A carta

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Marco estava prestes a sair da cidade. Ele já havia desistido do casamento, mesmo sabendo que tinha dito que não iria desistir, ele desistiu. Não suportava a ideia de Luca ter beijado Elisabete.
"Como Elisabete nunca me contou sobre esse beijo? Ela nunca me amou de verdade." Pensava ele.


Elisabete foi pra casa. A casa estava vazia. Vazia como sempre esteve. Não de bens materiais, mas de amor, de alma e de presença. Quando entrou em casa não sentiu paz, mas tormento. Aquela casa estava cheia de lembranças, mais ruins do que boas. Sentiu pesar em seus ombros todos os anos que foi infeliz naquela casa. Veio em sua memória todas as vezes que chorou sozinha e sentiu a solidão na própria pele, lembrou de alguns momentos bons depois de muita dor, mas os momentos ruins sempre ganhavam. Elisabete estava tão vazia por dentro que mal poderia dizer que havia uma alma ali. Era como se ela não tivesse mais alma, só sentia a exaustão do corpo. A tristeza tomava conta do seu ser. Ela estava tão triste, que não conseguia nem chorar.

Elisabete entrou na sala e colocou a bolsa em cima do sofá. Pegou o porta retrato que estava em cima de uma mesinha, olhou para ele e se lamentou. Com o porta retrato na mão, caminhou até ao banheiro e o jogou no lixo. No porta retrato estava uma foto sua com Marco no dia de seu casamento. Elisabete subiu para o quarto e antes de entrar no quarto dela, entrou no quarto de Marco e viu que seu guarda roupa estava vazio.
Naquele momento sua ficha caiu, ali ela Percebeu que tudo tinha acabado de verdade.
Fora para o seu quarto, e percebeu que em cima da escrivaninha havia uma carta. Mas estava tão cansada que nem se importou com a carta, afinal, poderia ser qualquer conta para pagar.

***

Enquanto isso Marco estava na estrada indo para o seu sítio. Marco estava longe. Não só de KM mas também no pensamento. Tudo que ele queria era uma reconciliação. Sabendo que os dois haviam errado, era mais fácil largar tudo, se perdoarem e serem felizes, mas quem pensa isso no momento de sofrimento? Tudo o que pensamos é no ódio, na angustia e na dor.

***

O dia amanheceu, mas o sol não estava brilhando. Parecia que os céus sabiam da dor de Elisabete. O dia estava cinza, como ela. Não chovia, assim como ela não chorava, mas era escuro e pesado. Então, levantou vagamente e foi para o banheiro tomar um banho. Cada passo que dava no chão, sentia como se facas tivessem entrando em seus pés. Doía da cabeça aos pés. Elisabete tomou um banho e colocou uma roupa simples, pois a única coisa que queria era ficar quieta em casa. Ela precisava desse tempo. Precisa pensar em seu futuro e esquecer o passado. Voltou para cama para ler um livro sobre a segunda guerra mundial, mais uma vez Elisabete olha para a carta e percebeu que a carta estava em cima do livro, por curiosidade resolveu ler.

De: Marco
Para: Elisabete
"Querida Elisabete, como eu gostaria de começar essa carta te chamando de "minha querida Elisabete", mas não sei se ainda posso chamá-la de minha.
Quando nos casamos eu prometi que cuidaria de ti, e que te faria a mulher mais feliz do mundo. Eu não cumpri com minhas palavras, e confesso que errei muito. Fui o verdadeiro motivo da sua infelicidade e lamento por isso. Você sempre fora uma mulher dedicada e espetacular. Linda por dentro e por fora. Elogiar não adianta agora, mas eu peço desculpas. Por cinco anos fui o pior marido, reconheço. Deixei meu instinto profissional falar mais alto. Como eu me arrependo.
Elisa eu te contei sobre o beijo com Estela, mas ela nunca teve efeito sobre mim. Não contei antes porque tinha medo de perdê-la e olha agora, a perdi.
Eu decidir ir embora porque Luca me contou sobre o beijo de vocês. Por alguns minutos eu pensei que não me amara, mas depois me dei conta que tudo tem uma explicação.
Elisabete me desculpe por não ter te dado filhos, sei que sonhara com isso.
Para declarar meu arrependimento, saiba que sei dos teus sonhos e quero lhe ajudar.
Lembra do sítio? Vai pra lá. Ele é seu agora. Seu sonho sempre foi ir para o interior. Lembra daquela casa de ferramentas? Abre sua escola, lá. Você sempre quis dar aula para crianças com dificuldades ao acesso à educação. Faça sua vida.
Eu fui embora Elisa, mas meu coração ficou com você.
Vai pro sítio agora. Se você mudar de ideia e querer reconstruir sua vida comigo, eu estarei lá. Mas se ainda sim, você quiser ficar sozinha, eu irei embora. Mas estou esperançoso. Saiba que estou com o divórcio em mãos. Agora você decide o destino do divórcio. Então, venha e me diz se vamos assinar ou rasgar. Amo você. Você é a mulher que quero para ser a mãe dos meus filhos.
Com amor, Marco.

A busca por um casamento felizOnde histórias criam vida. Descubra agora