Capítulo 26

183 22 1
                                    

- ... festa de Halloween no fundo da rua, depois vamos busca-lo. - acordo com a minha mãe a falar supostamente para mim, mas não apanho nem metade do que ela disse. Resmungo quando ela me abre a cortina da janela fazendo toda a claridade embater direta nos meus olhos.

- Hm? - digo sonolenta enquanto ela remexe no meu armário procurando por um casaco. Adora usar algumas das minhas peças, visto que temos um físico parecido e o seu ar é ainda incrivelmente jovial.

- Estava a dizer para levares o teu irmão à festa de Halloween na casa da amiga ao fundo da rua, por volta das 16h, eu e o teu pai depois passa-mos mais tarde por lá para o ir buscar. - repete agarrando num casaco de inverno rosa pastel e vestindo-o. - Oh e tens aqui dinheiro para lhe comprares algumas coisas para a festa, fica com o que sobrar. Bem, estou atrasada, até logo pequena.

- Hm hm... até logo mãe. - respondo preguiçosa fazendo já mil e um planos na minha mente.

Eu adorava festividades, mas sempre que se falava em Halloween eu adorava em dobro, adorava o ambiente que se criava em torno de tudo isso, os disfarces, o mistério, o suspense, as doçuras e travessuras, as festas.

Ainda era cedo mas rápido me vesti e levei Isaac a uma loja que ficava quase fora da cidade, pouca gente a conhecia pela sua localização, mas para mim era a melhor desde sempre. E se querem saber, não sei qual de nós o mais entusiasmando por estar aqui.

- Mana, olha este! - mostra-me um disfarce de médico maluco, mas mesmo sendo falso achei-o demasiado ensanguentado para a sua idade.

- Acho que arranjamos melhor. - observo enquanto ando pelos corredores já com o carrinho cheio de variadas tintas, duas abóboras e um cesto para os doces de Isaac.

O ano passado foi bastante engraçado, Joey disse que não podia ir e eu e Beth andamos a noite toda de olho num Chapeleiro Louco de Alice no país das Maravilhas, que insistia em dançar sempre connosco, até descobrir-mos no final que era ele e desfazer-se a magia, andámos uma semana amuadas pelo tanto que ele gozou connosco.

- Posso levar? - pergunta mais à frente, pegando num saco de gomas em forma de minhocas e outros bichos. Faço-lhe uma cara de nojo mas retiro-lhe o pacote das mãos para o colocar dentro do carrinho, sei que irei comer mais daquilo do que ele.

- E que tal este? - pergunto ao encontrar um fato exactamente para o seu tamanho de Sully dos Monstros e Companhia.

Não levou nem um minuto para me o retirar das mãos com um ar entusiasmado e responder que sim. Sabem aquele momento em que encontram a peça perfeita numa loja e só pensam "já posso ir para casa feliz, só quero é ir vestir isto"? Bem, ele estava assim, a partir desse momento já nada mais lhe interessava no espaço sem ser aquele peludo macacão.

Dei mais algumas voltas sempre a remexer em disfarces, até que encontrei o que realmente idealizava e coloquei-o também no carrinho. A decoração desta loja estava completamente arranjada ao pormenor, teias a cair do teto, um caldeirão à entrada com fumo a sair do seu interior, esqueletos a cada esquina, até a senhora no balcão estava vestida a rigor fazendo com que eu tivesse de segurar um riso incontrolável dentro de mim por ter feito um casal abandonar a loja por ter assustado sem querer a sua pequena filha que começou a chorar desalmadamente.

Após tudo pago entro no carro e Saac insistiu em não largar mais o seu Sully até voltar-mos a casa. Bem, tinha exactamente três horas para fazer o almoço, esculpir duas abóboras com a peste para colocar-mos à porta e levar Isaac a casa da sua amiga, para depois me poder começar a arranjar e ir com Joey ter com Beth a uma das mil e uma festas de Halloween que havia na zona.

FallenOnde histórias criam vida. Descubra agora