XXIX:

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- Puta merda. Vocês amam me botar nessa merda de hospital?

- Mas é claro. Você tentou se matar desgraça.

- Não fala essa palavra.

- DESGRAÇA - A Kym grita - Por quê você fez isso? - Olho para baixo triste.

- Eu não sei ao certo...as vozes... - Começo a chorar.

- Como suspeitei. - O médico bota a mão em seu queixo. - Devido ao atropelamento você ganhou dupla personalidade.

- Nada vê. Eu sou eu.

- Me conto o que aconteceu ontem.

- Eu...eu não lembro...só lembro das vozes...

- E o que elas exatamente disseram?

- Não me lembro muito bem... - Tento me lembrar. - Que eu sou muito fraca. Só me lembro disso.

- Você notou algum comportamento estranho senhora? - Ele olha para a Mari.

- Teve um dia que ela sumiu e eu fiquei super desesperada. Liguei para ela e quando ela atendeu ela perguntou quem era eu. Aí ela voltou para casa e dormiu como se nada tivesse acontecido, no dia seguinte eu perguntei onde ela foi e ela não sabia o que eu estava falando.

- É a primeira vez que você tenta se matar?

- Lembra que eu perdi a memória? Mas aparentemente eu me cortava. - Tiro as minhas pulseiras.

- Você tem uma voz suicida dentro de sua cabeça, e esse acidente fez que ele pudesse ser mais do que pensamentos, agora ela pode dominar o seu corpo.

- Isso é bobagem.

- Não discuta com o médico. Doutor, não tem nada que podemos fazer?

- Só existe um tipo de tratamento. Mas acho que vocês não vão gostar.

- Não temos que gostar nada. Só quero que ela melhore.

- Tem um jeito que ela tem que ficar num quarto até a sua outra forma apareça, quando ela aparecer vamos ter que tornar ela em um pensamento pelo menos.

- Quando tempo isso demora?

- No mínimo 4 dias, mas isso depende da pessoa.

- Eu sou forte, vamos. - Me levanto.

- Não é questão de ser forte, você tem quer ter um psicólogo forte.

- Eu sou capaz.

- Quando ela começa?

- Pode ser agora se ela quiser.

- Ótimo. Vamos logo com isso.

Essa é a pior escolha que eu já fiz.

Essa demônia de outra personalidade não aparece. Já estou aqui um bom tempo, aqui não tem janela, eu fico no maior tédio aqui.

Já dormi umas 6 vezes e nada, eles agora inventaram em não me dar alimento ou bebida para ver se ela aparece quando eu estiver quase morta.

Por quê eu fui aceitar isso? Merda.

- Me tirem daqui. - Bato na porta de metal. - Vamos porra. Não me ignoram. Por favor. - Me sento no chão encostando as minhas costas na porta.

Eu vou acabar perdendo a insanidade:

- Feh! - Corro até ela. - Como você entrou aqui?

- Você me chamou aqui. - Ela sorri.

- Eu não aguento mais.

- Estou aqui para isso. - Ela sorri de lado sem mostrar os dentes e me joga na cama. - Você vai esquecer das coisas rapidinho. - Ela começa a beijar o meu pescoço.

- Para com isso Feh. - Tento tirar ela de cima de mim. - Eu estou noiva e você tem a Carol. - Ela olha para mim sorrindo.

- Você acha que eu não notei como você sente ciúmes dela? - Ela bota a sua mão dentro da minha camiseta. - Eu sei que você quer meu corpo. Eu sei que você me quer. - Tiro sua mão de lá.

- Isso não é real. Você não é assim.

- Acho que sou eu. Vem ver. Me beija igual como nós nos beijamos.

- Isso não é verdade, nunca nos beijamos. - Consigo tirar ela em cima de mim.

- Você não se lembra agora. Me beija que você se lembra. - Ela se aproxima da cama.

- SAI! - Berro.

Ela some. Estou começando a ter ilusões. Eu vou ficar louca aqui.

Alguém me tira daqui.

- Tem um jeito de você sair daqui.

- Qual?

- Só você morrer.

- Como eu posso me matar aqui?

- Você sempre traz um canivete no seu bolso.

- Tiram tudo de mim antes de eu vir para cá.

- Então bata a sua cabeça na parede.

- Sim...

Me aproximo da parede e começo a bater a minha cabeça na parede bem forte. A última coisa que eu me lembro é de ouvir a porta de metal se abrir.

Minha Melhor Amiga.Onde histórias criam vida. Descubra agora