O grande dia

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Chegara o grande dia. Era de manhã, bem cedo, o dia estava lindo. O sol estava lindo. Elisabete estava tão ansiosa que já estava em pé Seu coração acelerava a cada dois minutos. Ela tentava relaxar mas não conseguia. Só conseguia imaginar cada minuto daquele grande dia. Faltavam umas duas horas para começar as aulas, e ela já não aguentava mais esperar para realizar esse grande sonho. Finalmente ela iria inaugurar a escola que tanto sonhara. Esse sonho não era de agora, e sim de muito tempo atrás, portanto, quando finalmente chegou ela não conteve de alegria. Ela comia unha, coçava o cabelo, coçava os olhos, havia borboleta em seu estômago. Elisabete e Marco escolheram um nome fácil e legal para a escola: A arte de aprender.
Marco também estava muito feliz. Principalmente em realizar esse sonho da esposa. Marco certamente não tinha essa sensibilidade que Elisabete tinha, mas ver a mulher trabalhando para o bem de alguém o deixava extremamente feliz. "Eu me casei com a mulher certa." Pensava ele. A decoração da escola estava linda, a frente da escola estava pintada com um azul céu. Marco havia feito a placa com o nome da escola com madeiras. Estava tudo incrível. Em frente havia uma placa bem bonita e colorida escrito "Sejam todos bem vindos".

Elisabete levantou da cama, tomou um banho e se arrumou. Linda como sempre, e uma bela professora. Marco também levantou e se arrumou. Depois tomaram um café bem fortalecido e foram ver algumas coisas na sala. Havia um quadro branco para Elisabete dar a aula e um quadro negro para recados. Elisabete pegou o giz e escreveu o horário de cada atividade.

> 7:30 – Começo das aulas.

> 9:30 – Lanche

> 11:30 _ Almoço

> 12:30 – Saída


As horas pareciam não passar. Padre Antônio havia arrumado uma topique para levar as mães e as crianças. Elisabete consultou seu relógio de pulso e já eram 7:00 horas. "Ufa, a hora passou." Pensou. E finalmente as 7:05 começou a chegar crianças.
As criança iam chegando e Elisabete e Marco se apresentavam, e anotavam os nomes das crianças e de cada responsável.
Quando estava quase na hora de começar a aula, Acélia chega com seu pequeno filho, Zé Augusto.
_ Ei, bom dia. _ Disse Elisabete.
_ Bom dia. _ Acélia não parecia muito agradável.
_ Então, como é seu nome e o nome desse garotinho adorável? _ Elisabete apertou carinhosamente as bochechas de José Augusto.
_ Me chamo Acélia. Esse é meu filho, José Augusto, mas todo mundo chama de Zé Augusto.
_ Desculpa, mas. _ Elisabete hesitou ao falar. _ Seu pescoço, aconteceu alguma coisa? Pode ir entrando Zé Augusto.

O pescoço de Acélia estava roxo, e quando Elisabete se deu conta, seu braço também estava.
_ Sinhora, num é só porque ocê é dona dessa escola que ocê tem o direito de se envolver na minha vida não. _ Acélia terminou de falar e se retirou.

Acélia morava no interior desde sempre portanto seu sotaque era bem forte.


Elisabete estranhou aquela reação, mas entrou e começou a aula. O primeiro dia foi só brincadeiras.
_ Bom dia queridos alunos, eu sou a tia Elisabete e esse é o tio Marco.

Tomaram o início da aula e ficaram conversando, se conhecendo e fazendo brincadeiras inteligentes. Zé Augusto era o mais quieto e amedrontado. Ele não se comunicava muito, mal falava uma palavra. Seu olhar era tímido. Ele não tinha uma personalidade formada. Ele não olhava dentro dos olhos, sempre desviava o olhar, comia unha, aparentava ser nervoso.
Na hora do lanche, todos ganharam uma toalhinha para forrarem a mesa para lanchar. Elisabete pediu para que Tulipa preparasse sanduíches natural e suco de abacaxi. As crianças eram famintas, magras e aparentavam ser mal tratadas. Quando foram retomar as aulas, Elisabete percebeu que Zé Augusto estava bem quieto no cantinho. Quando se deu conta, ele estava chorando.
Elisabete foi até ele para entender o que estava acontecendo.
_ Zé Augusto meu amor, o que foi? _ Elisabete passou a mão levemente em seu rosto enxugando suas lagrimas.
Ele continuou em silêncio. Não a encarava e demonstrava medo. Comia unhas e desviava o olhar. Elisabete ficava mais preocupada ainda, porque por mais que cada criança aparentava algum problema, nenhuma agia como Zé Augusto.
Mas Elisabete insistiu e ele respondeu.
_ Tia, eu tô com medo. _ Abaixou a cabeça.
_ Medo de que meu amor?
E novamente ele se calou. Não quis dizer uma só palavra. Então enxugou as lágrimas e continuou quietinho.
Elisabete e Marco ficaram bem preocupados.

Depois que passou a hora do almoço, cada pai foi buscar seu filho, cada criança ganhou um livro de historinha para ver em casa, já que ainda não sabiam ler.

Quando Acélia chegou, Elisabete foi conversar com ela sobre o comportamento de Zé Augusto. Marco estava ao lado de Elisabete, quando Acélia viu Marco, jogou os cabelos de lado, como se fosse charme. Mal se importava com o que Elisabete dizia., apenas olhava com Malicia. Elisabete já estava ficando irritada vendo aquela situação.

_ Acélia? Eu estou falando. _ Suspirou.
Acélia não tirava os olhos de Marco.
_ Eu já ouvi tudinho, sinhora. Zé Augusto tem essas frescura mesmo. Liga não. E esse quem é? Algum professor.
_ Esse é o meu marido e eu te peço respeito.
_ Ocê casou bem. _ Acélia riu.

Elisabete ficou extremamente incomodada com aquela atitude. Que mulher doida, pensava ela. Era muito estranho o comportamento de Zé Augusto comparado com as outras crianças. E Acélia não demonstrava nem um pouco de compaixão pelo filho.
Elisabete e Marco decidiram que ficariam mais atentos com tudo em relação a Zé Augusto.

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