tão cedo em pleno domingo. Ia dar sete da manhã, ainda.

- Você encontrou o que te pedi? - perguntei.

- Você diz a foto? Encontrei sim. - Joe mostrou seu celular, ainda confuso. Na imagem havia três pessoas abraçadas: um casal e um filho, todos sorridentes. A mulher era bonita, tinha os cabelos alaranjados iguais ao do filho, porém longos, e olhos cor-de-mel. O homem era robusto, de aparência firme, ao mesmo tempo em que aparentava ser muito simpático. Tinha cabelos negros bem penteados e vestia um jaleco branco – e o fato de tirar foto com a roupa de trabalho era sinal que ele vivia trabalhando. Deduzi que Rodrigo era um homem muito esforçado.

Já o garoto era Joe, uma criança sorridente de, aproximadamente, nove anos. Era fortinho já, com seus cabelos espetados da mesma forma de agora, um sorriso enorme e um olhar firme, verde.

Todos pareciam felizes.

- É a minha foto favorita - disse o grandalhão, olhando para frente, parecendo segurar as emoções. Eu não sabia o que falar, mas sentia muito por ele.

Continuei olhando aquela foto, os três felizes. Eu tinha uma parecida no meu quarto, que retratava eu e os meus pais. Éramos felizes também, pois mesmo sendo um pouco distante de nós, meu pai sabia nos alegrar. Ele era um homem incrível.

Caçador Herdeiro (1) - Vento Sufocante | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora