Sete: Não brigue com seus pais

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A semana passou voando e chegou mais um fim de semana.

O fim de semana mais chato do mês. O primeiro fim de semana. O que significa: visitar meus pais.

Acho que você pensou que como eu moro com minha avó, meus pais ou são divorciados ou estão mortos. Engano de vocês. Eles estão muito bem casados e mais vivos do que nunca.

Foi o que constatei assim que cheguei ao apartamento deles e meu pai estava na esteira.

_Filha! Que saudade! - ele desligou o aparelho e veio em minha direção.

_É, eu também estava - mentira.

_Sua mãe foi trocar o lençol da sua cama. Sabe como é, ela só lembra dessas coisas quando é necessário fazê-las.

Aham. Com certeza. Ou foi porque ela esqueceu que tem uma filha?!

_Oi, mãe - disse entrando no "meu" quarto.

_Querida! Você está ainda mais linda do que da última vez que esteve aqui.

Sim. Há dois meses atrás. Visto que no mês passado vocês viajaram e, além de não me convidarem, não passaram na minha casa para me dar tchau.

_Obrigada - coloquei a mochila em cima da cama. Esse é o quarto mais nojento que eu já vi na minha vida. Não nojento de sujeira. Nojento porque é totalmente cor de rosa.

Acho que eles ainda acham que eu tenho 7 anos...

_E como vai a escola? Namorado? - ela perguntou se sentando perto de mim.

Bufei.

_Não precisa forçar assunto, mas...eu mudei de escola e não namoro mais.

_Por quê? Pensei que gostava dele - ela fez cara de preocupada, ignorando a parte da forçação de barra. É o que ela faz de melhor. Ignorar as coisas. Ignorar as pessoas...

Ok, Júlia. Para de ser depressiva...

Limpei minhas mãos na saia preta. Elas começaram a suar. Talvez por nervosismo e raiva...

_Eu também pensei. Mas ele acabou me decepcionando e não quero falar nesse assunto...

_Ok - ela afagou minha mão.

Uns segundos de silêncio se instalaram e alguém bateu na porta.

_Minhas flores, o jantar está pronto.

Tinha refrigerante e picanha com alguma coisa.

Estávamos comendo. Sem trocar muitas palavras.

Até que minha mãe fez sinal com a cabeça pro meu pai e eu soube o que viria depois.

_Filha, nós precisamos conversar algo muito importante com você - ele começou.

Desviei o olhar dos dois e concentrei em cortar minha carne.

_Vamos nos mudar pro Estados Unidos.

Larguei meu garfo e faca sobre o prato, fez um barulho irritante. Mas qualquer barulho, por mais irritante que seja, era melhor que ouvir aquilo.

_Nós já contamos pra sua avó e ela sugeriu esse fim de semana pra contarmos pra você... - minha mãe falou.

_Ela sugeriu isso? - falei devagar.

Meu pai fez que sim com a cabeça, um pouco receoso.

_Eu tenho certeza que ela tinha certeza que se não houvesse uma sugestão, provavelmente, só me ligariam pra contar e, provavelmente, eu desligaria na cara de vocês, como eu estou com vontade de fazer agora, o problema é que nao estamos no telefone...

_Júlia, não fale assim. Tenha respeito. Somos seus pais - Clarice estava vermelha.

_São meus pais não sei aonde, visto que a minha guarda está no nome da vovó - empurrei o prato de comida. Toda a fome havia ido embora.

_Como sabe disso?

_Não importa como eu sei disso. O que importa, é que eu sei! E eu devia odiar vocês. Mas não! Eu vim pra cá, depois de dois meses sem ouvir a voz de vocês, pra me disserem isso? Que vão se mudar? Pra tão longe?

Os dois estavam em silêncio. Sem coragem nenhuma pra me encarar.

_Eu não sei como ainda consigo amar vocês...

_Não diga isso, filha. Nós amamos você. E nossa proposta é levar você conosco.

Soltei uma gargalhada. Daquelas bem altas. E uma tristeza tomou conta de mim.

_Vocês são bem burros se acham que eu vou com vocês...

_Por que não? Lá é um paraíso! - Leonardo disse entusiasmado.

_Eu não vou. Não e não. Inclusive, queria deixar bem claro, pra não me procurarem até assumirem que têm uma filha.

O silêncio. Novamente. E foi nesse silêncio, que eu comecei a chorar. Descontroladamente.

_Minha filha... - Clarice levantou da cadeira.

_Não me chama de filha. Minha mãe é a Esmeralda. Chega vocês dois... - meu choro só aumentava e eu ja estava me sentindo fraca - Chega, por favor...

Corri pro meu quarto e liguei pra minha vó/mãe.

_Querida, você está chorando?

_Vovó, eu quero ir embora agora. Vem me buscar...por favor.

~~~

Tenso. Bem tenso. My God!

Conheçam os pais da Júlia, se acharam isso uma treta, esperem bem mais pra frente, aí sim veram um treta. Sério. A próxima surgiu do além e se transformou em palavras. Só posso adiantar isso. Hehe

Espero que gostem. Votem. Por favooor

Um beijo da Maria <3

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