DIA 2- ILHA
[ HARRY ]
Onde está a Ruby?
Imaginei-a presa ao assento, incapaz de abrir o cinto de segurança e respiro freneticamente a água à minha volta de olhos semicerrados por causa do sol, gritando o nome dela, acabando por ser engolido pelos gritos de socorro e pela água que me invadia. Quando já estava convencido de que se tinha afogado, vi-a aparecer à superfície, a engasgar-se e a tossir.
Nadei até ela afastando-me do avião que se afundava, com a boca a saber a sangue e a cabeça a latejar tão violentamente que pensei que fosse explodir.
Quando cheguei junto dela, agarrei-lhe na mão e tentei dizer-lhe como estava contente por a ter conhecido, por não me deixar sozinho no meio do nada com um avião a afundar-se atrás de nós. Mas as palavras não me saíam como deve ser. Ruby estava desorientada e a última coisa que vi, foram ondas grandes a engolirem a corpo dela.
***
O mar rodopiava há minha volta, a água entrava pelo nariz, descia-me pela garganta e enchia-me os olhos. Não conseguia respirar sem me engasgar. Ruby nadava na minha direção a chorar e a gritar. Agarrou-me na mão e tentou falar, mas as palavras saíram-lhe todas baralhadas como se as ondas as pegassem e engolissem para longe.
- Ruby! – Gritei-lhe, aliviado por a ver. As ondas eram enormes e tive receio de que nos separassem, de modo que enfiei o braço direito por baixo de uma das alças do colete dela e agarrei-a. – Oh meu deus!
Esta olhava com medo para o avião quase caindo dos meus ombros, portanto passei o braço oposto por baixo da outra alça do seu colete, com a sua cabeça em cima do meu peito. A corrente por mais que nos puxasse, não nos levava a lado nenhum deixando-me irritado. Se ao menos tivéssemos um barco ou uma canoa...
Os pedaços do avião desapareceram debaixo da superfície e não tardou muito que não restasse nada. Flutuei de costas, aturdido, com o coração a bater com muita força. Rodeado de ondas enormes por todos os lados, tentei manter as nossas cabeças à superfície e forcei-me a não entrar em pânico.
Saberão que caímos? Estariam a seguir-nos pelo radar?
Talvez não, porque não apareceu ninguém.
O sol desapareceu e o céu começou a ficar cada vez mais escuro. Ruby murmurou qualquer coisa e quando pensei que ela fosse ajudar-me, esta chorou e gritou e esperneou as pernas, deitando a irritação que estava a conter, provavelmente desde que o avião caiu. Semicerro os olhos de dor pelos gritos da morena no meu ouvido. Gritei o seu nome para parar de entrar em pânico e para se recompor mas esta não obedecia a nada do que eu dizia. Então, em vez de gritar, atiro-lhe água para a boca, fazendo-a tossir. Ruby olhou-me com ar de morte antes de embrulhar os seus braços à volta do meu pescoço e segurar-se firmemente em mim enquanto eu usava as minhas pernas e braços para conseguirmos estar à superfície.
Os meus pais nem sequer sonham onde nós estamos, uma vozinha soou, e provavelmente nunca vão saber.
***
Só me apercebi que tinha adormecido quando abri os olhos pelo barulho de ondas a irem contra alguma coisa. O facto de Ruby estar deitada no meu ombro, não me dava a possibilidade de ver de onde vinha esse. Podia ser um barco, um navio, alguém que nos pudesse vir buscar. Abano o braço da morena, sussurrando o seu nome calmamente. Os seus olhos abriram assustada mas após ter visto os meus olhos verdes, acalmou-se passando de medo para alívio. Franzo as sobrancelhas pela sua cara enquanto ela aponta para trás das minhas costas.
Viro-me para o sentido do seu dedo e nunca senti tanto alívio na minha vida. Uma ilha, provavelmente abandonada, estava só a uns metros de nós. A corrente puxava-nos para mais perto desta, mas não íamos diretos a ela. Se não fizesse qualquer coisa, passar-lhe-íamos ao lado.
Não podia usar os braços, de modo que comecei a dar aos pés. As botas caíram-me mas não me importei. A terra ainda estava a alguns quilómetros de distância e mais desviada que antes. Não tive outro remédio se não usar um dos braços e comecei a nadar de lado, sempre arrastando a rapariga entusiasmada comigo. Esta agarrou-se pelos meus ombros, com um sorriso na cara, ajudando-me igualmente a nadar, batendo os seus pés.
Levantei a cabeça para ter uma vista melhor o que me permitiu focar que estávamos perto. Nadei com todas as minhas forças com as pernas e os pulmões a arder. Chegámos às águas calmas da laguna dentro do recife, mas só parei de nadar quando os meus pés tocaram a areia do fundo. Os nossos corpos fracos e moles caíram na areia e a última coisa que eu vi, foi Ruby a desmaiar.
***
Foi o calor escaldante do sol que me acordou. Rígido e dorido, tentei abrir os olhos com uma constante dor infernal. Sentei-me, retirei o colete salva-vidas e examinei a linda rapariga há minha frente. Para além de ter a cara inchada cheia de nódoas negras e pequenos golpes nas faces e na testa, continuava a não se mexer.
Arrasto-me a mim e às minhas pernas, pela areia fora, chegando perto de Ruby. As minhas mãos feridas pentearam-lhe os cabelos castanhos da face antes de passar as minhas mãos pelas suas bochechas. Estas estavam rosadas e frias pela quantidade de tempo que estivemos na água. Pânico encheu-me quando a morena não abria os olhos, apesar de o seu peito subir e descer.
Ela estava viva.
- Ruby! Acorda! – Não reagiu de modo que tornei a abaná-la. - Vá lá, Ruby!
Abanei-a com mais força o seu corpo fraco pelos braços e foi só quando ela finalmente abriu os seus olhos castanhos que deixei escapar o ar que tinha estado a reter nos pulmões.
_____
Se gostares da história, por favor comenta e vota, é ótimo ver o vosso feedback
Espero que gostem
- Lina e Bia
VOCÊ ESTÁ LENDO
Island || h.s
FanfictionUma nova aventura está prestes a começar para estes dois adolescentes. Ruby finalmente toma a decisão de se mudar para Londres, na busca de encontrar a sua vocação. Este motivo deve-se ao facto de os seus pais não terem dinheiro suficiente para pode...