Capítulo 26

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Marshall estava com tanta raiva que estacionou mal, tomando dois lugares no

estacionamento da Praça do Tribunal. Achou que se atravessasse depressa o estacionamento

até a porta do departamento de polícia, poderia se esfriar um pouco, mas a estratégia não deu

certo. Ele abriu a porta com um safanão e entrou na recepção. Sara não estava à sua mesa.

Brummel não estava no escritório. Marshall olhou para o relógio. Três horas em ponto. Uma

mulher apareceu num canto. Ele ainda não a tinha visto antes.

— Olá — disse ele, então acrescentou abruptamente: — Quem é você?

A pergunta a surpreendeu bastante, e ela respondeu com timidez:

— Bem, sou... sou Bárbara, a recepcionista.

— A recepcionista? Que fim levou Sara?

Ela estava intimidada e um pouco indignada.

— Eu... não sei de nenhuma Sara, mas há alguma coisa em que eu possa ajudá-lo?

— Onde está Alf Brummel?

— É o Sr. Hogan?

— Isso mesmo.

— O delegado Brummel está à sua espera na sala de reuniões, no fim do corredor.

Ela nem tinha terminado a sentença e Marshall já estava a caminho. Se a tranca da porta

tivesse oferecido a menor resistência, não teria sobrevivido à entrada de Marshall. Ele se

precipitou porta adentro, pronto para torcer o primeiro pescoço em que pudesse botar as

mãos.

Havia muitos pescoços à escolha. A sala estava cheia de gente que Marshall não

esperava, mas enquanto corria os olhos em redor, examinando o rosto dos presentes, não teve

dificuldade em adivinhar a pauta da reunião. Brummel tinha os amigos ao seu lado. Figurões.

Mentirosos. Maquinadores.

Alf Brummel estava sentado à mesa, cercado por seus muitos comparsas e sorrindo

aquele sorriso dentuço.

— Olá, Marshall. Por favor, feche a porta.

Marshall, sem tirar os olhos de toda aquela gente agora reunida, sem dúvida para pôr as

coisas em pratos limpos com ele, fechou a porta com um pontapé. Ali estava Oliver Young,

bem como o Juiz Baker, o tesoureiro municipal Irving Pierce, o chefe dos bombeiros Frank

Brady, o detetive Spence Nelson de Windsor, alguns outros homens a quem Marshall não

reconheceu, e finalmente o prefeito de Ashton, David Steen.

— Bem, olá, prefeito Steen — disse Marshall com frieza. — Que interessante encontrálo

aqui.

O prefeito apenas sorriu cordial e silenciosamente, como o fantoche mudo que Marshall

sempre achara que era.

— Sente-se — disse Brummel, acenando com a mão na direção de uma cadeira vazia.

Marshall não se moveu.

— Alf, é esta a reunião que eu e você íamos ter?

— Esta é a reunião — disse Brummel. — Acho que não conhece todos os presentes... —

Este Mundo Tenebroso - Volume 1Onde histórias criam vida. Descubra agora