A lua estava cheia. Uma noite fresca e linda. O brilho da lua atravessara a varanda chegando em Elisabete. Elisabete estava ali, parada e sozinha sentindo o vento passar sobre si, porém a solidão era tanta que mal conseguia admirar a paisagem que a cercava. Para ela não era fresco, mas frio. Frio dentro de si. Coração congelado. "Quem gosta de viver assim?" Pensava ela enquanto observava a lua. Voltou para o quarto e fechou a porta que dava acesso para a varanda. Elisabete olhou para o relógio e por um momento pensou o quanto perdera seu tempo com esse casamento que só trazia angustia e dor.Já eram mais de 23:30 e Marco ainda não havia chegado. Como todas as noites Elisabete jantara sozinha. Na casa havia apenas ela e um imenso vazio. Eles tinham uma empregada que ia uma vez por semana, Elisabete sempre dava conta de arrumar tudo, mesmo a casa sendo grande ela preferia arrumar e cuidar. Um dos motivos que largara o emprego de professora era exatamente esse. E mais uma vez se perdeu em seu pensamento lembrando de uma amiga chamada Noêmia, uma amiga que trabalhou com ela na escola. E ela lembrou o quanto sua amiga a aconselhou não sair da escola para cuidar do lar, que ela poderia fazer os dois, mas ela não a escutara. O arrependimento tomou conta do seu ser, então nem chegou a terminar sua refeição e se levantou da mesa tirando os pratos e copos. Após arrumar e lavar as louças da janta, subiu e foi para o quarto. Claro que ela queria uma companhia que a compreendesse e que a amasse, porém, sabia que não podia esperar isso de Marco. A mudança de Marco a machucava e por um momento da vida deles, ela se calou. Ele já não falava e agora ela resolveu se calar também, e foi ai que o inferno começou na vida dos dois. Não um inferno barulhento, mas um inferno quieto e vazio, confuso e angustiante. "Céus, aonde eu errei?" Pensava ela enquanto tirava o cobertor que cobria sua cama.
Elisabete e Marco já não dormiam juntos há tempos. Ele sempre acordava cedo demais e sempre chegava tarde demais. Para não atrapalhar o sono de Elisabete, ele preferiu ir para o quarto ao lado. Eles nunca se tocavam, mal se viam. Marco era frio e nem se tocava que precisava tomar uma atitude. Marco não conversava com sua esposa, e mal falava o necessário. Ele ficou amargo depois que perdera o pai e o cachorro, mas não se dava conta de que sua esposa não tivera culpa desses fatos cruéis, porém, ele não quis saber se machucaria alguém, apenas se fechou para si, e por mais que amasse sua mulher não conseguia enxergar isso, se conformou em viver uma vida de trabalho pra casa e casa para trabalho. E mais uma vez chegou sem ver Elisabete. Estacionou o carro e subiu diretamente para o seu quarto. A casa estava escura e silenciosa. Não havia alegria, era tudo muito quieto e vazio.
Amanheceu e Elisabete acordou com o barulho do telefone tocando. Então acordou meio confusa, foi até o telefone e atendeu.
_ Alô? _ Disse ela com a voz de sono.
_ Bom dia minha querida nora! Tudo bem?
Elisabete revirou os olhos e respondeu:
_ Tudo sim sr Julieta! E vocês? Estão bem?
_ Sim minha linda! Estou passando para avisar que vou passar uns dias com vocês! Estou com saudades!
Elisabete não odiava a sogra, mas também não morria de amores por ela.
_ Sério? _ Gaguejou _ Tudo bem, mas aconteceu alguma coisa para a senhora vim de repente? _ Passou as mãos nos olhos.
_ Não aconteceu nada não minha querida, fica tranquila. É só saudades mesmo.
Se despediram e desligaram o telefone.
Assim que Elisabete desligou o telefone com a sogra, imediatamente ligou para o seu marido, se é que se ainda podia chama-lo assim e perguntou se ele almoçaria em casa, pois, precisava falar com ele. Marco não queria ir em casa só para almoçar, mas quando Elisabete disse que precisava conversar ele mudou de ideia pois pensara que poderia ser alguma coisa que envolvesse seu casamento e por mais que ele fosse distante, não queria que o casamento acabasse.
Enquanto isso, Elisabete preparava o almoço, um assado de legumes para ele, pois sabia que ele amava. Depositou todo o seu amor na comida pois queria de alguma forma ter um momento carinhoso com ele, pretendia o tratar com amor, já que há muito tempo não faziam nenhuma refeição juntos.
Marco chegou de supetão na cozinha e foi direto ao ponto.
_OI! O que quer falar?
_ Ah! Oi! _ Hesitou em falar _ Senta, o almoço está quase pronto.
_ Elisabete eu não tenho tempo, fala de uma vez. _ Respondeu grosseiro.
Elisabete engoliu a saliva e sentiu um aperto no peito e uma vontade de chorar.
_ Bom _ Passou a mão na testa _ Sua mãe ligou e disse que pretende passar uns dias aqui.
_ Era isso? _ Marco a encarou.
Elisabete expressou desentendimento.
_ Era isso que queria falar? _ Continuou Marco.
_ Sim Marco, era isso. _ Disse Elisabete inconformada com a atitude do marido.
_ Não podia falar por telefone?
_ Não Marco.
_ Não podia me esperar chegar? Eu tinha que vim aqui agora para você dizer que minha mãe vai vim aqui passar uns dias? _ Disse Marco pegando sua maleta.
_ Marco, sua mãe vai passar uns dias aqui. Precisamos conversar sobre isso.
_ Elisabete aqui tem comida, banheiro, quarto, água e energia. Então tudo que minha mãe precisar tem aqui, Não há o que conversar.
_ Claro! _ Disse Elisabete com a voz baixa.
Marco pegou sua maleta e quando ia saindo Elisabete o repreendeu:
_ Você não vai almoçar? Eu fiz assado de legumes. Eu sei que você gosta. _ Elisabete sorriu.
_ Não, não estou com fome. _ Marco se retirou.
A atitude de Marco fora completamente dolorosa para Elisabete. Portanto, ela sentou-se à mesa e começou a comer. Em seguida surgiu uma raiva dentro de si, levantou-se, pegou o prato e jogou no chão. E logo depois catou os cacos e sussurrou:
_ Será que alguém poderia catar os meus cacos?
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A busca por um casamento feliz
RomanceDepois de 5 anos de infelicidade, Elisabete, uma mulher bonita e conservadora se cansa de seu casamento e decide pedir o divorcio. Mas ao tomar essa decisão, seu marido, Marco, decide lutar para evitar essa situação. Será que ele reconquistará sua e...