A Surpresa

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Se passou um mês. Durante esse mês, Elisabete passou muito mal. Dores de cabeça, enjoo, dores nos seios e muitos outros fatores. Mas não deixava de dar aula. Estava sempre presente em sala de aula e fazia de tudo para ficar com as crianças.
Durante esse mês, ela lutou para ajudar a Zé Augusto a se enturmar, e estava ajudando. Zé Augusto recebia muita atenção dela e do Marco, portanto, se sentiu amado. Infelizmente, Zé Augusto sempre presenciava as brigas dos pais, inclusive via o quanto sua mãe apanhava. Por isso ele sentia tanto medo. Vivia um tormento que parecia não ter fim. Crianças não deveriam passar por isso, pensava ela. São tão inocentes, e por isso existe tanta dor no mundo, porque as crianças que presenciaram um cenário de violência, crescem acreditando que esse é o certo. Mas Elisabete iria lutar para que Zé Augusto não passasse mais por isso. Em uma das conversas, Zé Augusto pediu para morar com Elisabete, claro que o coração dela se partiu em mil pedaços, mas infelizmente não podia deixar ele morar com ela.

Depois de tanto passar mal, Elisabete decide ir ao médico. Tulipa a acompanhara porque a cidade era um pouco longe da fazenda e ela poderia passar mal a qualquer momento. Enquanto isso, Marco ficou na Escola. Elisabete só ficara até a hora do lanche, a partir da aí, Marco assumiria e daria as aulas de matemática. Marco nunca se imaginava dando aula, sempre ficou em sua empresa e nunca se imaginou em outra área, mas para agradar sua mulher, tudo valia. Porém, Marco estava gostando, pois estava feliz e estava a fazendo feliz. Ele vai a empresa uma vez por mês, e quem toma conta na ausência é uma grande amigo. Tudo é passado por e-mail, então tudo ficou mais fácil.

***
_ Olá Doutor Carasseles. Elisabete Zulato._ Se apresentou.
_ Então, como está tudo? Tem tempo que não faz alguns exames?
_ Pra falar a verdade doutor, tem mais de um ou dois meses.
_ Mas você está sentindo alguma coisa ou veio fazer exame de rotina?
_ Na verdade doutor, não estou me sentindo bem já tem um tempinho. Dores de cabeça forte, enjoo, dores nos seios.
_ Bom, vou te passar todos os exames, inclusive de gravidez. Isso está me cheirando criança a bordo.
Elisabete se alegrou.
_ Será doutor? Se eu estiver mesmo grávida, meu Deus! Vou ser a pessoa mais realizada desse mundo.
_ Mas vamos com calma! Vou pedir todos os exames. Deve ficar pronto em uma ou duas horas. Depois traz pra mim. Ok?
_ Tudo bem doutor!

***
Chegou a hora dos alunos irem embora. Marco havia conseguido dominar as aulas com tranquilidade, nada havia fugido do controle, ainda. Acélia, muito esperta, viu que Elisabete não estava na escola, sendo assim, ela esperou para que todos os alunos fossem liberados para poder ir buscar Zé Augusto e ter a oportunidade de ficar a sós com Marco.
Claro que Acélia não ia perder a oportunidade, então colocou um dos seus vestidos curtos e decotados e foi. Acélia apesar de tudo, era uma mulher muito vaidosa, estava sempre arrumada e cheirosa. Ela tinha esperanças de encontrar um caminhoneiro e fugir sem deixar rastros, mas já que encontrou Marco, resolveu aproveitar a oportunidade.
Enquanto isso, seu marido, estava no bar enchendo a cara. Como todos os dias.

Marco estava de costa e ainda não tinha se dado conta de que Acélia estava ali. Ele se deu conta, quando Zé Augusto pegou sua mochila, correu até ele, sacudiu sua roupa e disse que a mãe dele estava ali. Quando Marco se virou, ela estava encostada na porta. Estava fazendo charme, o olhando, pensando em uma forma de o conquistar.

Marco para amenizar o clima chato que ficou, a questionou.
_ Ei Acélia! Faz tempo que está aí?
_ Pra falar a verdade, um pouco. Tava observando o sinhô. Tão bonito.
_ Pegue suas coisas Zé Augusto, não esqueça do dever de casa, hein? Tia Elisa vai ficar muito triste se você não tentar fazer. _ Disse Marco ignorando Acélia.
_ Falando nisso, cadê tia Elisabete? _ Disse ela revirando os olhos.
_ Ela foi ao médico! Obrigada pela preocupação.
_ O sinhô é tão educado. Diferente da sua mulher, que adora se intrometer na vida dos outros.
_ Acélia, Elisabete está aqui para cuidar de cada aluno, e se for preciso, ela vai sim procurar a família.
_ Zé Augusto, vai pegar água pra mamãe vai. _ Disse Acélia.
_ Ocê é tão bonito_ Acélia se aproximou dele e colocou as mãos em seus ombros.
_ Obrigada Acélia. Mas não precisa me tocar para elogiar. _ Marco retirou as mãos dela de seus ombros.
_ Por que? Ocê tem medo, é? Medo de não resistir aos meus encantos. _ Acélia riu.
Marco não estava achando graça daquela situação, pois sabia que sua mulher iria ficar uma fera quando soubesse daquela situação. Marco respirou fundo.
_ Já esqueceu do peso das mãos do seu marido, Acélia? Espero que você não queira conhecer o peso das mãos da minha mulher.
Acélia deu um passo para trás.
_ Eu não tenho medo do meu marido, muito menos da sua mulher. Marco, você ainda vai cair nos meus encantos.
_ Tchau Acélia.
Acélia se foi. Marco ficou completamente constrangido e ficou se perguntando se deveria contar para sua esposa o que tinha acontecido ali. Marco sabia que o silencio já havia causado problemas demais no passado, mas o que ele menos queria era estragar o momento tão bom que estavam vivendo.

***
Os exames haviam ficado prontos, e claro, Elisabete estava ansiosa. O que ela mais queria era ter um filho para cuidar e amar. E claro, presentear o seu casamento com algo tão especial. O amor pela maternidade estava em seu sangue. Não tinha jeito. Com certeza, se o exame de gravidez der negativo, vai ser uma grande frustração. Elisabete pegou os exames e foi entregar para o doutor. Tulipa ficava muito feliz em ver as coisas progredindo, e Tulipa tinha fé de que o resultado seria positivo. Elisabete bateu na porta da sala do Dr Carasseles e ele a mandou entrar.

_ Pronto Doutor, estão prontos.
_ Vamos ver.

_ E aí? Estou grávida? _ Elisabete mal esperou o médico abrir os exames.
O doutor ficou em silêncio por alguns minutos a olhando fixamente. "Pronto, não estou gravida." Pensou Elisabete.
_ Tenho duas notícias, uma boa e uma ruim. Escolhe a que você quer primeiro.
_ A boa. _ Respondeu rapidamente.
_ A boa é que você está grávida.

Quando escutou a palavra "gravida", o som ecoou em sua cabeça. Elisabete foi parar em outra dimensão. Em sua cabeça, ela não estava em um consultório médico, e sim no paraíso, aonde não havia dor e nem desespero, aonde só havia felicidade e alegria. Suas emoções explodiram. Seus batimentos cardíacos aumentaram. Por um momento ela imaginou o resto da sua vida inteira ao lado daquele bebê. Colocou sua mão na barriga e sorriu. O sonho estava realizado. Era mãe. Não ia ser mãe, ela já era mãe. Já havia uma vida dentro dela. Ela ficou radiante. Não conseguia pensar em mais nada além do seu bebê. A vontade dela era correr, cantar, abraçar Marco e contar que agora a vida deles mudariam para melhor. Que a partir de agora a casa teria mais brilho. Para ela nada mais importava. Ela sempre sonhara com essa criança. E por um casamento frustrado por muito tempo, não teve essa oportunidade. Mas agora, tudo que ela queria era sair e contar para todos sobre essa coisa maravilhosa chamada maternidade.


_ Que benção minha filha! Que Deus te abençoe muito. _ Disse Tulipa a abraçando.
_ Parabéns mamãe! _ Disse o doutor.

Elisabete abraçou Tulipa. A felicidade transbordava em seu ser.
_ E a ruim? _ Perguntou Tulipa.
_ A ruim é que você tem pressão Alta, certo?
_ Sim, Doutor!
_ Então, você precisa cuidar disso. Vou te passar uma receita e te indicar um doutor excelente para você fazer seu pré-natal.

_ Obrigada doutor.

Elisabete estava tão feliz, que seu único desejo era ir pra casa e contar para seu marido a grande novidade.

***

Elisabete parou o carro para Tulipa abrir a porteira, mas ela estava tão ansiosa que só pensava em falar com Marco. Depois que entrou dentro da fazenda e estacionou o carro, desceu do carro e saiu correndo gritando por Marco.

_ Marco. Marco. _ Dizia repetitivamente.
Marco estava angustiado pelo ocorrido com Acélia, e a única coisa que se passava em seu pensamento era falar com a esposa sobre o que aconteceu. Porém, Elisabete não o deixou falar uma só palavra.
_ Amor, amor, amor! _ Elisabete correu e o abraçou.
_ Eu preciso te contar algo. _ Disse Marco
_ Não, eu preciso falar primeiro.

_ Elisa, me escuta. _ Elisabete o interrompe.

_ gravida.

_ Oi? _ Marco gaguejou pois foi pego de surpresa. _ Meu amor.

_ Vamos ser papais meu amor. _ Elisabete pulou em seus braços e ele a pegou.

Naquele momento Marco esqueceu de tudo, a única coisa que estava em seu coração era felicidade. Alegria. Paz. Era como se ele estivesse no caminho certo da vida. Como se fosse o acerto mais bonito da vida dele, era a estrada que ele deveria ter trilhado há muito tempo, mas esse parecia o tempo certo. Ele não sabia como reagir, por fora ele estava quieto, mas por dentro eram um turbilhão de sentimentos bons. Ele ficou tão feliz que o seu sorriso mal cabia em seu rosto. Marco pegou Elisabete no colo e a encheu de beijos. Naquele momento ele teve certeza. Era ela que ele queria para ser mãe dos seus filhos.

A busca por um casamento felizOnde histórias criam vida. Descubra agora