Dia 7

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DIA 7- ABRIGO

[ HARRY ]

Sorri pela sua expressão arregalada só por causa da minha aproximidade, enquanto pousava os meus olhos nos seus lábios que estavam ligeiramente abertos. Ela não se afastou ou me empurrou para trás, ficou simplesmente a olhar para mim diretamente como se tivéssemos todo o tempo do mundo. Pouso a minha mão no seu braço, dando-lhe várias festinhas antes de aproximar a minha cara do seu ouvido, deixando-a tensa.

- Não te babes - sussurro. Afasto-me logo a seguir vendo-a rolar os olhos antes de virar costas e dirigir-se para a gruta.

Assim que entramos, a rapariga deixa sair um protesto por a gruta estar tão escura, agarrando-se às paredes e olhando para o chão para ver onde metia os pés. Faço a mesma coisa antes de a ouvir gritar, quando se ia quase desequilibrando, onde tinha um grande e fundo buraco. Este era escuro e assustador, sem qualquer luz lá em baixo e os mistérios que lá escondiam.

Franzo a sobrancelha e agarro firmemente o seu braço a tempo e puxando-a para trás. Ela vira-se para mim e esconde a sua cara no meu pescoço, assustada e nada à espera de cair. Rodeio a sua cintura com as minhas mãos e puxo-a para o meu peito que ela logo o abraçou e escondeu o seu semblante, aterrorizada e corada. A sua respiração descontrolada enquanto passava as minhas mãos pelos seus cabelos tentando acalmá-la.

- Ruby, já passou, estás a salvo - murmuro. Houve um momento de silêncio entre ela respirar fundo ainda com a sua face na minha camisola rasgada e eu dar uma olhadela para o buraco. Ela afasta-se olhando seriamente para mim, sem qualquer vergonha da sua reação.

- Obrigada - ela agradece, antes de continuar a andar e contornar o buraco.

O caminho ficava menos visível à medida que nos aproximávamos e vindo do nada, Ruby larga um berro e assustado, olho para ela. A rapariga morena estava rodeada por um grupo de morcegos que a arranhavam como se tivessem a ser atacados e a protegerem-se a si próprios ou a destruir o inimigo. De imediato protegi-a correndo com ela para fora onde tudo estava mais calmo.

Ela cai no chão respirando aceleradamente e colocando a mão no seu coração com alguma dificuldade a respirar. Aproximo-me dela, agarrando nos seus braços e gritando o seu nome, perguntando o que se passava.

- Não me estou a sentir muito bem - informou, perdendo o equilíbrio.

Agarro na cintura da rapariga indefesa e contorno-a de forma que arranjasse a posição ideal de a levar ao colo. Neste momento a Ruby não tem forças suficientes para se conseguir mover. Se a levasse  estilo de noiva, cansar-me-ia muito depressa por isso a única opção acessível e segura seria como transportar uma criança de cavalitas, como se isso para eles fosse um sacrifício e não uma brincadeira.

Faço contacto visual com ela na tentativa de a assegurar que tudo iria ficar bem e que passaríamos a nossa primeira noite resguardados do que estivesse para vir, contudo teríamos que nos despachar. Eu podia estar muito bem a armar uma discussão com ela pelo simples facto de não estar a ajudar, mas depois do que se passou, merece algum descanso.

- Agarra-te a mim. Vou procurar um sítio para nós - deposito-lhe um beijo leve na bochecha e estremeço com o contacto da sua pele na minha.

Tão suave que só dá vontade de ficar ali o resto do tempo a tomar conta dela e não a preocupar-me com a nossa sobrevivência. Mas que estou eu para aqui a dizer? Desde quando fiquei tão dependente dela? Ela consegue-me trocar as voltas apenas com este pormenor? Há muitas raparigas que têm a pele macia, Harry! Provavelmente por causa do creme, não comeces com tretas!

Mas nós todos sabemos que tu só estás interessado nela.

Juro que neste momento odeio o meu consciente por ter cem por cento razão, por mais que me custe admitir.

Agarro cuidadosamente nas suas pernas que estão desprotegidas de qualquer tecido do joelho a baixo e prendo-as na minha cintura. Automaticamente, os seus braços finos – de não se alimentar à mais de sete horas – envolvem o meu pescoço e a sua cabeça aninha-se nele, deixando pequenos suspiros e risinhos por causa dos meu caracóis que lhe provocam cócegas. Dou um pequeno solavanco para a fixar bem e começo de novo a jornada em busca de um abrigo.

***

Estava escuro e era impossível ver alguma coisa do caminho que estava a tomar. Quase que nem sentia as minhas pernas, pela dor dos meus joelhos. Queria desistir. Queria cair no chão e dormir ao lado de Ruby que dormia profundamente nas minhas costas a sua respiração calma e regular. Parece que dei a volta toda à ilha e continuo no mesmo lugar uma vez que vim dar à praia, essa mesma que rodeia o sítio onde naufragámos.

Quando eu acabei por ceder pela dor constante nas minhas pernas, pouso-a perto de uma árvore que parecia que nos protegia imenso se chovesse e deitei-me ao lado dela. Ela resmunga um pouco pelos movimentos que tinha feito antes de suspirar e voltar à terra dos sonhos. Pouso a cabeça no meu braço e hesitantemente pouso a minha mão na sua cintura, numa forma de a aquecer.

Sim, Harry, como se a tua mão fosse um forno, a voz irritante e sarcástica voltou.

Bufo pelos meus pensamentos, sabendo que a voz tinha razão. Puxo o meu corpo mais perto do dela enrolando a sua cintura com o meu braço. Afasto alguns fios de cabelo da sua cara e observo os seus traços arranhados pelas garras dos morcegos. Deixo um pequeno beijo na sua bochecha e massajo os arranhões com a ponta dos meus dedos.

A sua boca abriu um pouco, deitando alguma baba pelo seu sono pesado. Rio-me pela sua figura e suspiro olhando para as estrelas no céu. Raramente tinha olhado para elas, pelas luzes da cidade. Sorri pelo pequeno ressonar dela, antes de suspirar e fechar os meus olhos.

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* aparece no meio do momento* hey guys :-)

espero que gostem deste capítulo.

- lina e bia

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