Berenice matou hora e meia na lanchonete de Rose Allen, pedindo um prato fundo de
sopa. Betsy tinha razão, era boa. E tomou-a bem devagar. Ficou o tempo todo de olho em
Rose. Puxa, se a mulher fizesse algum movimento na direção do telefone, Berenice cairia fora!
Mas Rose não parecia pensar que uma mulher toda machucada em sua lanchonete fosse algo
assim tão incomum, e nada aconteceu.
Quando as 7:30hs foram-se aproximando, Berenice percebeu que teria de tentar chegar
ao encontro marcado de uma forma ou de outra. Pagou a Rose pela sopa com os trocados que
tinha no bolso e saiu.
Parecia que a viatura policial que havia parado no Sempre-Verde já se fora, mas a luz
estava ficando escassa e era longe demais para Berenice saber ao certo. Ela teria de averiguar
a cada passo.
Caminhando cuidadosamente, ela ia olhando em todas as direções à procura de
policiais, agentes de tocaia, veículos suspeitos, qualquer coisa. O estacionamento do Sempre-
Verde estava superlotado, o que provavelmente era típico de uma noite de sábado. Ela não
tirou os óculos escuros, mas a não ser por isso tinha a exata aparência da Berenice Krueger
que a polícia procurava. O que mais podia fazer?
Ao aproximar-se do bar, ela olhou aqui e ali à procura de rotas de escape. Descobriu
uma trilha que levava ao matagal nos fundos, mas não tinha a menor idéia de seu comprimento
e de onde terminava. De modo geral, não parecia haver muitos lugares aos quais correr ou
onde se esconder.
Os fundos do Sempre-Verde constituíam a parte do prédio à qual ninguém dava a
mínima importância; os três carros velhos, as geladeiras esquecidas, os barris de cerveja
amassados e as pilhas de mesas de superfícies arrebentadas que se enferrujavam ali e as
cadeiras totalmente destruídas afastavam-se apenas o suficiente para permitir um estreito
caminho que chegava à porta de trás.
Essa porta também riscava um arco no linóleo. A música da vitrola automática rebentou
sobre Berenice como uma onda, da mesma forma que a fumaça de cigarros e o enjoativo
cheiro adocicado de cerveja. Ela fechou a porta atrás de si e achou-se numa caverna escura
cheia de silhuetas. Cautelosamente, ela olhou sobre, sob e à volta dos seus óculos escuros,
tentando ver onde se encontrava e onde todas as outras pessoas se encontravam sem tirar os
óculos.
Tinha de haver algum lugar para se sentar ali. A maioria das mesas isoladas estavam
cheias de madeireiros e suas namoradas. Havia uma cadeira no canto. Ela tomou-a e
acomodou-se para examinar o aposento.
Desse lugar ela conseguia vislumbrar a porta da entrada e podia ver quem entrava, mas
não conseguia distinguir-lhes as feições. Dan, atrás do bar, ela reconheceu; ele servia cervejas
ao mesmo tempo que tentava manter as coisas sob certo controle. Os ouvidos da moça
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Este Mundo Tenebroso - Volume 1
SpiritualEste livro conta a história de uma das maiores batalhas espirituais já travadas pelos anjos de Deus contra os principados e potestades deste mundo tenebroso. O episódio tem seu início sob o céu e entre os habitantes da cidadezinha de Bascon, propaga...