44 - A casa mal assombrada

820 56 6
                                    

- Joe, então quer dizer que o Rodrigo é o seu pai?

- Sim - respondeu ele, sua voz falhando, e então voltou olhos inteiramente curiosos na minha direção. - De onde você o conhece?

Foi Riku quem respondeu:

- Rodrigo é o cientista que descobriu uma cura para a contaminação do vírus de vampiro. Ouvi muito sobre ele. E sobre o seu paradeiro também.

- Paradeiro? – Jake perguntou, e automaticamente olhamos para o grandalhão, que parecia estar segurando as lágrimas.

- O meu pai desapareceu já faz alguns anos – ele reforçou, deixando escorrer uma delas pelo seu rosto. - Eu o procurei em todos os lugares, mas não o achei, nem mesmo a polícia o encontrou.

Parecia que Joe sentia-se culpado, e muito abalado também. Nem parecia o mesmo Joe bobo de sempre.

Ele deu um soco no chão, fazendo o gramado afundar um pouco.

- Eu não estava com ele quando ele precisou... - foram as suas últimas palavras antes de seguirmos adiante.


Caminhamos por horas pela floresta, todos em extremo silêncio. Joe ainda estava triste, pois não falava mais nada, apenas segurava as lágrimas. Aquilo me deixava mal, ver meu amigo daquele jeito. Eu nem imaginava que o pai dele era o tal cientista. Meu pai tinha que saber.

- Vamos acampar aqui - falei, assim que anoiteceu; a floresta à nossa volta parecia calma, um silêncio preenchido apenas pelo zumbido de alguns insetos pequenos. Peguei a barraca da minha mochila e a armamos no chão da clareira. Fizemos uma fogueira e ficamos conversando um pouco em volta dela. Riku era o único que não falava nada, e Joe já voltava ao normal.

Natsuno e eu contamos como foi nossa missão no colégio Martins, que teve a ajuda inesperada do treinador Rubens. Depois conversamos sobre o campeonato da escola e, por fim, explicamos para Joe e Jake como era ser um Caçador de Vampiros.

Aquela noite foi ótima.


Acordei cedo.

Saí da barraca e me espreguicei. Pensei que todos ainda estavam dormindo, percebendo que estava errado assim que olhei para cima: Riku estava no galho de uma árvore muito alta, sentado com os olhos fechados.

Ele estava meditando?

- E aí, Riku - o chamei. Calmamente, ele abriu os seus olhos e olhou na minha direção, um cinza forte que ainda me surpreendia. – Vamos treinar um pouco?

E como se fosse a coisa mais fácil do mundo, ele saltou do galho para o gramado e meio que planou enquanto caía, dando a sensação de que estava de paraquedas.

Aterrissou a alguns metros à minha frente, na ponta dos pés.

Nossos olhos se cruzaram muito de perto, e o cinza das suas íris alternou para um amarelo vivo por um único segundo, permanecendo apenas a pupila preta, que diminuiu nesse meio tempo.

- Você é fraco, ainda.

Suas palavras soaram como uma provocação, provocação esta que fez com que as minhas bochechas queimassem de raiva. O filho da mãe gostava de me ver bravo.

- Por que você está dizendo isso?

- É evidente. Você não pode com os seus inimigos, nem consegue controlar o seu poder. Acha que poderia me desafiar?

Caçador Herdeiro (1) - Vento Sufocante | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora