Capítulo 22

267 7 0
                                    

Em outro estado, numa área de baixa renda de outra cidade, um pequeno furgão serpeava

por uma rua repleta de crianças através de um conjunto habitacional. As pequenas casas

geminadas, exceto por diferentes esquemas de cores, eram feitas no mesmo padrão. Quando o

veículo parou no fim de um beco de asfalto envelhecido, via-se 'Tinturaria Princesa" escrito

na lateral.

A motorista, uma jovem de macacão azul, os cabelos cobertos por lenço vermelho,

desceu. Abrindo a porta lateral, ela tirou uma grande pilha de roupas e alguns vestidos em

cabides, cobertos com sacos plásticos. Conferindo novamente o endereço, ela se encaminhou

a uma porta em particular e tocou a campainha.

Primeiro a cortina da janela da frente foi puxada para o lado, e depois ouviu-se o ruído

de passos vindo na direção da entrada. A porta se abriu.

— Oi, tenho umas roupas para entregar — disse a jovem.

— Sim — disse o homem que atendeu. — Pode entrar.

Ele abriu um pouco mais a porta de modo que ela pudesse passar, enquanto três

crianças, não obstante sua grande curiosidade, tentavam manter-se fora do caminho.

O homem chamou a esposa.

— Querida, a moça da tinturaria está aqui.

Ela veio da pequena cozinha, o aspecto tenso e nervoso.

— Crianças, vão brincar lá fora — ordenou.

Elas choramingaram um pouco, mas a mãe as fez sair, fechou a porta, e então fechou a

única janela que ainda estava aberta.

— Onde conseguiu todas essas roupas? — perguntou o homem.

— Estavam no furgão. Não sei a quem pertencem.

O homem, um italiano entroncado de cabelos crespos e grisalhos, ofereceu a mão.

— Joe Carlucci.

A jovem colocou o pacote no chão e apertou a mão dele.

— Berenice Krueger do Clarim.

Ele lhe ofereceu uma cadeira e então disse:

— Disseram-me que jamais falasse com você ou com o Sr. Hogan...

— Por amor às crianças, disseram eles — acrescentou a Sra. Carlucci.

— Esta é Angelina. Foi por causa dela, por causa das crianças que nós... nos mudamos,

deixamos tudo, nada dissemos.

— Pode ajudar-nos? — perguntou Angelina. Berenice aprontou o bloco.

— Muito bem, não se apressem. Começaremos pelo começo.

No que Al Lemley chamava de "metade do caminho" entre Ashton e Nova York,

Marshall dirigiu o carro para o estacionamento de uma pequena seguradora em Taylor, uma

cidadezinha na encruzilhada de duas grandes rodovias e sem outro motivo genuíno para estar

ali. Ele entrou no pequeno escritório e foi imediatamente reconhecido pela senhora à

escrivaninha.

Este Mundo Tenebroso - Volume 1Onde histórias criam vida. Descubra agora