Vinte: Pratique o perdão

334 60 30
                                    


Quando cheguei em casa, minha vó estava em prantos e meu irmão ainda discutia com os meus pais.

- O que está acontecendo aqui?

Adentrei a sala ao lado de João Felipe.

- Você tem certeza que quer que eu fique? - ele sussurou.

Confirmei com a cabeça e olhei para Clarisse e Leonardo.

- O que vocês pensam que estão fazendo?

- Minha filha, nós viemos te buscar - Clarisse veio até mim.

Dei um passo para trás e quase caí se não fosse o João ter me segurado.

- Eu não vou a lugar algum.

- Leonardo, - mamãe cruzou os braços e fechou a cara -, explique para ela.

- Nós conseguimos uma autorização do juiz para te levar embora do país por, pelo menos, um ano.

Olhei assustada para o meu irmão que estava com o punho cerrado.

- Sabe o que vocês são? - ele disse com uma calmaria que estava longe de sentir - Covardes. Inúteis. Vocês não vão sair daqui com ela até que eu veja essa autorização.

- Eu não vou mostrar autorização nenhuma pra vocês - o rosto de Clarisse estava vermelho.

- Alô? Pai? - ouvi a voz de João atrás de mim - O Senhor está por perto? Sim? Ótimo. Traga a mamãe também se puder. É uma urgência. Obrigada.

João guardou o celular no bolso e colocou a mão nas minhas costas.
- Confie em mim.

Relaxei meu corpo e segurei a mão dele.

Sua carinha de surpresa foi tão fofa que eu teria o apertado se não estivesse em uma situação tão confusa.

- O que seu papai e sua mamãe vão fazer? - Clarisse andou até nós - Eu sou mãe dela!

- Você não é mãe coisa nenhuma - minha avó gritou.

Puxei João Felipe para perto dela e a abracei.

- Eu te amo tanto - beijei o topo de sua cabeça - Eu não sei o que está acontecendo, mas vai dar tudo certo.

- Pare de ser otimista - Clarisse riu.

- Chega! - levantei em um impulso gritando - Eu não quero ouvir sua voz, sua bruxa! Eu odeio você. Não é a minha mãe. É só um fantoche. Aposto que quer me levar para esse tal lugar pra mostrar bonito para suas amiguinhas. Bem falsa você, já que o dinheiro todo é da minha vó. E eu não sabia que tinha pais tão maus, tão... Tão ruins. Eu não sei o que deu em vocês pra virem aqui e arrumarem esse circo todo, mas daqui eu não saio e daqui ninguém vai me tirar.

João Felipe me segurou assim que eu desmaiei.

Meu irmão e ele me carregaram pro meu quarto e logo o pai do João chegou.

Para ser mais clara, o pai do João é policial, então veio ele e mais uma dúzia de carros. Além da sua mãe que é advogada.

Eu não sei que proporção tomou tudo isso, mas quando acordei estava de pijama, no meu quarto, e João estava ao meu lado. Sentado no meu pufe felpudo e preto.

Sua cabeça estava baixa e ele digitava alguma coisa no celular.

Olhei pro relógio na minha cabeceira: 09:30.

- Bom dia, bela adormecida - sua voz me fez olhar pra sua direção novamente.

Ele levantou, sentou na beirada da minha cama e tirou meu cabelo do meu rosto.

- Tá tudo bem? - perguntei.

- Acho que eu devo fazer essa pergunta.

Dei um pequeno sorriso e me sentei na cama.

- Não passou a noite aqui, né?

- Não. Fui em casa, mas não consegui pregar os olhos a noite toda.

- Oh, me desculpe. Que confusão arrumei pra você.

- Imagina, Jujuba. Meus pais ficaram felizes em saber que eu estou tocando a minha vida de novo. Não foi nenhum sacrifício.

Alguém bateu na porta e o João foi atender.

Minha vó entrou no quarto forçando um sorriso.

- Acho melhor eu esperar lá em baixo - João Felipe beijou minha testa e sorriu ao sair.

Abracei minha vó como se fosse o último dia de vida dela. Eu a amo tanto.

- Eu também amo você, minha querida - ela fez uma pausa - Preciso te contar uma coisa.

Arredei na cama para que ela se sentasse ao meu lado.

- Sua mãe teve sérios problemas quando seu avô morreu. Ela mudou completamente seu jeito e, assim que teve oportunidade, te deixou comigo. Seu pai estava tão desorientado que apenas seguiu os passos dela. Ela se manteve equilibrada durante um tempo e agora me parece que teve outro pequeno distúrbio.

Se aquilo era pequeno, o Aurélio tinha que mudar o conceito da palavra.

- O fato é que a autorização que estava com ela é falsa e os médicos a internaram. Seu pai até iria pra cadeia se eu não tivesse pago uma fiança.

- Perdoou eles?

- Querida, não ganhamos nada guardando rancor no nosso coração. Deus nos ensina a perdoar e amar, lembra? Portanto, não deixe que sua luz apague porque deixou de fazer um ato tão precioso como esse. É a sua vez de perdoá-los.

Suspirei cansada.

- Eu os perdoou, vovó.

~~~

Oi, galera! Tudo bem?

Capítulo novo pra vocês. Espero que gostem. Lembrem de comentar o que acharam e votar.

Um beijo da Maria ❤

Faça uma Lista para Esquecer um Amor [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora