Entrei no quarto novamente no meio da madrugada. Kyle dormia do mesmo modo que dormiu uma vez quando me encontrava no hospital, segurando a mão da mãe e a cabeça encostada na outra.
Me sentei no assento ao seu lado, coloquei minha mão em cima das dos dois entrelaçadas e dormi em seu ombro.
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Escutei umas vozes de fundo, ainda estava esgotada, mas já estava acordando.
- Fico feliz por você meu filho.
- Não fala nada mãe, poupe sua forças. - Ele estava com a voz embargada.
- Não estou delirando, já tive muitos delírios nessas últimas semanas, é só suor.
Me preocupei com suas palavras, abri os olhos encontrando a mãe de Kyle toda suada, mal conseguindo abrir os olhos, juntando todas as suas forças para falar.
Percebi que estava sendo abraçada por Kyle com um braço, enquanto nossas três mãos continuavam unidas.
- Cuida bem da sua Lua, meu menino.
- Ele vai. - Me intrometi me afastando um pouco de seu corpo quente, nunca desgrudando nossas mãos.
- Você é incrível, anjo. - Ela estava falando comigo, mas não parecia ser exatamente comigo. - Pode me levar agora.
Kyle parecia nervoso.
- Me deixa sozinho com ela? - Pediu. - Quero fazer isso sozinho.
Assenti já sentindo lágrimas em meus olhos.
Ele soltou nossas mãos, me deixando segurar à dela sozinha.
- Adorei ter conhecido à senhora. - Disse me aproximando dela. - Você verá seu anjo, vai ver o homem da sua vida também. - Fiz carinho em seus cabelos molhados de suor. - Vá em paz. - Beijei sua testa enquanto derramava uma lágrima.
- Adeus, Lucy.
- Adeus.
Segurei com todas as minhas forças sua mão, como se pudesse transmitir tudo para ela.
- Vou estar bem ali. - Avisei ao dar um beijo também na testa de Kyle.
Fui à passos lentos para o lado de fora, fiquei o tempo todo ali no vidro.
- Chegou à hora. - A enfermeira Van der Wodson ficou do meu lado.
- Quanto tempo? - Perguntei derramando outra lágrima.
- Alguns minutos. - Ela conferiu o relógio, estava com umas folhas em mão presas em uma pasta grampo.
Os próximos minutos foram os mais difíceis da minha vida. Vi quando Kyle colocou a mão de sua mãe em sua bochecha, ela nem devia estar enxergando seus curativos. Vi sua primeira lágrima cair, os dois conversando pela última vez. Suas últimas declarações.
- É agora. - Disse à enfermeira.
Olhei desesperada para os dois. Não! Eles mereciam mais.
O braço esticado de sua mãe caiu na cama, assim como seu rosto tombou um pouco para o lado com os olhos fechados. O grito de Kyle foi estridente, com certeza todos os quartos escutaram. Seu choro aumentou, seu desespero só ia aumentando ao ponto que balançava sua mãe.
Escutei a máquina dando a certeza de sua morte, assim que a enfermeira entrou no quarto. Logo depois, o médico entrou.
Kyle não saia de perto dela, a abraçava desesperadamente no pior choro que já o vi fazer.
Coloquei a mão na boca tentando abafar um soluço, não podia entrar lá daquele jeito, colei minhas costas na parede e escorreguei no chão me deixando chorar com a cabeça entre meus joelhos.
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Incondicionalmente
RomanceLucy Fanning, uma jovem que perdeu muito mesmo antes de entender. Sem pai, sem irmã, somente com sua mãe e uma casa para ajudar a sustentar. Sua melhor amiga é diferente, vive em uma vida perfeita de atriz. Seu futuro? Era algo que não encaixava na...