Catarina

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Marco e Elisabete decidiram deixar a escola fechada por uma semana em respeito a Zé Augusto e a todas as crianças que estudavam ali. Apesar de Acélia não ser muito adorável, era mãe de um dos alunos e toda a vizinhança a conhecia. Aproveitaram esse tempo para comprar os moveis para o quarto de Catarina. Estavam felizes e ansiosos para começarem com a decoração, de início deixariam Zé Augusto com Tulipa, mas Zé Luiz ainda estava solto e poderia voltar a qualquer momento para fazer mal a eles. Portanto, entraram no carro e todos foram para a cidade. Elisabete evitava qualquer assunto que a levasse de volta para aquele terrível dia. Cada palavra, seja qual fosse relacionada com o dia em que Acélia morreu, a deixava transtornada, e a fazia se sentir como se ela ainda estivesse lá, ela não havia superado, e tinha optado por esquecer, mas como esquece um fato tão grave como um assassinato em seu próprio quintal? E por mais que ela estivesse voltado a falar e demonstrasse melhoras, por dentro ainda doía. Era muitas coisas para ela assimilar, era a gravidez, a morte de Acélia, cuidar de Zé Augusto e Zé Luiz ainda estava volto. Além de relembrar isso durante os dias, a noite os pesadelos a assombrava, por mais que quisesse, Elisabete ainda não estava curada.

***

Quando chegaram na cidade, resolveram se separar, Tulipa iria comprar as roupas de Zé Augusto, que estava precisando com urgência. Suas roupas eram rasgadas e velhas, pois Acélia não trabalhava e Zé Luiz não dava dinheiro para comprarem roupas para o menino, seu dinheiro era todo voltado para a bebida, então Zé Augusto estava sempre com roupas ganhadas, rasgadas e velhas. Entregaram o dinheiro para Tulipa, para eles almoçarem e comprarem as roupas novas. Enquanto isso, Elisabete e Marco estavam decidindo quais moveis seriam para o quarto de Catarina. Olhavam em várias lojas mas não chegavam a um consenso.

_ Amor, olha essa loja aqui. _ Disse Elisabete apontando para a placa da loja.

_ Amor, sem pressa. Olha bem amor, não parece ter nada bonito. Nossa filha merece o melhor.

_ Amor, a gente nem entrou. _ Elisabete relaxou os ombros.

_ Vamos andar mais um pouco.

_ Lembra amor que minha barriga está grande. E pesada. _ Elisabete apontou para sua barriga.

_ Está vendo aquele banco ali na praça? _ Marco apontou para o banco.

_ O que tem a ver?

_ Senta lá e me espera. _ Marco riu.

_ Engraçadinho. _ Elisabete revirou os olhos.

Continuaram com a missão de encontrar os móveis, mas a barriga de Elisabete estava grande e pesada, o que tornava o passeio cansativo. Entravam e saiam de loja mas nada agradava o casal, quando um gostava, o outro não gostava. Marco era muito crítico e Elisabete perfeccionista. E mais uma vez, tentaram entrar em outra.

_ Gostei dessa. Vamos entrar. _ Disse Marco.

_ Minha opinião vale alguma coisa aqui, S.r. Marco?

_ Para de ser tão dramática amor _ Marco a beijou carinhosamente.

Quando entraram na loja se encantaram pois eram moveis diferentes do que todos estão acostumados. A maioria das mamães escolhem guarda-roupas brancos, berços brancos, mas aquela loja era diferente. Quando Marco olhou para o berço, se encantou de cara, e reviveu sua infância. O berço era de madeira bruta e crua, não era pintada, apenas envernizada, como os berços de antigamente, como o seu próprio berço. Seus olhos brilharam e eles conseguiu relembrar cada detalhe de sua infância. Elisabete o olhou e percebeu os olhos de seu marido cheio de lagrimas, e ela sabia bem o porquê, portanto, sorriu e ele nem precisou dizer nada, seria aquele berço.

A busca por um casamento felizOnde histórias criam vida. Descubra agora