11 - Dores do passado. Riku, mudou de ideia?

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Riku e eu partimos na direção um do outro com as nossas espadas reluzentes empunhadas. Quando chegamos perto, quando ficamos frente a frente, pulamos ao mesmo tempo – desviando cada um para a lateral de uma árvore –, pegamos impulso com o pé e atacamos com nossos punhos cerrados: o atingi em cheio na cara, mas fui atingido da mesma maneira. Estávamos no ar, cada um com a sua espada numa mão e com um golpe na outra, então demos um chute – eu acertando o peito dele e ele o meu, muito forte, e o impacto fez com que nos distanciássemos um do outro, lançados no ar. Felizmente, o meu reflexo estava mais ativo que o normal e eu consegui me agarrar a um galho grosso a tempo, numa agilidade incrível; e me surpreendi quando percebi que o Riku havia obtido a mesma façanha como se fosse a coisa mais natural do mundo.

Subimos nos galhos grossos, de pé um para o outro. A distância que nos separava era de uns dez metros.

- Incrível – ouvi Jake dizendo, olhando para mim e depois para o Medeiros.

- Eles são muito rápidos - disse Joe, boquiaberto.

Aquela cena também me surpreendera. Era como se uma agilidade anormal tivesse tomado conta do meu corpo. Eu simplesmente conseguira ler os movimentos do meu adversário enquanto fazia manobras que, mesmo para um lutador de artes marciais, eram extraordinárias. O único que parecia não estar admirado era o Natsuno, provavelmente pelo fato de ser acostumado com esse tipo de coisa.

- Você luta bem, Diogo Kido – Riku me analisava atentamente. Ao contrário de mim, ele não respirava ofegante. E parecia também não sentir a mesma dor que eu estava sentindo na bochecha golpeada.

- Você também não fica para trás - disse eu, tentando soar confiante.

- Chega de brincar – ele sorriu. - Agora vou mostrar toda a minha força.

Toda a sua força? Estranhei.

Porém, cortando todo o barato, uma voz perguntou:

- Onde vocês estavam? –

Era o Kai. Vinha do ginásio e, quando nos viu ali, em cima daqueles galhos, arregalou os minúsculos olhos puxados em surpresa – e ficou ainda mais espantado quando Riku fez sua espada voltar a ser um simples anel prateado.

- Você se salvou dessa vez – ele disse a mim, me fuzilando com o olhar. Apenas o encarei, tentando me mostrar firme. Riku pulou para o gramado, aterrissando de forma tão leve que parecia fazer parte da brisa que passava por entre as árvores.

- Ainda não terminamos a nossa luta, Riku – falei rapidamente, por impulso. Ele me olhou por cima do ombro esquerdo, seus olhos tão cinzentos quanto uma tempestade, porém deu de ombros, rumando então ao ginásio.

Suspirei, fazendo minha Takohyusei voltar a ser anel, e pulei para o gramado, de certa forma aliviado – e com a bochecha ardendo. A espada do Natsuno também voltou a ser um anel roxo, e me aproximei dos meus amigos, enquanto Kai nos fitava como se fôssemos alienígenas.

- O que está acontecendo? - ele perguntou, coçando a cabeça de forma ansiosa e, em seguida, ajeitando os óculos.

Natsuno, Joe, Jake e eu nos entreolhamos.

- Alguém vai me responder ou não?

- Eu respondo - falei. - Quer dizer, depois eu explico.

- Por que depois? – Ele estava curioso.

- Acho que porque temos que assinar a lista - lembrou Natsuno, num tom sarcástico e divertido.

Caçador Herdeiro (1) - Vento Sufocante | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora