Capítulo 5

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Pouco além do outro lado do campus, mas a distância suficiente para estarem seguros,

dois homens gigantescos desceram à terra como refulgentes cometas branco-azulados,

mantidos no ar pelo ímpeto de asas que rodopiavam formando uma sombra indistinta e

queimando como relâmpago. Um deles, um homem enorme, corpulento, de barba preta, estava

muito bravo e indignado, berrava, e gesticulava furioso com uma espada longa e cintilante. O

outro era um pouco menor e olhava ao redor com muita cautela, tentando acalmar o seu

parceiro.

Em espiral graciosa e fulgurante, eles deslizaram para trás de um dos dormitórios da

faculdade e foram pousar nas copas pendentes de uns chorões. No momento em que seus pés

tocaram as árvores, a luz de suas roupas e corpos começou a desaparecer e as asas

tremeluzentes se aquietaram de mansinho. A não ser por sua estatura descomunal, eles

pareciam homens comuns, um esbelto e loiro, o outro entremeado como um tanque, ambos

trajando o que parecia uniforme de faxina do exército, um conjunto cáqui. Os cintos dourados

haviam-se tornado semelhantes a couro escuro, as bainhas eram de cobre fosco, e os

brilhantes suportes de bronze dos pés tinham-se transformado em sandálias simples de couro.

O grandalhão estava pronto para uma discussão.

— Triskal! — rosnou ele, mas ante os gestos desesperados do amigo, abaixou um pouco

a voz. — O que você está fazendo aqui?

Triskal manteve a mão erguida para que o amigo ficasse quieto.

— Psiu, Guilo! O Espírito me trouxe aqui, assim como a você. Cheguei ontem.

— Você sabe o que era aquilo? Um demônio de complacência e desespero, disso não

tenho dúvida! Se seu braço não me tivesse detido, eu o teria derrubado, e de uma única vez!

— Oh, sim, Guilo, de uma única vez — concordou o amigo — mas foi bom eu tê-lo

visto e detido a tempo. Você acabou de chegar e não compreende...

— O que é que não compreendo?

Triskal tentou dizer de maneira convincente.

— Nós... não devemos lutar, Guilo. Pelo menos por enquanto. Não devemos resistir.

Guilo tinha certeza de que seu amigo estava enganado. Segurou com firmeza o ombro de

Triskal e o olhou bem nos olhos.

— Por que eu iria a algum lugar se não para lutar? — declarou ele. — Aqui fui

chamado. Aqui lutarei.

— Sim — disse Triskal, assentindo furiosamente com a cabeça. — Só que ainda não

chegou a hora, apenas isso.

— Então você deve ter recebido ordens! Você tem ordens? Triskal fez uma pausa de

efeito e então disse:

— Ordens de Tal.

A expressão zangada de Guilo desfez-se imediatamente em uma mistura de choque e

Este Mundo Tenebroso - Volume 1Onde histórias criam vida. Descubra agora