DIA 20 - DESAPARECIMENTO
[ HARRY ]
- Bom dia bebê - espreguiço-me na cama improvisada, contorcendo-me para o lado onde Ruby estava. Estico o braço, esperando visualizar os olhos brilhantes da morena. Porém, a única coisa que recebo é o chão frio e desconfortável da gruta.
Abro um olho para confirmar que não me encontrava a sonhar, esperando um alívio por ela estar ali. Mas senti o contrário. Não estava lá ninguém. A cama, outrora, ocupada, estava agora vazia, oca, sem ninguém para a usar.
Levanto-me num ápice, com os meus olhos arregalados e o batimento acelerado. Estava à espera de tudo menos isto. Tentei acalmar-me dizendo que ela poderia estar lá fora à minha espera ou até mesmo perto das árvores para ir buscar comida.
Acenei com a cabeça para mim mesmo, deslocando-me para fora da gruta. De novo, fui recebido pela desilusão mais uma vez. Não estava lá ninguém. Nem sinal de criaturas, vento, mosquitos e, o mais importante, a rapariga que amo.
Fui atacado por vários cenários negativos do que podia ter-lhe acontecido. O que não ajudou foi o medo que me apoderava vivo. Mal conseguia respirar pelas imagens de ela ter sido raptada ou até mesmo roçada por algum daqueles pedófilos. Ia quase caindo quando a imaginei morta.
Nunca tinha sentido tal sensação a minha vida toda. Fui sempre um imbecil sem sentimentos, uma pessoa que não sentia nada para além dos seus próprios interesses. Porém, de certa forma, com Ruby era diferente. Éramos dois imbecis.
Decidi de imediato que tinha de a encontrar, mesmo sabendo que estaria a colocar a minha vida em risco e a grande possibilidade de ser apanhado por algum dos drogados. Mas, sinceramente, isso pouco me importava. Pensar que Ruby estaria em perigo, é uma ideia pior que a morte.
Comecei a andar por becos sem saídas, algumas não muito desejadas e outras rodeadas das mais raras flores. Tentei ao máximo seguir por esses caminhos, não só com medo do que podia acontecer como também pelo aspeto que transmitia.
Estava numa parte da ilha que me era desconhecida e a cada passo que dava, começava a sentir-me cada vez mais perdido, sem rumo. Parecia um plano sem fim, um plano sem solução alguma. E o pior seria o caminho de volta à gruta. Não deixara nem marcas nas árvores nem um rasto com pedras. O que seria de mim se eu não encontrasse a rapariga que amava? E se neste momento não restassem mais que ossos a servir de alimento às criaturas da ilha? Ou mesmo se ela tivesse sido raptada e violada por um dos malévolos drogados. Conseguiria eu viver sem ela? Depois de todas as lições que me ensinou? Mostrou-me como saber amar alguém. Mostrou-me como aprender a perdoar as pessoas que amamos. E essencialmente mostrou-me que devo acreditar em mim próprio e que mesmo com os meus defeitos que eu posso amar e ser amado.
Começava a acreditar nos meus pensamentos negativos, especialmente aquele que me colocava um nó na garganta. Ela estava morta. Quem a matou? As únicas pessoas daquela ilha, provavelmente. Estava tão apoderado do meu medo e fúria que culpei-os imediatamente pelo seu desaparecimento.
Lágrimas ameaçavam escorrer nas minhas bochechas mas eu recusava-me a parecer fraco, mesmo que não estivesse lá ninguém para me ver. Comecei a sentir-me sozinho, solitário, sem ninguém. O anterior Harry, antes de a conhecer. Não gostava do que me estava a tornar.
Olhei para o céu, respirando fundo e começando a aceitar a ideia de desistir. Porém, algo me despertou.
Ela não desistiu de ti e tu só nuns segundos estas nesses preparos, afirmou a minha consciência.
Mordi o lábio inferior, tentando organizar a confusão dos meus pensamentos, tendo uma batalha interna comigo mesmo. o que devo fazer? A única resposta possível era: ou voltar para a gruta e esperar por ela, ou continuar a minha procura até que a encontre.
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Island || h.s
FanfictionUma nova aventura está prestes a começar para estes dois adolescentes. Ruby finalmente toma a decisão de se mudar para Londres, na busca de encontrar a sua vocação. Este motivo deve-se ao facto de os seus pais não terem dinheiro suficiente para pode...