Cap. 16

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Não sei quanto tempo se passou, talvez minutos, talvez horas... Só sei que depois de um longo tempo, minhas costas já não aguentavam mais.

A tempestade estava começando à dar seus primeiros sinais, aquilo era ruim. Não queria acordá-lo, mas se não fizesse isso, com certeza ele acordaria com um grito meu de medo, ou com meus gemidos de dor.

- Kyle? - Chamei baixinho passando meus dedos por seus cabelos. - Kyle? - Tentei de novo, desta vez fazendo carinho em suas bochechas. A única coisa que me deu em troca, foi um longo suspiro.

Então, aconteceu. Aquele brilho que me dava medo iluminou o quarto, seguido do barulho que mais odeio no mundo. Gritei. Foi um grito rápido, mas meu pulo ajudou a acordar Kyle.

- O que? O que foi? - Perguntou rapidamente assustado olhando para os lados.

Sua respiração já não era mais a tranquila de antes, estava ofegante.

Minhas mãos tremiam, assim como meu queixo.

- Lucy? - Ele me chamou chegando perto novamente. - O que aconteceu?  Eu dormi não foi? Te machuquei enquanto dormia?

Estava prestando atenção nos pingos grossos de água batendo na janela, que graças à Deus estava fechada.

- Ah! - Gritei novamente com outra trovoada.

Olhando entre mim e a janela ele finalmente percebeu o que estava acontecendo, sorriu como sempre e se aproximou mais.

- Tem medo? - Apontou com a cabeça para a janela.

- Pavor.

Ainda tremia freneticamente quando suas mãos alcançaram as minhas. Não falamos nada por um tempo, ficamos somente nos olhando. Sempre que o brilho inundava o quarto e eu tentava olhar para janela, ele puxava meu rosto para continuar olhando para ele. Só para ele.

- Respira fundo e solta. - Instruiu. - Mais uma vez.

Minha tremedeira foi passando aos poucos. Meu coração ainda estava em estado de choque batendo fortemente contra o peito, mas suspeitava que já não era mais medo.

- Desde quando tem medo de tempestade? - Perguntou risonho.

- Minha mãe conta que um dia estava voltando para casa de carro, e estava chovendo muito. - Fechava os olhos com força toda vez que um relâmpago dava sinal de vida, mas continuei contando. - O carro quebrou, ela teve que terminar os quinhentos metros restantes à pé. Estava de quase oito meses, a barriga enorme. Depois disso, a próxima vez que ouve uma tempestade não fiquei sossegada na barriga dela, e quando nasci, foi pior! Gritava e chorava à tempestade inteira.

O sorriso dele aumentou, como sempre, e isso me extasiava.

- Bom, ficarei aqui até essa tempestade passar. - Disse sem nem sequer pedir permissão.

- Se dormir de novo, eu acabo com você. - Ameacei.

- Sim, senhora capitã.

Rimos um pouco antes dele inventar de jogarmos alguma coisa. A não ser twister, eu não tinha nada.

- Melhor não, só tenho Twister. - Dei um grito abafado com outro trovão.

- Precisamos destrair sua mente. Será Twister!

🎥 📷 📹

- Kyle, você está dificultando as coisas. - Choraminguei meio rindo com a situação que nos encontrávamos.

Havíamos ido para a sala, já que meu quarto era pequeno, e bom, não queria continuar sozinha com ele lá.

Kyle estava com o corpo arqueado para cima. Um pé no vermelho, outro no amarelo. Uma mão no azul, outra no vermelho.

IncondicionalmenteOnde histórias criam vida. Descubra agora