Capítulo 24

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Após resmungar durante um bom tempo e sentir o dia escurecer, não consigo convencer com sucesso Joey a vir jantar connosco aqui no centro comercial, ele dizia já ter planos e eu mais uma vez não tinha lugar neles nos seus bocadinhos livres, mas não o iria censurar, provavelmente iria ainda com todo este tempo de trabalho, fazer um pouco de companhia à sua avó.

- Além do mais tens companhia. – diz com um sorrisinho malandro referindo-se a Harry que esperava por mim a poucos metros de distância enquanto brincava com Isaac.

- Conheci-o à pouco tempo. – respondo revirando-lhe os olhos com humor.

- Ainda por cima o teu irmão adora-o. – diz e nesse momento Isaac solta uma fina gargalhada que ecoa pelo espaço enquanto Harry lhe faz cócegas. – Um bom partido para me substituir. – deita-me a língua de fora.

- Não sejas idiota. – empurro-o pelo peito em forma de protesto, ele não o disse com sentimento, nem por ciumes nem nada que se pareça, apenas gosta de me picar na brincadeira. – Vou-me embora, até amanhã. – respondo simplesmente, sabendo que o vou chatear.

- Vou embora? Até amanhã? Só isso? – encena-se de escandalizado assim que começo a andar fazendo biquinho, mas ele puxa-me pelo pulso não me deixando ir. – E o meu beijo? Ou abraço? Um "gosto muito de ti"? És lindo? És o melhor? Não vivo sem ti? Nada? – resmunga tentando não se rir e eu olho-o de lado.

- Pára de ser piroso. – deixo sair uma gargalhada sabendo que ele estava a exagerar de propósito para obter alguma resposta a mais de mim. – Apenas vem dormir comigo amanhã. – digo quando ele me agarra pela cintura e alguém tosse ao nosso lado e reparamos que toda a fila nos observava.

Oh não, não é nesse sentido, é dormir apenas de dormir, fazer-me companhia, por a conversa em dia, falar a noite toda, enrolados nos cobertores, a comer porcarias, ambos levamos isso com essa naturalidade mas parece que as pessoas que nos rodeiam e me ouviram falar o encararam de outra forma a calcular pelos seus ares divertidos e perversos.

- Claro! Manda beijinhos aos pais quando chegares a casa. Mana. – soa demasiado alto numa mentira, salientando a palavra "pais" e "mana" para que todos pudessem ouvir e beija-me na testa antes de voltar para trás do balcão empurrando-me para longe e eu quase entro em sufoco tentando conter o estridente riso que tenho dentro de mim.

Deixo-o trabalhar à vontade não deixando a minha companhia muito mais tempo à espera. Eles provavelmente nem se importariam de esperar, estavam demasiado entretidos juntos.

Joey tinha razão, o meu irmão gostava realmente de Harry, conseguia nota-lo no seu gigante sorriso enquanto o olhava como se o admirasse, na confiança que rapidamente lhe deu, se até ele gostava, pouco ou nada o conhecendo, porque é que eu não deveria gostar?

Os seus olhos sobem aos meus encarando-me com um sorriso caloroso e aí concluo, ele é realmente uma pessoa fácil de se gostar.

Após fazer-mos os nossos pedidos, sentamos-nos, eles continuam na brincadeira, tenho até alguma pena de Harry por saber o quanto Isaac por vezes consegue ser chato, mas está-me a saber demasiado bem vê-los a ambos, tão genuínos. 

Há imenso tempo que não comia fora. Decido por algo mais leve, parece de loucos fazer essa escolha enquanto nesta zona de refeições existe McDonald's, mas eu adoro umas saladas que aqui há, vêm nuns pratos fundos, com massa, alface, tomate, cogumelos, variados tipos de queijo e junto a outros tantos variados ingredientes trás um molho de maionese e alho de chorar por mais.

- Podes-me ajudar? – pergunta Isaac a Harry, entregando-lhe um papel com autocolantes que ele queria colar no seu boneco que acabara de ganhar no seu Happy meal.

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