Dia 3

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DIA 3 - SOBREVIVER

[ RUBY ]

Parecia que tentavas gritar mas ninguém te ouvia. Parecia que pedias ajuda mas toda a gente ignorava. A minha mente gritava o meu nome a pedir para acordar, enquanto que a única coisa que sentia era a água salgada pela maior parte do meu corpo.

Com alguma dificuldade, eu abro os olhos devagarinho. Ao princípio a vista estava desfocada, mas após pestanejar repetidamente, consegui ver a cara de preocupado do rapaz que conheci no avião. Essa mesma  que passou para alívio assim que viu o acastanhado dos meus olhos, antes de se sentar na areia e passar as mãos pelo cabelo, stressado.

Lentamente, levanto-me sentindo todo o meu corpo dorido como se tivesse acabado de levar uma tareia. A minha cara ardia, enquanto eu examinava os meus ossos para ver se algum se tinha partido. Tudo estava intacto e tudo no sítio colocando-me relaxada, tossindo água, logo a seguir, pela dor repentina no peito. Este ardia, igualmente, enquanto o conteúdo que engoli saia do meu sistema. O pouco que me lembro era ter mergulhado para dentro de água enquanto o avião se afundava pelo mar abaixo. A partir daí, não me lembro de nada, a não ser acordar aqui. Deve ser por isso que tenho esta dor insuportável na cabeça.

Levanto-me da areia, sacudindo as minhas calças e examinando o meu redor. Os meus olhos arregalaram-se pela floresta que estava há nossa frente. O cheiro da fragância das palmeiras e peixe banhava o ar e os barulhos da natureza soavam nos meus ouvidos como uma constante lembrança que não estava a dormir.

Olho assustada para a paisagem, sem saber o que aconteceu.

- O que é isto? - pergunto para o rapaz que tinha uma postura relaxada e despreocupada na areia. Olhava para mim com curiosidade e um sorriso na cara.

- Uma ilha - ele responde, encolhendo os ombros.

- Oh.

- Até os macacos conseguem ver que estás assustada Ruby - ele cospe, brincando com as suas mãos. Eu rolo os olhos, não sequer me importando em responder. Se o fizesse sairia um comentário rude e o que eu odeio é fazer isso. Ele ri-se levemente pelo meu silêncio repentino antes de dizer. - Tão inofensiva.

- Tu não sabes nada sobre mim - semicerro os olhos, caminhando para longe dele.

O sol batia fortemente na minha cara dando-me tonturas o que, consequentemente, fazia com que a visão do meu caminho começasse a ficar desfocada. A água tocava-me levemente nos pés tirando um pouco do calor que estava a fazer-me uma lagosta enquanto eu só conseguia suspirar chateada pelo rapaz que calhou comigo nesta ilha.

Ele não sabe nada sobre mim e está a dizer-me que sou inofensiva? Só porque estou assustada por estar num território desconhecido, é perfeitamente normal estar inofensiva. Aposto que ele deve estar a morrer de medo por dentro enquanto dá uma imagem relaxada e despreocupada.

Os meus pensamentos foram interrompidos por uma mão que me agarrou no pulso e puxou-me para trás. A força foi tanta que eu acabei por ir contra um peito, antes de sentir umas mãos na minha cintura que me agarravam firmemente impedindo-me de andar ou fazer algum movimento. Eu olho para os seus olhos verdes, franzindo as sobrancelhas pelo contato que estávamos a ter. Que idiota!

- Não me toques! - empurro-o pelo peito, afastando-o de mim.

- És uma pobre mal-agradecida! - ele eleva o volume da voz, no momento em que eu me afastei. De sobrancelha franzida, olho confusa para ele, não sabendo do que estava a falar. - Oh, não sabes do que é que eu estou a falar?

- Não, não sei - respondo, cruzando os braços no peito. O rapaz aproximou-se de mim, o suficiente para me deixar de olhos arregalados, preparando-me mentalmente para o empurrar assim que ultrapassasse dos limites.

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