Quem é o rapaz?

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  Victor estava arrumando suas malas o mais rápido possível, correu para a saída, mas paralisou ao chegar no portão, ele começou a pensar em todo seu passado difícil.

  Victor era filho de um japonês que se casou com uma brasileira, eles não tinham muito dinheiro por isso foram morar em uma região pobre do Brasil, Victor cresceu em meio às dificuldades, mas sempre recebeu uma boa educação e se esforçou muito, até que seus pais foram assassinados por ladrões. Depois disso ele passou a viver sozinho, sem objetivos, amigos, parecia não viver mais.

  Emily estava olhando a TV da sala impaciente, ela parecia não gostar de algo, foi quando Victor entrou devagar.

- Esqueceu algo? -perguntou Emily o encarando.

- Não... eu decidi ficar, não tenho nada a perder mesmo. -afirmou tentando se manter firme, Emily o encarava confusa, ela foi até ele e sorriu.

- Victor, matei os homens na sua frente e agora percebo que o assassinato de seus pais ainda lhe perturba.

- Claro, como você sa... Ah esquece! Você sabe de tudo.

- Não sei não, mas sei que ficou para não perder o que está te fazendo viver agora, a emoção, um objeto, uma pessoa sem sonhos ou ambições, não vive de verdade, você está vivendo Victor?

- Não... o que vou fazer? não quero nada, perdi tudo, nem amar alguém eu consigo, estou condenado a passar o resto dos meus dias assim, vazio.

- Credo! -Emily o olhou com indiferença. - Um rapaz tão jovem e lindo, tive uma idéia... vou perturbar sua vida até você deixar de ser esse boneco oco! -afirmou animada.

- Sério isso?

- Claro, agora cubra os olhos. -Emily pegou um taco de golfe no canto da estante, sorrindo muito, ela arremessou ele com toda força na TV.

- Meu Deus! por que fez isso? era uma TV de setenta polegadas 3D! -gritou Victor vendo os restos da televisão.

- Enjoei dela, um quadro vai ficar mais bonito no lugar!

  Emily saiu tranquilamente, enquanto Victor olhava para aquilo que ele considerava uma tragédia.

Os dias se passaram tranquilo, Emily estava saindo de casa sozinha mais do que o normal, ela colocava uma roupa qualquer e saia sem dizer nada, nem precisava afinal ela que mandava em tudo ali. Um dia Victor estava entediado de ficar na casa sem fazer quase nada, foi quando Emily desceu animada.

- Victor!!! -gritou ela saindo do quarto, com uma roupa normal demais para a senhorita Emily Wyengel.

- Algum problema senhorita? -perguntou vendo que ela estava com a clássica animação de quem iria causar confusão.

- Não, vista sua roupa mais social e venha comigo!

- Posso saber para o que?

- Não, vai logo!

  Mesmo desconfiado de que não seria boa coisa, Victor obedeceu, vestiu uma roupa social e entrou no carro de Emily, que estranhamente estava usando um vestido florido, sapatilha simples, chapéu de palha e pouca maquiagem.

- A senhorita está me assustando, nunca imaginei lhe ver em um vestido florido. -afirmou observando atento o caminho.

- Eu também não, mas a ocasião requer esse sacrifício de estilo, não se preocupe, assim que terminarmos o que vamos fazer, volto a usar botas e sobretudo.

- Na verdade acho que esse estilo combina mais com o clima do Brasil, aliás não sei como você consegue usar sobretudo no calor que faz aqui.

- Acho que de tanto ficar trancada no porão de casa, minhas sensações térmicas ficaram um pouco alteradas... estamos quase chegando!

  Com o carro eles se aproximaram de um clínica psiquiátrica, Victor se assustou imaginando o motivo de Emily o levar ali, eles saíram do carro e um homem os guiou para dentro, Victor ouvia gritos vindo de um corredor, isso o deixou mais assustado, eles entraram em um escritório, onde um homem os esperava.

- Senhor e senhora Bullal, queiram se sentar. -afirmou o homem ao os ver, ele aparentava uns cinquenta anos e usava trajes formais.

- Senhorita por favor, como vai diretor Suliver? -disse Emily tranquilamente enquanto Victor se sentia perdido na conversa.

- Vou bem, o rapaz está pronto, posso o chamar? -perguntou o senhor Suliver indo em direção a porta.

- Mas é claro, quanto antes melhor, certo querido? -perguntou se direcionando a Victor.

- Sim... -respondeu sem muita certeza, Suliver saiu da sala. - Emily, o que está havendo?

- Vamos fazer uma boa ação e tirar um pobre adolescente desse lugar horrível.

- Por favor me diga a verdade.

- Eles tem um garoto com um QI muito alto, preciso desse rapaz para algo.

- E por que esse rapaz está em uma clínica psiquiátrica?

- Os pais dele achavam que ele era louco por causa do jeito dele e o mandaram para cá, mas ele é um amor de pessoa, você vai ver.

- Queria saber o motivo de eu não estar acreditando nisso. -afirmou já esperando coisas ruins.

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