Mermaid ❴H.S.❵

≈Cap. 11≈

   Tritão nadou em minha frente. Acho que ele sabia que eu não fazia ideia de onde estavamos. Esse castelo é enorme, não tem como eu saber de tudo por aqui.
Mas pelo visto ele o conhece como as escamas de sua calda.

   Foi me guiando até a sala de jantar, sentando-se á mesa, esperando as Lulas-Molengas virem comer. Eu que costumo ser a atrasada aqui...

- Hey, Serenna, pode ir procura-las?- Me olhou com uma das mãos coçando a parte de trás de sua cabeça, ele parecia meio que, sorrindo nervoso.

- Okay.- Levantei e nadei pra fonte mais próxima.- Talvez ela esteja lá.- Murmurei pensando em Arabella, que raramente se separava das outras duas. Acho que nem ela suporta a voz da Areea. Ri comigo mesma com esse pensamento.

   A encontrei cabisbaixa, parecia triste. Nadei até lá.

- Hey, Arabella, Tritão está esperando vocês três na sala de jantar.- Avisei a observando. Parecia sair de um pensamento profundo quando a chamei, se assustando minimamente.

- Ah, desculpe, perdi a noção do tempo.- Disse virando-se. Sorrindo triste e um pouco nervosa.

- Oque houve?- Perguntei inconscientemente tombando a cabeça para o lado. (N.A: Kawaii ^・ω・^)

   Olhou pra mim espantada, como se não esperasse isso de mim.

- Nada.- Falou simples, se virando e indo em direção à sala de jantar. Dei de ombros não me importando com o assunto. Se ela quisesse mesmo me dizer, diria.

   Nadei atrás de Arabella, cumprimentando os “servos” do castelo que passavam por nós com um sorriso. Ela estava séria, acho que ainda continuava pensando em Zeus sabe oque.

- Hey, Arabella, o Luke foi pro jardim?- Realmente faz algum tempo que não o vejo. Não que eu queira. Ela fez um rosto de espanto e ficou corada. Não respondeu nada e entrou na sala de jantar.

- Oii, filha!- Saldou Tritão sorridente. Acho que estava super contente por sua filha estar com ele. Arabella se espantou ao ver a animação do pai. Acho que percebeu que tristeza, aqui, não rola.- Onde estão suas irmãs?- Perguntou confuso.

- Quando terminaram os deveres foram nadando para uma festa, pra, segundo elas, “Desestressar” e ir paquerar uns tritões.- Falou Arabella claramente insatisfeita por não ter ido junto.

- E por que não foi, minha filha?- Perguntou Tritão, pegando um pouco de algas e as comendo.

- Elas acharam que eu ainda tinha muitas coisas pra fazer e foram sem mim.- Falou simples, dando de ombros. Do jeito que as conheço, é tudo estória pra camarão dormir. Acho que um de seus planos seria: uma fica, mente e faz as coisas que faltava. Tenho certeza de que ela faria o mesmo que suas irmãs e deixaria uma delas aqui, enquanto as outras que se divertem na festa, só pra tirar sarro da irmã que ficou, falariam quantos e quais tritões haviam pego.

   Eu realmente odeio festas. Só participo das que sou obrigada, como por exemplo: bailes de comemoração à algum acontecimento, homenagens aos deuses... Coisas do tipo. Nunca gostei de festas, Tritão que me convencia a pelo menos dar as escamas para os convidados, agora eu só vou quando é uma comemoração importante. Nos bailes importantes do castelo, só recepciono os convidados- outra coisa que detesto fazer, por que não gosto de atenção e nem de falar com quem não fala comigo- e vou pro quarto pentear os cabelos ou conversar com alguns peixes.

   Comecei a comer meio enjoada com a cara da comida. Eram algas verdes enroladas em frutas doces. Esse contraste não ficou muito bom pra mim... Mas eu vou comer sem fazer uma careta ou dizer uma única palavra.

- Hey, Tritão, o Luke foi embora? Eu não o vejo mais por aqui.- Vi Arabella ficar rígida pelo cando do meu olho, mas não perguntei nada, só fingi que estava tudo normal e ela não estava dura feito alga verde.

- Não pelo que eu saiba. Acho que ele ainda está no castelo, talvez ele só quer ficar um pouco sozinho para refletir.

- É, faz sentido. Você sabe dele, Arabella?- A olhei e ela estava do mesmo jeito de antes, rígida.

- Nã-ão, não o-o vejo faz um tempo.

- Ah, okay.- Terminei de comer e pedi licença, nadei ao meu quarto, queria pensar, manipular água...

   Quando entrei no mesmo, minha escova de cabelos estava no chão. Franzi o cenho e a pus em seu devido lugar, mesmo que me perguntando se a teria deixado cair enquanto nadava para ir embora. Mexi no cabelo e percebi que tinham nós. Peguei a escova e me sentei na cama, penteei o mesmo, olhando a janela e vendo o povo do reino, trabalhando, passeando... Deixei a escova em cima da cama e fui à janela, sentei na mesma, encostando as costas na parede e olhando pra cima, pensando como seria a vida fora das águas, acho que seco demais para um ser marinho sobreviver.

   Olhei para baixo, observando o nosso povo. Será que algum deles conhecem a superfície? De repente vi uma cabeleira loira passar entre a multidão. Era o Luke? Acho que não, eu será que era? Ele está evitando minha família? Será que ele não gostou do castelo? Desdo dia em que o mandei ir ao jardim principal se encontrar com Arabella, não falou mais com a gente. Será que ela falou alguma coisa errada, que o fez pensar em talvez ir embora? Não que me fará falta, mas Tritão gosta da companhia dele e à tempos não o vejo tão feliz. E eu acho que também estou fazendo bem a ele. Ele me ensina tudo oque pode ou sabe, me deixa feliz saber que mais alguém além da mamãe se importa comigo.

   Eu era bem pequena quando ela se foi- N.A: lá não existe calendário, então não contam as idades e não se importam em envelhecer, pois isso significa que Poseidon precisa deles como guerreiros, já que, as sereias e os tritões são considerados “Os Guardiões do Mar”.- Tritão ficou tão mal com a morte da mamãe que nem nos ver ele queria, apesar de não o entender muito bem, eu sabia que ele precisava de um tempo pra pensar e ficar sozinho. As meninas, Aquatta, Areea e Arabella, sempre o perguntava por que ele não queria brincar com elas. Eu ficava bem brava por isso, como elas não podiam ver o porquê dele estar assim? Como elas não estavam mal pela mãe delas? Como poderiam pensar em brincar sabendo que a mãe delas não iria mais acordar do sono eterno da morte? Eu era bem nova, mas sabia oque era quase ser abraçada pela morte.