Vinte e oito: Não pire com os fatos

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- O meu pai traiu a minha mãe!

Isso foi um grito.

Isso foi um grito bem alto.

Até o nordeste deve ter escutado.

- Júlia, calma. Sério. Não grita. Eu tô... ficando surda - Lívia pediu com os olhos arregalados.

Bruna estava sentada na minha cama com um urso no colo. Ela o apertava a cada grito que eu dava.

- Não dá. Não dá pra não gritar diante de um fato desses.

- Quer uma água? Acho melhor você tomar uma água com açúcar. Tá muito nervosa.

- Também acho - Lívia concordou.

- Vou buscar - Bruna saiu do quarto.

Me sentei na cama, cansada. A voz da minha mãe contando aquela maldita história ainda resoava na minha cabeça.

- Ele traiu ela há exatamente seis anos e só agora eu sei.

- Jú, você era pequena. Imagina como seria se uma criança ficasse sabendo disso? No mínimo, seria traumatizante. Talvez você nem entenderia o que significava.

Suspirei. Ela tinha razão, mas ainda doía em mim.

- Se está doendo em mim, imagina nela? - falei baixinho - Ela sofreu todo esse tempo e eu estava praticamente odiando ela.

- Foram as circunstâncias. Você disse pra ela. Agora diga pra você. Não é, nem um pouco, culpa sua - ela se levantou do chão para sentar ao meu lado.

- Eu não quero ver meu pai. Tenho nojo dele.

- Júlia, não fala assim. Como você mesma disse, foi há seis anos atrás. A sua mãe ficou com ele esse tempo todo porque queria. Com certeza ele deve ter parado de ser um canalha.

Fazia sentido. Ela podia ter se separado dele. Ao invés disso, ficou trabalhando e viajando ao lado dele e me excluindo da vida dela.

- Esse tempo todo ela estava agindo sobre pressão de remédios - comentei.

- Pelo que entendemos, foi sim - Bruna falou, nem tinha reparado que ela voltara da cozinha - Toma. Beba tudinho.

Peguei o copo da mão dela e encarei a água com açúcar.

Eu estava perdida.

- Argh. Muito doce.

- Taquei açúcar aqui pra vê se você volta ao normal rápido.

Lívia soltou uma risadinha e eu quase ri. Quase.

- O que eu faço da minha vida agora?

- O mesmo de sempre. Escola, comida, amigos. O mundo não mudou. Só sua cabeça. E pra garantir que você vai se comportar como uma pessoa normal, eu vou dormir aqui por uns dias - Bruna respondeu.

Meus olhos brilharam.

- Sério?

- Sério.

- Eu só não posso porque é semana de provas na escola - Lívia sorriu - Mas vou vir sempre te visitar.

- Obrigada.

Nos abraçamos em trio.

- Agora, acho melhor você se trocar, Jú. Sua avó está chegando e não vai gostar nada de te ver com a mesma roupa de ontem.

Suspirei pela centésima vez no dia, peguei uma muda de roupa que ela estava me estendendo e caminhei para o banheiro.  Queria que água tivesse o poder de apagar minha mente.

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Olá, galerinha do cowboy. Não me lembro ao certo qual dia postei o último capítulo, mas estou liberando um "novinho" em folha para vocês. Eu dei uma afastada do Wattpad por motivos pessoais e quase penso em desistir de todas as histórias que tenho aqui (até agora são três) e é por isso que peço o apoio total de vocês. Deem uma chance para os outros livros também. Tem capítulo novo em todos os dois, esperando para serem amados, votados e comentados por essa galera bonita aqui.

Mas e aí? Gostaram do capítulo? Que barra hein. Comentemmmmm.

Obrigada por ainda estarem aqui e beijoooooo.

Câmbio, desligo. 

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