Coisas estranhas

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- O que fez tanto tempo longe assim? - Perguntou Nancy.
- Sei lá eu... Dei um tempo, eu precisava respirar um pouco.
- Mas você abandonou a gente, largou o seu carro, por que?
- Você anda fazendo perguntas demais. - Disse Barb sorrindo nervosamente.
- Desculpe. - Nancy abaixou o olhar.
- Eu sei que vocês se preocupam, mas eu estou bem. - Barb consolou a amiga.
- Achei que havia morrido, a Onze...
- Quem? - Barb soltou.
- É, ninguém. - Nancy limpou uma lágrima que escorria.
- Como ninguém, diga quem é? - Barb parecia agressiva.
- Barb você está me machucando.
Barb largou os braços de Nancy que olhou assustada para a amiga enquanto alisava os braços doloridos.

- Nancy, vamos. - Chamou Karen Wheller.
- Eu tenho que ir. - Disse Nancy.

Por conta do que houve, Nancy ao menos abraçou Barb, saiu do quarto dela como se não a conhecesse.

+++

Nos arredores de Hawkins era comum encontrar pessoas a beira de rios com varas de pescar, porém uma jovem de cabelo carcaju e que aparentava ter seus 18-19 anos e que não estava nada feliz com o fato de sair com os pais se desvencilhou deles em momento de distração para sorrateiramente fumar um cigarro qualquer.

Longe ela estava na margem do rio, quando se sentou e deu uma tragada forte.

- A. - Suspirou ela. - Isso é ótimo.

Então ela ouviu o som de folhas secas sendo pisadas. Ela ignorou, afinal achou que fosse o vento ou então algum animal bisbilhotando.

Entre uma tragada e outra o som das folhas aumentava, porém Beth não estava nem aí, o que importava era o cigarro.

Até a última tragada ela estranhou os sons terem parado, por isso ao olhar para trás viu um rosto pálido e com marcas desfiguradas na altura da sobrancelha que descia pela bochecha, seus olhos eram fundos e terrivelmente acinzentados e mortos, seu jaleco estava sujo de uma mistura de sangue seco com uma substância viscosa desconhecida, além de estar rasgado.

- Quem... Quem é você? - Beth se assustou e se levantou.

Aquele homem magro e feio não parava de olhar para ela com um olhar feroz, ele abriu um sorriso maléfico e revelou seus dentes podres.

- Vo-Vo-você precisa de ajuda?

Ele lançou um grito horrendo que parecia uma espécie de estalo contínuo. Beth se assustou ainda mais e caminhou vagarosamente para trás enquanto o homem caminhava para cima dela vagarosamente.
Beth tropeçou em uma raiz e caiu de costas no chão enquanto aquele terrível ser se aproximava dela.

Beth então lançou um grito de desespero que fez a sua família ouvir.

- Beth? - Disse seu pai.
- Beth!!! - Disse sua mãe se levantando rápido.

Seus irmãos também se levantaram e correram na direção que achavam que era de onde o grito havia vindo.

Ao chegarem no local aos berros de "Beth, Beth" não encontraram nada, além de uma bituca de cigarro e um pedaço do tecido verde da camisa de Beth.

Ela desapareceu.

+++

Jim Hopper não voltou para o seu escritório, na verdade ele estava atormentado demais para voltar a realizar alguma atividade, Hopper derrubou seu abajur e caiu ao canto em lágrimas enquanto os fantasmas das memórias se aproximavam de sua consciência.

- Sarah. - Disse ele entre um soluço e outro. - Sarah. - Disse Hopper mais alto. - Sarah. - Ele Gritou.

Ela viu. Sarah viu um mundo morto, enquanto ela caminhava com seus pés descalços sobre o árido chão sujo.

Apertando seu ursinho que para ela era como um feroz tigre que a acompanhava.
Ela entrou na escola, ouviu sons estranhos de estalos vindo da frente e viu uma silhueta maléfica abaixada.
Seu pequeno coração acelerou e a criatura percebendo sua presença se ergueu lentamente e se virou. Lançando um grito fez com que Sarah larga-se seu bichinho de pelúcia e corresse.

Jim Hopper não conseguia reagir as memórias, era como se a culpa viesse e lhe arrancasse as pernas o incapacitando de se levantar, Jim apoiou o braço no sofá, mas caiu fraco novamente. Por debaixo de um homem Durão, haviam traumas incuráveis de um chefe, haviam memórias sombrias daquilo que um dia lhe trouxe a felicidade.

Jim viu o câncer, viu a parada cardíaca, Jim viu sua filha ir embora. Ele abraçou a si mesmo como no dia que abraçou sua esposa diante do fim de sua filha.
- Jim Hopper o homem mais frio da terra. - Soaram as palavras de Clark Mckin como tiros pela culatra. - Jim Hopper é o homem mais frio que eu conheço, como você consegue? Como pôde? Como vai se redimir?
- Não, não. - Jim tentava afastar algo invisível.
- Suas cicatrizes nunca vão se fechar.

+++

Johnatan voltou para casa, sua mãe estava por lá e o aguardava na varanda com uma expressão preocupada.

- O almoço tá na mesa? - Perguntou johnatan sorrindo. - Já posso sentir o cheiro daqui.
- Tá, vamos, entra.
- O que houve? - Johnatan estranhou a ação de sua mãe.
- E aí campeão. - Disse o senhor Byers de braços abertos ao sair do banheiro, sua presença causou surpresa e desgosto a johnatan, o que ele estava fazendo ali?

Stranger Things - Mistérios De Outro MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora