22 - Ganho um presente do meu pai!

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Acordei exausto e com o corpo todo dolorido.

Eu me levantei, vesti meu uniforme e fui tomar o café da manhã. Minha mãe e Karen estavam acordadas, já sentadas à mesa.

- Bom dia – falei às duas, ainda com sono.

- Bom dia – responderam, sorridentes.

Depois fui para a escola, onde me encontrei com Natsuno, Riku, Jake e Joe no campus. Entramos e nos dirigimos à nossa sala, no meio da multidão de alunos uniformizados. Sentei na minha cadeira e fiquei esperando por Sophia. Nada de ela chegar. O professor entrou e fechou a porta, e eu fiquei decepcionado.

- Parece que ela não vem – comentou Natsuno, virando-se para mim.

Assenti, cabisbaixo.

Justamente hoje?


Cheguei em casa e fui direto para a cozinha, ansioso.

- Onde está o meu tio? – perguntei à minha mãe.

- Continua procurando uma casa, mas agora lá pela Vila Eliana. – Que era um dos bairros vizinhos, sentido oeste de onde morávamos. Minha mãe lavava a louça, conversando com Karen, que a secava. Pareciam ter feito uma amizade muito rápido, o que me agradou bastante.

- O almoço já está pronto – avisou minha nova tia.

Agradeci pelo aviso.

Eu me troquei no meu quarto e desci para almoçar.

Depois decidi ir ao parque.


Estava completamente deserto.

Sem garotos jogando bola, sem crianças nos diferentes brinquedos e nem sinal da Zoe. Mesmo assim, sentei-me no banco de sempre. Tentei não pensar em Sophia, o que parecia impossível. Filmes passaram pela minha cabeça sem eu controlar. A primeira vez que a vi, quando ela meio que me norteou, no dia em que eu estava perdido no corredor da escola; quando a salvei daqueles valentões e quando decidi convidá-la para ir ao cinema comigo. O mais marcante, no entanto, foi o meu pedido de namoro. Eu não sabia bem de onde tirara aquela coragem, e comecei a me perguntar se tinha feito certo, se não a assustara. Talvez por isso ela me evitou tanto após o pedido.

De repente, Zoe apareceu nos meus pensamentos, e a primeira lembrança que veio foi a conversa na qual ela admitiu estar gostando de mim. A Zoe tinha um olhar tão encantador que fazia o meu coração bater mais forte, e foi aí que percebi que o que eu sentia por ela estava aumentando, e isso me deixava com medo.

Eu estaria mesmo gostando das duas?

Decidi ir embora.

Mas antes de seguir meu caminho, decidi ir até o rio onde treinara ontem, que ficava na floresta, não muito longe da minha casa. Provavelmente eu não treinaria hoje, pois Michael ainda procurava uma casa para comprar. Ele conseguira juntar bastante dinheiro dando aulas de Karatê em uma academia próxima à casa que morávamos em Belém. Eu só não imaginei que seria tanto.

Entrei na floresta passando por um pequeno intervalo entre duas casas e pulando a cerca de arame que separava a calçada das árvores.

Andei lentamente pelo gramado baixo, que ia aumentando ao longo do caminho, e finalmente adentrei entre as árvores e os arbustos, já ouvindo o som dos pequenos animais – grilos, ciganas, pássaros – zumbindo ao meu ouvido. Pensei em qual seria meu próximo passo. Tio Michael, no primeiro, apenas pediu para eu entrar no Rio das Águas Pesadas. Na hora eu tinha certeza que seria uma coisa insignificante, mas depois me surpreendi com a força e o peso da água. Eu não conseguia de jeito nenhum ficar de pé, até que caí de mal jeito na água e me afoguei.

Caçador Herdeiro (1) - Vento Sufocante | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora