Marshall estava com tanta raiva que estacionou mal, tomando dois lugares no
estacionamento da Praça do Tribunal. Achou que se atravessasse depressa o estacionamento
até a porta do departamento de polícia, poderia se esfriar um pouco, mas a estratégia não deu
certo. Ele abriu a porta com um safanão e entrou na recepção. Sara não estava à sua mesa.
Brummel não estava no escritório. Marshall olhou para o relógio. Três horas em ponto. Uma
mulher apareceu num canto. Ele ainda não a tinha visto antes.
— Olá — disse ele, então acrescentou abruptamente: — Quem é você?
A pergunta a surpreendeu bastante, e ela respondeu com timidez:
— Bem, sou... sou Bárbara, a recepcionista.
— A recepcionista? Que fim levou Sara?
Ela estava intimidada e um pouco indignada.
— Eu... não sei de nenhuma Sara, mas há alguma coisa em que eu possa ajudá-lo?
— Onde está Alf Brummel?
— É o Sr. Hogan?
— Isso mesmo.
— O delegado Brummel está à sua espera na sala de reuniões, no fim do corredor.
Ela nem tinha terminado a sentença e Marshall já estava a caminho. Se a tranca da porta
tivesse oferecido a menor resistência, não teria sobrevivido à entrada de Marshall. Ele se
precipitou porta adentro, pronto para torcer o primeiro pescoço em que pudesse botar as
mãos.
Havia muitos pescoços à escolha. A sala estava cheia de gente que Marshall não
esperava, mas enquanto corria os olhos em redor, examinando o rosto dos presentes, não teve
dificuldade em adivinhar a pauta da reunião. Brummel tinha os amigos ao seu lado. Figurões.
Mentirosos. Maquinadores.
Alf Brummel estava sentado à mesa, cercado por seus muitos comparsas e sorrindo
aquele sorriso dentuço.
— Olá, Marshall. Por favor, feche a porta.
Marshall, sem tirar os olhos de toda aquela gente agora reunida, sem dúvida para pôr as
coisas em pratos limpos com ele, fechou a porta com um pontapé. Ali estava Oliver Young,
bem como o Juiz Baker, o tesoureiro municipal Irving Pierce, o chefe dos bombeiros Frank
Brady, o detetive Spence Nelson de Windsor, alguns outros homens a quem Marshall não
reconheceu, e finalmente o prefeito de Ashton, David Steen.
— Bem, olá, prefeito Steen — disse Marshall com frieza. — Que interessante encontrálo
aqui.
O prefeito apenas sorriu cordial e silenciosamente, como o fantoche mudo que Marshall
sempre achara que era.
— Sente-se — disse Brummel, acenando com a mão na direção de uma cadeira vazia.
Marshall não se moveu.
— Alf, é esta a reunião que eu e você íamos ter?
— Esta é a reunião — disse Brummel. — Acho que não conhece todos os presentes... —
VOCÊ ESTÁ LENDO
Este Mundo Tenebroso - Volume 1
SpiritualeEste livro conta a história de uma das maiores batalhas espirituais já travadas pelos anjos de Deus contra os principados e potestades deste mundo tenebroso. O episódio tem seu início sob o céu e entre os habitantes da cidadezinha de Bascon, propaga...