[Memórias On]
- Porque é que não podemos ir brincar para a rua? – pergunto deitada de barriga para baixo, debaixo da cama de Harry com ele ao lado.
Viemos para aqui hoje porque pelo que parece a sua mãe não estava com vontade de nos deixar sair, talvez fosse pelo frio ou não sei, ela sempre deixava. E ele também não me parecia muito bem humorado, só vínhamos para aqui esconder-nos quando algum de nós não estava bem com algo.
- A minha mãe meteu-me de castigo. – responde amuado não me encarando.
- De castigo? Porquê? – inquiro apoiando-me num cotovelo, mas ele apenas olha para longe não me respondendo. – Harry... - insisto tocando no seu braço até que ele me olha carrancudo.
- Queria ir brincar para a casa na árvore ontem à noite e não me deixaram.
- Oh é normal, sabes que a floresta não é segura, principalmente à noite sem luz... podia acontecer algo e ninguém notava, não tens de ficar chateado por isso, sabes que é verdade. - falo o que os meus pais me ensinaram.
- Eu saí às escondidas. – diz baixinho e eu arregalo-lhe os olhos.
- O quê? Foste para a floresta sozinho? No escuro? Estás tonto? Sabes que isso é perigoso! – digo chateada.
- Não cheguei a ir, o meu pai encontrou-me a caminho quando estava a chegar do trabalho. – resmoneia quase como se falando para dentro e sinto um alivio.
- Mas sabes que isso é errado e perigoso, certo? Os nossos pais estão sempre a avisar! – pergunto fazendo-lhe um ar aborrecido mas ele ignora-me. – Certo Harold? – falo mais alto.
- Não me chames isso. – amua ainda mais.
- Não voltes a fazer isso! – ralho e ele suspira virando-se de barriga para cima com a cabeça fora da cama, observando o seu teto cheio de luzinhas.
- Eu sei tomar conta de mim.
- Tu o quê? Harry, tens dez anos, já viste o teu tamanho? Até para um adulto iria ser perigoso! - ele por vezes conseguia ser mesmo embirrante e senhor do seu nariz, pensava sempre que conseguia tudo, como naquela vez em que partiu o braço mesmo à minha frente a tentar descer o escorrega da escola de pé. - Coisas más podiam-te acontecer, somos pequenos. – suspiro também, falando agora mais calmamente. – E eu não ia querer que te magoasses, depois não podíamos brincar juntos. – digo de cabisbaixo .
- El's, nós vamos sempre estar juntos. – diz empurrando-me levemente na brincadeira e eu lanço-lhe um olhar matador. – Okay okay, eu não o volto a fazer! – fala finalmente o que eu queria ouvir e coloco-me na mesma posição que ele a olhar para o seu teto.
- Shh, estamos a ver as estrelas. – digo fingindo ainda estar amuada e ele cala-se tentando esconder um risinho.
Tínhamos este hábito de quando ia-mos para a rua à noite, deitarmo-nos no jardim a ver as estrelas, era o nosso pequeno momento de reflexão no silêncio quando algo acontecia. Hoje não podíamos ir para a rua, mas faríamos do seu teto do quarto o nosso céu.
[Memórias Off]
Já é a terceira vez esta semana que acordo a meio da noite sem razão aparente. Tenho tido sonhos de memórias antigas da criança de caracóis cor de avelã que já não preenche mais os meus dias, penso que seja por culpa de ter conhecido outro Harry, isso deixa-me vulnerável.
Rodo-me de forma preguiçosa e sonolenta na cama para chegar à mesinha de cabeceira à procura do telemóvel, passam alguns minutos após as quatro da manhã, é tão tarde, que dor. Mal consigo focar o meu olhar no que me rodeia, quando me parece ver algo brilhante a passar rápido de uma ponta à outra do quarto.
- Saac? – sussurro e outra luz passa a correr em direcção à minha janela desaparecendo no meio do nada.
Sento-me na cama enquanto esfrego os olhos de forma preguiçosa, tentando clarear a visão que ainda estava um pouco turva devido a ter acabado de acordar, visto o meu robe e procuro pelo meu outro chinelo enquanto ando de forma estranha apenas com um calçado. Assim que o encontro vou direita ao quarto do meu irmão. Abro a porta lentamente para não fazer barulho e encontro-o a dormir que nem uma pedra agarrado a uma almofada.
A mente prega partidas de vez em quando.
Decido ignorar o que a minha mente sonolenta me provoca e preparo uma caneca de leite bem quente com uma colher de mel e volto para a cama.
Bebo em lentos goles sentindo-me aconchegada no meu ninho, bebidas quentes por norma ajudam-me a adormecer, acalmam-me, e isso é tudo o que eu mais quero agora, ou amanhã andarei a sobrecarregar o meu sistema com cafeína enquanto ao mesmo tempo me deixo remoer em memórias que nunca mais voltarão.
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Hii there! ^^
Aqui têm um novo capítulo!
Espero realmente que estejam a gostar.
Obrigada por tudo, continuem a votar, a comentar, a enviar mensagens, adoro ler as vossas opiniões, parece que não mas ajudam mesmo bastante.
São as/os melhores! ♥
Se tiverem algumas dúvidas ou quiserem perguntar algo, lembro-vos que respondo sempre, seja aqui seja por mensagem privada.
Boas leituras!
Sarry, xx
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Fallen
ParanormalUm romance cheio de mistério, suspense, drama, criado principalmente para quem gosta de histórias emocionantes com fins imprevisíveis. "A sua única preocupação era conseguir ver o bonito sorriso dele a qualquer altura do seu dia. Haveria crianças ma...