A visita do Padre

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As coisas finalmente ficaram prontas. A escola havia ficado linda, e superado as expectativas de Elisabete. Tudo que sempre sonhara era uma escola que pudesse atender as crianças necessitadas. Desde criança sempre tivera esse coração enorme, essa cede por ajudar as pessoas, principalmente quando se tratava da educação para as crianças. O mundo é violento porque os pais não ensinam seus filhos no caminho que se deve andar. Já não ensinam o respeito por todas as pessoas, independentemente de cor, sexo ou religião. E quando alguns ensinam, sempre há lugares que outras pessoas vão ensinar o ao contrário. Elisabete sempre pensava no quanto o mundo está cruel, e ela percebia isso quando dava aula de história em uma escola pública. Os alunos não tinham educação e tão pouco vontade de estudar, mas seus históricos são repletos de dor, ausência de pais, ou abandono. E o governo não se preocupa em cuidar da educação. A educação está falida, pensava ela. Por isso Elisabete queria tanto ter uma escola para que ela se preocupasse com a educação e cuidasse de perto e que pudesse intervir, e agora, ia se realizar. O padre Antônio reunião todas as mães daquele povoado, conversou com todas e pegou o nome de cada criança necessitada, e depois foi até a fazenda para levar os nomes das crianças que iriam estudar.

O padre já era um senhor e não tinha experiências com carro, por isso pegou sua bicicleta, uma bicicleta antiga e velha, enferrujada, mas que era seu xodó. E foi até a fazenda pedalando calmamente. Padre estava muito feliz com a iniciativa de Elisabete, o mundo seria um pouco melhor se existissem mais pessoas como ela, ele pensava. Ele realmente tinha ficado impressionado com uma atitude tão linda. Quantas pessoas hoje que tem dinheiro ajudam as outras? Existem tantas ONG's, abrigos, hospitais, orfanatos que precisam de ajuda, mas ninguém se propõem a isso porque estamos sempre preocupados com os nossos interesses, com as nossas roupas de grifes e sapatos caros e esquecemos de olhar pra quem realmente precisa. O mundo é triste e solitário porque as pessoas são egoístas. Quantas pessoas hoje dentro da igreja que tem dinheiro ajudam as outras? Esses pensamentos dominavam a cabeça do padre porque Elisabete que não era apegada a igreja fazia tanto bem só em existir, enquanto outras que abriam o peito para dizer que são da igreja não ajudam nem com um abraço. É lamentável, e mais uma vez, é por isso que o mundo é triste e solitário.

O padre chegou na fazenda e Tulipa caminhou até a porteira para abrir.

_ Tulipa, você aqui. _ Disse o padre enquanto estrava com sua bicicleta.

_ Pois é padre, estou trabalhando como empregada pra dona Elisabete.

Tulipa e o Padre se conheciam há muito tempo. Tulipa sempre ia na missa domingo de manhã.

_ Olá Padre! Entre, vamos tomar um café. _ Disse Elisabete o cumprimentando.
_ Olá minha querida! Eu aceito um cafezinho sim.
_ Tulipa? _ Gritou Elisabete

Tulipa havia aberto o portão para o padre em seguida entrara para coar o café.
_ Sim senhora.
_ Não precisa me chamar de senhora, você sabe disso. _ Sorriu.
_ Pode falar Dona Elisabete!
_ Você pode trazer um café pra gente?
_ Claro! Já já trago pro cês.
_ Então minha filha, seu marido está? _ Continuou o padre.
_ Ele já deve está chegando.
_ Eu trouxe 15 nomes de crianças que precisam de auxílio.
_ Sério padre? Eu fico tão feliz. Meu coração está transbordando. Pretendo ensinar um pouco de português, Marco vai me ajudar com matemática e assim vamos nos ajudando.

Elisabete convidou o padre para ir ver a sala de aula enquanto o café não chegava, e o padre concordou. Enquanto caminhavam para a sala, Elisabete contava da sua alegria em poder ajudar cada criança. Ela sabia que eram crianças que poderiam sofrer por ausência e muitos outros fatores, e era aí que só aumentava a vontade de ter contato com esses pequeninos. O padre agradecia em sua cabeça, agradecia a Deus, por Ele ter enviado uma pessoa tão boa quanto Elisabete.

Quando chegaram, o padre se surpreendeu. A sala estava linda. Cada toque se parecia com Elisabete.

_ Padre, por enquanto temos estrutura para 20 alunos. Futuramente eu pretendo aumentar a sala. Até porque aqui era uma sala de ferramentas, por isso não ficou tão grande. _ Elisabete apresentava a sala de aula.
_ Olha Elisa, cada criança daqui tem uma história, mas que Deus abençoe sua escola.
_ Amém padre.
O padre intercedeu por aquele lugar. Quando terminaram a oração, Tulipa estava os chamando para tomar café.
Marco chegou em seguida.
_ Padre! _ Estendeu a mão o cumprimentando.
_ Ei meu filho, muito prazer.
_ Prazer padre, sou Marco, marido de Elisa.
_ Tulipa, traz mais uma xícara! _ gritou Elisabete
_ Oi meu amor. _ Disse Elisabete.
_ Oi meu amor. _ Marco a cumprimentou de volta.
Marco a deu um selinho e sentou-se.

_ Padre, estou tentando engravidar. Estamos ansiosos né meu amor? _ Disse Elisabete.
_ Estamos sim. Contando as horas pra esse dia chegar. _ disse Marco todo ansioso.
_ Que maravilha meus filhos. Filho é sempre uma benção. Que Deus abençoe esse passo de vocês.
Ficaram ali por algum tempo conversando e tomando café, até que ficou um pouco tarde e o Padre foi embora.

Marco havia mudado e isso era notado em sua voz. Ele falava com mais alegria e até falava em ter filhos. O Marco grosso e calado com certeza havia ficado para trás. E Elisabete estava tendo a oportunidade de ser quem ela sempre quis ser, e claro, com o apoio do marido. 

A busca por um casamento felizOnde histórias criam vida. Descubra agora