24 - Modo Ataque! A transformação do meu tio Michael

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Interessante mesmo é a floresta. No meio da noite e da escuridão, torna-se um lugar sinistro e perigoso, um típico cenário de filmes de terror ou de ataques de vampiros. Pelo menos, para mim, a floresta deixava aquela sensação, afinal, em três ocasiões tive a oportunidade de ter encontros com vampiros: quando persegui o diretor, quando Natsuno e eu fomos perseguidos, e quando caçamos os zumbis ao lado do Riku. Em contrapartida, interessante é a floresta. Durante o dia, não passa de um lugar cujo silêncio é preenchido pelos sons dos minúsculos animais e insetos, que transformam o ambiente em um bom lugar para relaxar, sobretudo quando se é perto de uma cascata cujas água é tranquila e traiçoeira. E lá estávamos nós, tio Michael, Billy e eu, para mais um dia de treino. O terceiro passo, para ser específico.

- Tio, foi você mesmo quem cortou a grama? – eu perguntei erguendo uma sobrancelha, analisando bem o lugar que outrora estava mal cuidado; Billy começou a correr em volta, alegre.

- Claro! – respondeu ele. – De hoje em diante esse aqui vai ser, oficialmente, o nosso local de treino. – Ele deu uma piscadela com o olho direito, sorrindo satisfeito.

- E qual será o terceiro passo? – minha mente assumiu um tom de curiosidade novamente.

Meu tio bocejou e respondeu, olhando para o riacho:

- Ficar de pé no Rio das Águas Pesadas até o pôr do sol.

Não foi possível não ficar furioso, mas o meu tio logo disse, virando-se para mim, um olhar provocador:

- É brincadeira! – E riu.

Eu não sabia se ficava aliviado ou irritado.

- Diogo, pegue Billy no colo. – Michael ficou sério de repente. O cachorrinho parou de correr pelo gramado e, sem que eu chamasse, aproximou-se de mim, e me abaixei para pegá-lo.

- Pra quê? – perguntei, enquanto o ajeitava em meus braços.

- Coloque-o em suas costas. – Michael me olhava realmente sério.

Confuso, fiz o pedido, colocando o cãozinho com uma pata em cada ombro por trás de mim, mesmo assim as segurando firmemente; o cãozinho parecia se divertir com aquilo.

- Modo Ataque! – gritou meu tio.

De repente, senti que Billy estava ficando mais pesado e estava crescendo. Ele assumiu uma forma muito maior e mais forte, até ficar igual à primeira vez que o vi: com sua cara feia, mostrando seus dentes caninos perigosos e seus escarlates olhos malignos. Seu peso me derrubou na hora!

- Epa! – gritei, ficando de bruços no chão, com uma tonelada de animal vermelho em minhas costas.

Billy assumira sua forma de ataque, e estava em cima de mim, esmagando as minhas costas. Meu tio caminhou até mim e gritou:

- Levanta!

- Não consigo – foi o que consegui falar, minha voz sufocada pelo peso do animal. Por mais que eu me esforçasse, eu mal conseguia me mover. Aquele cachorro era muito pesado, portanto parecia impossível até mesmo se mover alguns centímetros. Até mesmo o ar parecia me abandonar.

Tio Michael sentou-se na mesma pedra de antes, a poucos metros à minha frente, e tirou um jornal para ler, enquanto eu sofria com Billy em cima de mim, me esforçando ao máximo para levantá-lo.

- Tio, tenho até que horas para concluir meu treino? – perguntei com esforço, já sentindo o suor na minha testa e nas minhas costas; cada vez mais eu tinha dificuldades para respirar.

Caçador Herdeiro (1) - Vento Sufocante | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora