Capítulo 11

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Tal, Signa, e as outras sentinelas viram a explosão de onde se encontravam. Com gritos

e guinchos de raiva, os demônios se espalharam por toda a parte, explodindo pelo teto e

laterais da igreja como estilhaços, e irradiando em todas as direções sobre a cidade. Seus

gritos formaram um alto e ressonante estrondear de fúria selvagem que repercutiu por toda a

cidade como milhares de lúgubres apitos de fábrica, sirenas e buzinas.

— Eles farão estrago violento esta noite — disse Tal.

Mota, Chimon e Guilo estavam presentes para prestar relatório.

— Por dois votos — disse Mota. Tal sorriu e disse:

— Muito bem, então.

— Mas Lou Stanley! — exclamou Chimon. — Era realmente Lou Stanley?

Tal entendeu a inferência.

— Sim, aquele era o Sr. Stanley. Não saí daqui desde que trouxe Edith Duster.

— Vejo que o Espírito tem trabalhado! — riu-se Guilo.

— Vamos levar Edith a salvo para casa e montar guarda em torno dela. Todos a postos.

Haverá espíritos irados sobre a cidade esta noite.

Aquela noite a polícia esteve ocupada. Brigas estouraram nos bares locais, lemas foram

pichados nas paredes do tribunal, carros foram roubados e, por molecagem, usados para

rodarem no gramado e nas flores do parque.

Tarde da noite Juleen Langstrat flutuava num transe inescapável, entre uma vida

atormentada na terra e a proximidade das chamas ardentes do inferno. Ela se deitou na cama,

caiu ao chão, agarrou-se à parede a fim de pôr-se em pé, deu uns passos vacilantes pelo

quarto, e caiu ao chão novamente. Vozes ameaçadoras, monstros, chamas e sangue explodiam

e martelavam com força inimaginável em sua cabeça; ela achava que seu crânio arrebentaria.

Sentia garras rasgando-lhe a garganta, criaturas contorcendo-se e mordendo o interior dela,

correntes em torno dos braços e pernas. Ouvia vozes de espíritos, via-lhes os olhos e as

presas, sentia o cheiro de seu hálito sulfuroso.

Os Senhores estavam irados! "Fracassou, fracassou, fracassou, fracassou", as palavras

martelavam-lhe o cérebro e desfilavam diante dos seus olhos. "Brummel fracassou, você

fracassou, ele morrerá, você morrerá..."

Segurava ela realmente uma faca nas mãos ou isso era também uma visão das esferas

mais elevadas? Sentia um desejo, um impulso terrivelmente forte de livrar-se daquele

tormento, de se libertar da carapaça do corpo, da prisão de carne que a retinha.

"Junte-se a nós, junte-se a nós, junte-se a nós", diziam as vozes. Ela apalpou a ponta da

lâmina, e sangue escorreu-lhe pelo dedo.

O telefone tocava. O tempo parou. O quarto registrou-se em suas retinas. O telefone

tocava. Ela estava no quarto. Havia sangue no chão. O telefone tocava. A faca caiu-lhe das

mãos. Ela podia ouvir vozes, vozes iradas. O telefone tocava.

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