08 - Um novo parceiro e um novo rival

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- Eu também sou membro de um Clã Especial - Natsuno explicou, como se fosse a coisa mais normal do mundo. - Também sou um Caçador de Vampiros.

Eu o olhei com o cenho franzido. Natsuno definitivamente não parecia com um caçador, nem mesmo tinha cara de quem saía matando vampiros por aí. Por um lado, esse era um motivo a mais para que eu seguisse na nova "profissão", já que tinha apenas quinze anos de idade e não tinha a tal experiência mencionada pelo meu pai. Eu tinha uma espada e sabia artes marciais, o que, segundo ele, ainda não era o suficiente. Natsuno seria mais forte do que eu? Não parecia.

O dia mantinha-se ensolarado, com pouquíssimas nuvens no céu, e não havia ninguém por perto a não ser os pássaros nas árvores, cantando. Fazia calor, ainda assim éramos atingidos por uma leve brisa fria que passava vagamente. A única coisa que quebrava o silêncio da tarde era o som dos insetos e animais pequenos na floresta, que pareciam seguir o mesmo ritmo.

- Não vai falar nada? – Natsuno me encarava, seus olhos azuis tão escuros quanto profundos. Ocorreu-me que, quando o vi pela primeira vez, eles haviam ficado amarelos por um momento. (Considerando que os vampiros tinham olhos vermelhos, presumi que essa era a marca dos caçadores).

Eu estava confuso.

- Hã, é, legal – foi a única coisa que saiu da minha boca. Natsuno arqueou uma sobrancelha, me olhando com ironia. Talvez esperasse alguma outra reação minha.

- Cara, por que você não me disse sobre isso antes?

- Bem, nem eu mesmo sabia - admiti. - E como você soube sobre mim?

- Eu já tinha minhas suspeitas desde a primeira vez que te vi. Seu sobrenome é Kido, e você tem mechas castanhas. Isso é realmente esquisito. – Eu tive que me segurar para não falar dos cabelos roxos dele. – Mas também é a característica principal do seu clã. Só um tolo não perceberia, velho, na moral.

Ou alguém que não sabe que caçadores e vampiros existem, pensei em dizer, pois pelo menos era a situação que eu havia passado. E pensando melhor, o Natsuno estava certo: as mechas castanhas, como já mencionei antes, eram meio que uma coisa de família. Todos os meus tios e parentes por parte de pai tinham essa mesma semelhança. Isso pelo menos explicava a conversa do Natsuno com o pai.

- Isso explica aquela conversa que eu tive com o meu pai, naquele dia, no banheiro – ele disse. Eu começava a desconfiar que o Natsuno lia mentes.

- Hum – eu disse, porque as coisas só ficavam mais irônicas.

- E confirmei – ele continuou – quando vi você com o seu pai ontem. Cara, eu não sabia que você era filho do Tony Kido. Você não tem ideia de o quanto ele é importante na cidade de Firen.

Eu não sabia se me sentia importante ou mais confuso. Como não era muito bom em Geografia, sequer havia ouvido sobre essa cidade antes. Decidi dizer:

- Você está certo sobre esse lance. Eu sou um, hã, caçador – falei com certa dificuldade, pois aquilo ainda era difícil de admitir. – Bem, ainda não cacei, mas meu pai disse que eu sou um caçador, então eu sou um.

Natsuno sorriu, contente. Era difícil acreditar que aquele garoto magrelo caçava vampiros. Não sentia medo nem nada? Decidi não perguntar aquilo. Daria a parecer que eu era um mero inexperiente nervoso.

Então algo veio à minha mente.

- Natsuno, quando você disse ao seu pai que havia vampiros atrás de mim, você se referia àqueles valentões, certo? Aqueles que queriam arrumar encrenca para o meu lado.

Caçador Herdeiro (1) - Vento Sufocante | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora