19 - Caçadores da noite

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Eu avisei ao meu tio que ia caçar vampiros – ele estava na sala, assistindo – e ele assegurou que inventaria alguma desculpa à minha mãe, caso ela perguntasse sobre mim; ele sabia que eu poderia chegar tarde.

Dirigi-me até Riku e Natsuno, que estavam no gramado me esperando – Natsuno ansioso e Riku sereno, como sempre –, e o Kogori reclamou:

- Pô, Dio, por que você demorou tanto?

- Você acha que posso sair assim, durante a noite, do nada?

Riku se virou e disparou em direção à floresta, sem nos esperar, em velocidade. Natsuno e eu trocamos um último olhar e o seguimos. O sol ainda estava se pondo, o que não impedia que as árvores já parecessem assustadoras, projetando sombras distorcidas por toda parte. Eu me lembrei de quando fui atrás do diretor da minha escola. Ele seguira o mesmo caminho que o Riku estava seguindo agora, e eu tentava imaginar qual seria o seu destino.

- Para onde estamos indo? – perguntei ao Medeiros, que estava à nossa frente; desviávamos das árvores e dos galhos com certa dificuldade, mas ainda assim éramos rápidos.

- Descobri uma pequena base de vampiros – ele disse sem olhar para trás. – Os que iremos enfrentar são os chamados "vampiros-zumbis", que foram ressuscitados de cemitérios por outros vampiros, e que agora estão aterrorizando alguns bairros aqui por perto.

Assim que Riku falou isso eu me lembrei do noticiário no qual falava que foram encontradas, no Cemitério Oeste de Honorário, mais de vinte tumbas abertas. Os cadáveres haviam desaparecido, e o porteiro fora encontrado morto, com mordidas no pescoço. Na época eu estranhei, pois ainda não tinha conhecimento das criaturas, mas com a explicação do Riku agora tudo fazia sentido.

- Quer dizer que os vampiros têm o poder de ressuscitar os mortos? – Era impossível não ficar impressionado.

- Acho que ressuscitar não seria a palavra certa – respondeu Natsuno, rindo. – Fazem apenas alguns cadáveres andar por aí, em busca de refeição. Os zumbis só servem para causar pânico em pessoas. E funciona. – Novamente ele riu, e percebendo que ninguém havia achado graça, decidiu cessar a risada.

Já havíamos percorrido vários metros, e cada vez mais nos distanciávamos da zona urbana. Admito: eu estava com medo. Mas quem não estaria? Vampiros, zumbis... Ainda mais em uma floresta tão escura e assustadora como aquela. Eu, literalmente, estava em algo pior do que um filme de terror.

Encarei o meu anel dourado; um presente do meu pai.

A princípio eu não sabia muito bem como usá-lo, mas rápida e improvisadamente, acabei descobrindo. Por mais estranho que seja, meu anel se tornava uma espada. E aquela espada parecia que fora feita especialmente para mim, pois não era nem muito leve tampouco muito pesada. E assim que me lembrei do dia do bosque da escola – quando quase travei uma luta com o Riku –, decidi perguntar:

- Por que a minha espada, quando estava perto da espada de vocês, cresceu alguns centímetros?

Ninguém respondeu.

Corremos mais alguns metros, desviando de enormes troncos de árvores, quando Riku decidiu abrir a boca:

- Talvez porque você estava perto de outros dois Heróis Herdeiros.

Ih, lá vem essas conversas do passado de novo, pensei. Era uma coisa que me confundia bastante. Eu lembrava um pouco da explicação do Natsuno, explicação esta que serviu apenas para me confundir.

Caçador Herdeiro (1) - Vento Sufocante | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora