28 - Missão Martins! A infiltração complicada

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Apesar de estarmos no território dos vampiros, a minha vontade era de invadir e combater todos os inimigos que estariam ali; muito embora um enorme pavor tomasse conta de mim. Claro que seria loucura, mas a minha vida era uma loucura.

Riku já voltava sua expressão para o normal – normal dele, é claro. Perguntei:

- O que a gente faz?

- Vamos voltar ao Mundo Humano – respondeu ele suavemente.

O portal mantinha-se flutuando ao nosso lado, um roxo profundo e vivo, um típico buraco negro que transportava um corpo automaticamente para outra dimensão. Eu me perguntei quantos mais haveriam pelo mundo, e quais os diferentes lugares que havia naquela terra estranha, que todos chamavam de Mundo Paralelo. Firen, provavelmente, fazia parte dessa dimensão. Então quer dizer que o meu pai vive se locomovendo entre um mundo e outro?, eu me perguntei.

Riku deu uma rápida olhada em volta e mergulhou no portal, sem nem mais nem menos. Eu apenas o segui, afinal, não queria ficar sozinho naquele ambiente sinistro e demoníaco. O mesmo processo confuso de parecer uma borracha derretida ambulante se repetiu, e quando eu menos me dei conta, já estava na câmara da caverna novamente, que mesmo aquecida através das tochas de fogo, parecia muito mais fresca do que o Reino dos Vampiros.

- Isso foi... hilário – eu disse, observando um Riku ainda abalado. Seus olhos deixavam transparecer um leve tom de susto e surpresa. Ele provavelmente não esperava entrar dessa forma no território sinistro – território esse que não sairia da minha mente tão cedo; a floresta obscura de galhos bizarros, o enorme lago avermelhado, o céu roxo cheio de relâmpagos e criaturas voadoras e, por fim, o castelo macabro no pico mais alto do tal reino.

Com a mesma expressão de quem havia acabado de ver um porco voando, Riku caminhou até a rocha e apertou o botão de pedra, fazendo com que o portal fosse tampado pela parede rochosa. Depois, ele caminhou para fora da câmara. Não falava nada, apenas caminhava. Eu o segui, ainda surpreso, com o cenário ainda diante dos meus olhos.

As plataformas que pisamos minutos atrás estavam como as encontramos, então já sabíamos o que fazer. Pisamos nas duas ao mesmo tempo, fazendo com que a parede descesse em um barulho estrondoso e ocultasse a câmara por completo. Riku puxou sua lanterna novamente e iluminou a caverna fria e de ar pesado.

- Ligue para o seu pai e informe sobre isso – disse ele, sério e pensativo.

Nós saímos da caverna e o brilho do sol iluminou o meu rosto, alguns raios escapando de algumas nuvens pesadas. Chegava a ser aliviante o contraste que havia entre a floresta e o Reino dos Vampiros. Finalmente o meu coração voltava a bater normalmente, e por algum motivo eu tive a sensação de que não demoraria para entrar naquele ambiente novamente.

Em silêncio, voltamos para a entrada da floresta, onde pulamos o portão e aterrissamos na calçada, e eu perguntei:

- O que faremos depois?

- Nada – Riku foi direto. – Vocês dois precisam deixar de ser aprendizes, primeiro, ou então serão apenas pesos mortos no meu caminho. – Imaginei que ele referia-se a mim e ao Natsuno. – E além do mais, o Reino dos Vampiros não é uma aldeia que podemos invadir e sair matando. Tribos grandes não dão conta da quantidade de vampiros que há naquele lugar. Ou você é idiota para querer se suicidar? Avise ao seu pai sobre o portal, apenas isso.

- Certo – eu disse, pensando naquelas palavras. Quanto mais conhecia sobre o mundo – ou mundos – em que vivia, mais assustado eu ficava, e só de pensar que havia um portal que levava ao inferno perto da minha casa, eu já sentia calafrios e enjoo. De uma forma ou de outra, o Riku estava certo: eu precisava logo deixar de ser aprendiz, ou então... Ou então o quê?, eu me perguntei. Qual seria a diferença entre ser um aprendiz e um não-aprendiz? Eu decidi apenas aceitar. Já tinha problemas demais por ora. Precisava descansar a mente.

Caçador Herdeiro (1) - Vento Sufocante | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora