Capítulo 16

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Odiava esta minha mania de sair de casa com o cabelo molhado, já não bastava estar frio quanto mais ter as costas húmidas pelo cabelo por secar. No verão até sabia bem ter este hábito, mas no inverno, de agradável não tinha nada.

- Olá! – soa a bonita voz de Beth assim que entra no meu carro e me aperta num abraço esmagando-me a bochecha com um beijo carinhoso.

- Finalmente! – digo com humor, não estou aqui à mais de dez minutos, mas esperar, mesmo sendo pela pessoa que gosto, nunca foi o meu forte.

Repeti o seu gesto de uma forma menos violenta e apertei a sua bochecha em brincadeira. Há algum tempo que não a via mas nós tínhamos aquele tipo de amizade em que estávamos sempre a par de tudo o que se passava e sempre prontas a ajudar e a partilhar tanto os maus como os bons momentos, sem ter a necessidade de estar sempre juntas, podíamos ficar dias sem trocar uma palavra que quando nos voltávamos a ver tudo continuava bem e igual, sempre com este carinho descomunal que tínhamos uma pela outra.

O seu cabelo loiro estava mais curto e caia em bonitas ondas macias. Não consigo deixar de a comparar com uma boneca, agora então ainda se parecia mais com uma. O seu casaco cinza chegava-lhe até meio da perna todo abotoado até cima, passei os meus olhos de cima a baixo como se fazendo "check" de como tudo nela estava bem passado estes dias. Eu sempre tive este sentido de protecção para com ela, não apenas por ser um ano mais nova, porque isso pouca diferença faz, mas sim pelo seu ar inocente e ingénuo, temo sempre que retirem vantagem sobre ela por culpa desse facto.

Entrámos em um café-bar com um agradável ar vintage, adorava-o, antes passava aqui bastante tempo, porque apesar da sua denominação, era um sítio calmo, pacifico, sempre com relaxantes musicas ambiente, podia-se passar aqui um bom bocado sem se criar dores de cabeça pelo fumo e pela alta "música", se é assim que se pode chamar.

Assim que o barman nos avistou, esboçou um largo sorriso amistoso acenando-nos com a mão freneticamente, já deveria sentir a falta da nossa frequência aqui. Sem se importar muito com os clientes que tinha para atender caminhou logo em passos largos até à nossa mesa com dois copos altos de café. Ele era muito bem encarado, na casa dos vinte, cabelo claro e enormes olhos cor de mel.

- Um café quente com caramelo e natas... - disse pousando o copo à minha frente. – E um café com chocolate sem natas! – sorriu pousando o outro copo em frente a Beth.

Ele já conhecia os nossos hábitos poupando-nos até o tempo de pedir, gostava disso. Um beijo foi dado em cada uma das nossas bochechas e depois parou-se a meio de nós duas fazendo-nos retribuir o gesto ao mesmo tempo com um riso tonto. Ele era bastante engraçado.

É sempre bom ter-vos de volta. – disse apertando-nos num abraço desajeitado.

- Viemos matar saudades. – ri Beth inclinando a sua cabeça para o poder olhar enquanto ajeitava o cabelo. 

- Qualquer coisa chamem. - um piscar de olho divertido foi lançado a ambas assim que alguém o chamou e ele teve de voltar ao balcão.

Nos nossos tempos de secundário, vínhamos aqui imensas vezes após as aulas para comer as belas das tostas de frango que são a especialidade da casa. Bons tempos.

- Meu Deus, isto está cada vez melhor! – exclamo deliciada após dar um golo na minha bebida e sentir imediatamente o doce caramelo nos lábios e o quente no estômago.

Beth olhava-me com um sorriso maior que o normal remexendo-se na cadeira e brincando com a alta colher do seu café, posso até dizer que a sinto nervosa no bom sentido.

Hm, acho que alguém tem algo para me contar. – digo dando-lhe um pequeno toque na perna em brincadeira. Os seus olhos brilhavam como estrelas e as suas bochechas resplandeciam um rosa bonito indicando que ela estava envergonhada. Franzo-lhe o sobrolho desconfiada, pois sou apenas eu, ela nunca tem vergonha de nada em relação a mim. – Beth? – incentivo.

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