35 - Minha melhor amiga é uma rastreadora!

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Acordei disposto e com o Billy lambendo o meu rosto. Era sexta-feira, o dia do jogo. O segundo do campeonato, finalmente, e tínhamos que vencer de qualquer jeito.

Estranhei quando não vi a minha mãe ou a Karen na cozinha. Comi alguns biscoitos que encontrei no armário, ajeitei a minha mochila e dirigi-me à escola. Lá eu encontrei o mesmo pessoal de sempre: o Natsuno, o Jake, o Riku, o Joe, o Kai e, infelizmente, o Shin.

Depois de vários dias ausentes, ele voltou a aparecer na escola, com o mesmo olhar que me deixava irritado, aparentemente querendo que eu explodisse de raiva. Eu tentava me segurar, eu juro, mas a forma como ele olhava para a Sophia não me agradava.

Shin era um babaca.

- Eu estou muito animado, caras - disse Natsuno, já na sala.

- Quem não está? - brinquei.

- Ele - respondeu Jake, apontando para o Kai, que sentava isolado de outros alunos, apenas mexendo em seu celular.

Senti uma certa tristeza.

Kai estava no time graças a mim. No dia em que os garotos da sala estavam montando o time, eles precisavam de mais um para os treinos coletivos - e o único que não tinha grupo era o Kai. Como ninguém queria aceitá-lo, eu fiz questão de defendê-lo e acabei por convencer o Marcelo a deixá-lo entrar na equipe. Mas começava a me perguntar se fora uma boa ideia.

O garoto solitário até que tinha alguns amigos nerds, mas que ele só via no intervalo. Eu queria que ele entrasse no time para, pelo menos, fazer alguns amigos, pegar alguma amizade com os garotos da nossa sala, só não imaginei que seria tão difícil. Até o chamei para sentar perto do nosso grupo, mas Kai recusou. Não que ele fosse antissocial; acontece que ele era meio tímido e atrapalhado, e desde que entrou no time, nem sequer relou na bola.

Voltei à realidade quando Natsuno me deu um cutuque, apontando para uma coisa que eu não gostei de ver:

- Oi, gatinha - disse Shin com um sorriso sarcástico. O único problema era que ele estava falando com a Sophia, que estava sentada em seu lugar.

A garota ignorou ele, que insistiu:

- Tudo bem com você? - Ele estava muito próximo dela, que fazia o máximo para evitá-lo.

- Dá licença, por favor? – Sophia pediu com uma gentileza ameaçadora; ele não o fez.

- Por que não quer falar comigo? - Seu sorriso sarcástico me enfurecia, e frequentemente ele me olhava, fazendo seus olhos ficarem amarelos por alguns instantes.

Sophia parecia irritada. Não precisava ser gênio para perceber que ela não o queria por perto, por isso eu caminhei para tirá-lo de lá, à força. Jake até me chamou, mas eu ignorei - no entanto, antes que eu pudesse chegar até aquele coreano filho de uma mãe, o professor entrou na sala, mandando todos os alunos irem aos seus respectivos lugares.

Suspirei.

- Parece que ele quer roubar a sua namorada - comentou Natsuno, em um sussurro, enquanto eu voltava à minha carteira.

- Nunca vou deixar - afirmei, olhando para o coreano, que sentava-se em seu lugar, a última carteira da fileira da porta.

Ele sorriu mais uma vez.


As aulas passaram muito rápido, e quando bateu o sinal de saída, o time da minha sala desceu ao ginásio da escola, ao nordeste do bosque, para nos trocar no vestiário e irmos ao campo para a partida.

Caçador Herdeiro (1) - Vento Sufocante | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora