Guilo mordeu o lábio inferior e, juntamente com suas duas dúzias de guerreiros,
examinou o vale. De seu ponto de observação a meio caminho nas encostas das montanhas e
escondido entre as rochas, o Covil do Valente parecia uma caldeira que fervia e zumbia com
miríades de espíritos negros, formando uma neblina pululante e viva acima da aglomeração de
prédios. O som de asas era um cantochão constante, grave, cujo eco retornava sobre si dos
penhascos rochosos ao redor do vale. Nesse momento, os demônios estavam alvoroçados, à
semelhança de enraivecido enxame de abelhas.
— Eles estão-se preparando para alguma coisa — observou um dos guerreiros.
— Mesmo assim — disse Guilo — algo não me cheira bem, e eu me arriscaria a dizer
que se relaciona com ela.
Em todo o complexo, furgões e reboques estavam carregados com tudo, desde
equipamento de escritório até os troféus empalhados de Alexander M. Kaseph. O pessoal
repassava os dormitórios, empacotando os pertences e varrendo os quartos. Excitação e
antecipação permeavam tudo, e as pessoas se aglomeravam, tagarelando em suas línguas
nativas.
No casarão de pedra, segregada de toda a atividade, Susan Jacobson trabalhava
apressada em seu aposento particular, consolidando uma enorme caixa de lançamentos, livrosrazão,
documentos, material impresso. Tentava eliminar tudo o de que não tivesse absoluta
necessidade, mas quase todos os itens pareciam indispensáveis. Mesmo assim, tudo teria de
caber em apenas uma mala, que agora estava sobre a cômoda. Até aqui a carga era volumosa
demais para caber na mala, e pesada demais para Susan carregar mesmo que coubesse.
Com algumas orações, murmuradas às pressas, e mais alguns exames rápidos, ela
eliminou metade dos itens. A seguir, tomando o que sobrou, começou a arranjar
meticulosamente na mala, um livro aqui, alguns depoimentos ali, mais documentos, algumas
fotografias, outro livro-razão, um papel impresso no computador, espessa resma de
fotocópias, filmes não revelados.
Passos no corredor. Ela fechou depressa a mala, apertando a tampa a fim de poder
prender os trincos, e a seguir arrastou o pesado objeto para a grande cama em baixo da qual a
fez desaparecer rapidamente. Então jogou os itens que não haviam cabido na mala de volta na
caixa e escondeu-a numa prateleira atrás das roupas de cama num pequeno armário.
Kaseph entrou no quarto sem bater. Vestia-se de modo informal porque também estivera
fazendo as malas e participando de toda aquela atividade.
Ela se dirigiu a ele e o abraçou.
— Oi, como vão as coisas com você?
Ele devolveu-lhe brevemente o abraço, depois deixou cair os braços e começou a olhar
pelo quarto.
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Este Mundo Tenebroso - Volume 1
SpiritualEste livro conta a história de uma das maiores batalhas espirituais já travadas pelos anjos de Deus contra os principados e potestades deste mundo tenebroso. O episódio tem seu início sob o céu e entre os habitantes da cidadezinha de Bascon, propaga...