Não sei quanto tempo se passou, talvez minutos, talvez horas... Só sei que depois de um longo tempo, minhas costas já não aguentavam mais.
A tempestade estava começando à dar seus primeiros sinais, aquilo era ruim. Não queria acordá-lo, mas se não fizesse isso, com certeza ele acordaria com um grito meu de medo, ou com meus gemidos de dor.
- Kyle? - Chamei baixinho passando meus dedos por seus cabelos. - Kyle? - Tentei de novo, desta vez fazendo carinho em suas bochechas. A única coisa que me deu em troca, foi um longo suspiro.
Então, aconteceu. Aquele brilho que me dava medo iluminou o quarto, seguido do barulho que mais odeio no mundo. Gritei. Foi um grito rápido, mas meu pulo ajudou a acordar Kyle.
- O que? O que foi? - Perguntou rapidamente assustado olhando para os lados.
Sua respiração já não era mais a tranquila de antes, estava ofegante.
Minhas mãos tremiam, assim como meu queixo.
- Lucy? - Ele me chamou chegando perto novamente. - O que aconteceu? Eu dormi não foi? Te machuquei enquanto dormia?
Estava prestando atenção nos pingos grossos de água batendo na janela, que graças à Deus estava fechada.
- Ah! - Gritei novamente com outra trovoada.
Olhando entre mim e a janela ele finalmente percebeu o que estava acontecendo, sorriu como sempre e se aproximou mais.
- Tem medo? - Apontou com a cabeça para a janela.
- Pavor.
Ainda tremia freneticamente quando suas mãos alcançaram as minhas. Não falamos nada por um tempo, ficamos somente nos olhando. Sempre que o brilho inundava o quarto e eu tentava olhar para janela, ele puxava meu rosto para continuar olhando para ele. Só para ele.
- Respira fundo e solta. - Instruiu. - Mais uma vez.
Minha tremedeira foi passando aos poucos. Meu coração ainda estava em estado de choque batendo fortemente contra o peito, mas suspeitava que já não era mais medo.
- Desde quando tem medo de tempestade? - Perguntou risonho.
- Minha mãe conta que um dia estava voltando para casa de carro, e estava chovendo muito. - Fechava os olhos com força toda vez que um relâmpago dava sinal de vida, mas continuei contando. - O carro quebrou, ela teve que terminar os quinhentos metros restantes à pé. Estava de quase oito meses, a barriga enorme. Depois disso, a próxima vez que ouve uma tempestade não fiquei sossegada na barriga dela, e quando nasci, foi pior! Gritava e chorava à tempestade inteira.
O sorriso dele aumentou, como sempre, e isso me extasiava.
- Bom, ficarei aqui até essa tempestade passar. - Disse sem nem sequer pedir permissão.
- Se dormir de novo, eu acabo com você. - Ameacei.
- Sim, senhora capitã.
Rimos um pouco antes dele inventar de jogarmos alguma coisa. A não ser twister, eu não tinha nada.
- Melhor não, só tenho Twister. - Dei um grito abafado com outro trovão.
- Precisamos destrair sua mente. Será Twister!
🎥 📷 📹
- Kyle, você está dificultando as coisas. - Choraminguei meio rindo com a situação que nos encontrávamos.
Havíamos ido para a sala, já que meu quarto era pequeno, e bom, não queria continuar sozinha com ele lá.
Kyle estava com o corpo arqueado para cima. Um pé no vermelho, outro no amarelo. Uma mão no azul, outra no vermelho.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Incondicionalmente
RomanceLucy Fanning, uma jovem que perdeu muito mesmo antes de entender. Sem pai, sem irmã, somente com sua mãe e uma casa para ajudar a sustentar. Sua melhor amiga é diferente, vive em uma vida perfeita de atriz. Seu futuro? Era algo que não encaixava na...