Capítulo 34

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Berenice matou hora e meia na lanchonete de Rose Allen, pedindo um prato fundo de

sopa. Betsy tinha razão, era boa. E tomou-a bem devagar. Ficou o tempo todo de olho em

Rose. Puxa, se a mulher fizesse algum movimento na direção do telefone, Berenice cairia fora!

Mas Rose não parecia pensar que uma mulher toda machucada em sua lanchonete fosse algo

assim tão incomum, e nada aconteceu.

Quando as 7:30hs foram-se aproximando, Berenice percebeu que teria de tentar chegar

ao encontro marcado de uma forma ou de outra. Pagou a Rose pela sopa com os trocados que

tinha no bolso e saiu.

Parecia que a viatura policial que havia parado no Sempre-Verde já se fora, mas a luz

estava ficando escassa e era longe demais para Berenice saber ao certo. Ela teria de averiguar

a cada passo.

Caminhando cuidadosamente, ela ia olhando em todas as direções à procura de

policiais, agentes de tocaia, veículos suspeitos, qualquer coisa. O estacionamento do Sempre-

Verde estava superlotado, o que provavelmente era típico de uma noite de sábado. Ela não

tirou os óculos escuros, mas a não ser por isso tinha a exata aparência da Berenice Krueger

que a polícia procurava. O que mais podia fazer?

Ao aproximar-se do bar, ela olhou aqui e ali à procura de rotas de escape. Descobriu

uma trilha que levava ao matagal nos fundos, mas não tinha a menor idéia de seu comprimento

e de onde terminava. De modo geral, não parecia haver muitos lugares aos quais correr ou

onde se esconder.

Os fundos do Sempre-Verde constituíam a parte do prédio à qual ninguém dava a

mínima importância; os três carros velhos, as geladeiras esquecidas, os barris de cerveja

amassados e as pilhas de mesas de superfícies arrebentadas que se enferrujavam ali e as

cadeiras totalmente destruídas afastavam-se apenas o suficiente para permitir um estreito

caminho que chegava à porta de trás.

Essa porta também riscava um arco no linóleo. A música da vitrola automática rebentou

sobre Berenice como uma onda, da mesma forma que a fumaça de cigarros e o enjoativo

cheiro adocicado de cerveja. Ela fechou a porta atrás de si e achou-se numa caverna escura

cheia de silhuetas. Cautelosamente, ela olhou sobre, sob e à volta dos seus óculos escuros,

tentando ver onde se encontrava e onde todas as outras pessoas se encontravam sem tirar os

óculos.

Tinha de haver algum lugar para se sentar ali. A maioria das mesas isoladas estavam

cheias de madeireiros e suas namoradas. Havia uma cadeira no canto. Ela tomou-a e

acomodou-se para examinar o aposento.

Desse lugar ela conseguia vislumbrar a porta da entrada e podia ver quem entrava, mas

não conseguia distinguir-lhes as feições. Dan, atrás do bar, ela reconheceu; ele servia cervejas

ao mesmo tempo que tentava manter as coisas sob certo controle. Os ouvidos da moça

Este Mundo Tenebroso - Volume 1Onde histórias criam vida. Descubra agora