Estela: O problema da história

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Marco se desesperou quando pensou na hipótese de ter acontecido algo entre Estela e ele. Ele sabia que Elisabete jamais o perdoaria se esse fato fosse confirmado. Portanto, saiu louco atrás de Estela, para entender o que de fato aconteceu naquela noite. Ele amava Elisabete, e não queria que as coisas acabassem com uma interrogação. Marco ligou para Estela e marcou um encontro em uma cafeteria perto de casa.
Estela estava linda como sempre, Marco já não sentia mais nada há muito tempo, e por mais que Estela o tentasse impressionar, ela não conseguia, mas ela não se importava, e mesmo assim, sempre tentava fazer algo para seduzi-lo. As coisas pareciam combinadas, mas por incrível que pareça, o encontro desses dois não passou de uma armadilha plantada pelo destino. Por todo esse tempo separados, Estela sempre imaginava o dia em que se encontraria com ele novamente, e de tanto pedir, o dia chegou e chegou em uma péssima fase de seu casamento. Em um momento frágil aonde não se pode brincar de marido e mulher, e sim, agir como tal. Marco também ficava pensando como isso aconteceu, o porquê ela está naquele bar justo naquele momento, o porquê dela está bem atrás dele quando ele resolveu ir embora. E ele não se conformava porque queria ter todas as resposta, mas não tinha. E Estela se alegrou ao encontra-lo e quando o viu deu graças; a quem, eu não sei. Mas agradeceu, porque tudo que ela precisava era encontra-lo mais uma vez.

_ Estela. _ Marco senta.

Estela já estava sentada o esperando quando Marco chegou.
_ Hey Marco. Como estas? _ Tom irônico de sempre.
_ Estela não estou aqui para brincar. Você precisa me contar o que houve aquele dia. A gente_ Marco hesitou em dizer _ chegou _ Não conseguia dizer essas palavras, não saía, até que ele enfrentou seus medos e continuou. _ a se beijar.

Estela sorriu. Seu sorriso exalava malicia. Era indecifrável. Era como um jogo de quebra-cabeça, aonde Marco teria que quebrar a cabeça para decifrar o paradigma, e por mais que se esforçasse, não conseguia chegar ao resultado. O sorriso de Estela era confuso, era como se ela quisesse o deixar louco com aquela dúvida e com toda autoconfiança que habitava nela, ela conseguia. Ela via interrogações no rosto de Marco, aquela curta conversa de um minuto se tornou uma hora dentro da cabeça de Marco.

Estela percebe a frustração de Marco por não conseguir se lembrar de nada, e resolve quebrar aquele momento de tormento.

_ E se_ A malicia ainda estava em sua voz. _ E se estivermos nos beijado, Marco?

Estela não desviava o olhar, muito pelo ao contrário, ela o olhava nos olhos como se não houvesse medo dentro dela, como se não houvessem fraquezas ou frustrações. Naquele momento ela demonstrou ser tão segura de si, que por um momento Marco sentiu um nó no estomago e sentiu como se martelos estivessem batendo em sua cabeça, por um momento ele pensou "O beijo aconteceu, Elisabete nunca vai me perdoar."

Marco desvia o olhar, evitando a olhar no olho de Estela e tenta mais uma vez descobrir o que aconteceu de verdade.
_ Estela, fala.. Para com essas perguntas e me responde de uma vez. Aconteceu alguma coisa além de você me embebedar e me levar pra casa?

Ela não o respondia, o que aumentava a gastura que Marco sentia.
_ Marco, quer saber? Não vamos falar disso em uma cafeteria, vamos? Por que não vamos pra sua casa? _ Estela mexe em seu cabelo.
_ Na minha casa? Você tá louca?
Estela aproximou seu rosto ao rosto dele e sussurrou.
_ Alguém pode nos ver e imaginar outra coisa. Podem contar para Elisabete e piorar tudo.
Marco pensou e concordou. Foram para a casa dele. Mal Marco sabia que sua decisão não foi correta.

***

Elisabete pegou seu carro e saiu correndo. Depois do que ouvira, estava louca para chegar em casa, conversar com Marco, e obter uma explicação. O seu desejo era o abraçar e fazer as pazes. Ela o amava tanto que mesmo com o coração machucado, ela queria ouvir a explicação de Marco e o perdoar. Mas as vezes o amor deixa a duvidar. O que é amor? Será que existe apenas uma forma de amar ou cada um ama do seu jeito? Mas será que há amor, aonde há egoísmo e infidelidade? Elisabete o amava tanto que achava que poderia perdoar tudo, mas ela tinha criado esperança de que não havia acontecido nada, mas e se tiver acontecido? Será que esse anseio por perdão ainda vai existir?

Enquanto isso Marco e Estela estavam em sua casa, Estela continuava fazendo jogo duro. Ela não respondia, mas deixava dúvidas. Ela não deixava claro se era sim ou não, e isso estava acabando com Marco.

_ Estela, se você não falar agora você pode se retirar da minha casa. _ Marco estava enfurecido.
_ Por que não tomamos um vinho? Antigamente você era mais cavalheiro.
Estela sentou-se no sofá e cruzou as pernas, e mais uma vez, deu aquele sorriso que parecia mais um paradigma.
_ Estela levanta, não vou te servir nada alcoólico. Você já viu no que deu a última vez. _ A voz de Marco demonstrava ódio.

Elisabete chegou em casa e se deparou com a última coisa que ela queria ver; Marco estava com suas mãos fincadas nos braços de Estela, tentando a fazer falar e a tirando do sofá. Elisabete não escutava nada pois estava do outro lado da janela, apenas viu. Tudo que ela sabia era o que ela viu, e infelizmente, mais uma, parece outra armadilha do destino. Elisabete sentiu o mundo desmoronando-se em sua cabeça, mais uma vez. Engoliu o choro e aquilo atravessou a garganta dela como se fosse uma espinha de peixe entalada em sua garganta. Era como se ela não conseguia respirar, todo o ar em sua volta sumiu. Mas dessa vez, ela não chorou como as outras vezes, ela agiu.

Elisabete abriu a porta, entrou e a fechou com toda sua força. Marco se assustou e soltou os braços de Estela fazendo com que ela caísse sentada no sofá. Seus olhos se arregalaram quase pulando pra fora. Seu coração acelerou e tudo que se passava em sua cabeça era palavras de baixo-calão pois mais uma vez Elisabete presenciou uma cena que não deveria presenciar.

_ Eu atrapalho? _ Elisabete cruzou os braços.

_ Elisa, não. _ Marco a respondeu rapidamente.

Elisabete se aproxima vagamente de Estela.
_ Estela, acho que está na hora de você ir embora, eu assumo daqui.

Claro que Elisabete estava ironizando, mas seu coração estava destruído.
Estela sorriu e retrucou.
_ É claro. Fiquem à vontade. _ Levantou-se do sofá. _ Tchau Marco, me liga se precisar.

Estela deu uma piscadela. Ela era tão segura de si, que quando se levantou do sofá, caminhou vagamente até a porta, não demonstrando pressa e nem medo.

_ Na nossa casa, Marco? _ Elisabete bateu palmas.
_ Não Elisa, não é isso. Só me escute por favor.
_ Tá Marco, comece a falar.
_ Eu juro que fui procurar ela para ela me dizer o que realmente aconteceu, pois, queria me esclarecer com você. Fomos até a cafeteria mas ela achou melhor a gente vim pra cá, nós viemos e foi só isso. Ah ela também pediu vinho mas eu me recusei. Foi só isso eu juro.
Elisabete o escutou, e ela acreditou em suas palavras. Mas estava tão machucada que apenas se calou por um minuto e o questionou.
_ Marco, por que? Me diz, por que tem que dar tudo tão errado? Eu deixei meu trabalho para cuidar do nosso casamento e olha, só vai por água abaixo. Parece que todos os dias voltamos a estacada zero. Já tentamos terapia, já tentamos do nosso jeito mas nada vai pra frente. Isso me machuca de uma forma que você não tem noção. Eu não aguento mais isso.
Elisabete desabou. Não aguentou tanto choro guardada e chorou. O coração de Marco também partiu naquele momento, mas ele a abraçou. Elisabete se desmanchou em seus braços. Tudo que ela precisava, era de um abraço como aquele.

A busca por um casamento felizOnde histórias criam vida. Descubra agora