Catorze

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Quase tão grande como a fome era o sono que eu sentia. As horas pareciam não passar. Minhas unhas batiam contra a mesa, deixando ecoar um barulho agonizante na sala. Qualquer um que visse meu estado teria pena. Eu estava literalmente acabada.
- Bom dia, Ana. - O que tinha de bom mesmo? Lolita sorria, emanando sua energia positiva. Sorri de volta na tentativa de esconder meu estado, evitando assim perguntas de sua parte.
- Bom dia, Lolita. Já tomou café?
- Sempre tomo antes de sair de casa, mas sempre como aqui também.
- Ótimo! - Disse me levantando – Vamos até o café, preciso me alimentar.

Passamos mais tempo do que deveríamos no café. Lolita me contara sobre o motivo da sua alegria: um homem. Não achei ruim, assim ela falava, falava, e eu apenas fingia prestar atenção no assunto, concordando com a cabeça e sorrindo às vezes.

- Mas enfim, menina. Ficou sabendo do corte que farão aqui na empresa?
- Que corte? - Perguntei de boca cheia, devorando meu segundo pão de queijo.
- Ouvi boatos que com essa crise vão demitir metade do prédio.
- Rádio pião, Lolita. - Dei de ombros. Juliana era minha coordenadora e a manda chuva do pedaço, ficando abaixo apenas do Walter. Eu sempre participava das reuniões e sempre estava por dentro dos assuntos relacionados à empresa. Se fosse pintar o tal corte eu seria uma das primeiras a saber. - Mas enfim, vamos?
- Vamos! Segunda, né?
- Tem trabalho de sobra…

O resto do dia foi como previsto: uma segunda tediosa. Por mais trabalho que eu tinha à fazer, não conseguia me concentrar, assim deixando de lado meus afazeres e tornando o dia não produtivo.

- Ana, que bom que te encontrei. - Eu estava no ponto de ônibus quando fui surpreendida por Vinicius.
- Oi! - Sorri.
- Você não me passou seu número. - Sorriu de lado, ele parecia um pouco envergonhado – É que meu melhor amigo vai dar uma festa. Não está a fim de ir?
- Quando?
- Sábado agora. É uma festa a fantasia. - Você e sua farda de bombeiro são uma fantasia, Vinicius.
- Ele não vai achar ruim?
- Claro que não. Vai ficar é com inveja minha por me ver acompanhado ao seu lado. - Talvez eu tenha ficado mais vermelha que um tomate, mas tudo bem – Vamos?
- Vamos! - Dei sinal pois meu ônibus se aproximava, ele percebendo isso puxou minha cintura, grudando nossos corpos.
- Estou com saudades. - Sussurrou próximo ao meu ouvido. Estremeci de olhos fechados. Porra, Vinicius. Seus lábios grudaram na pele do meu pescoço, subindo até minha orelha onde ele a mordiscou.
- Eu também. - Foi o que consegui dizer. No segundo seguinte sua boca estava sobre a minha, envolvendo-a num beijo de tirar o folego. Suas mão apertavam minha cintura e cada vez mais eu estava próxima ao paraíso. - Mas eu tenho aula… - Disse encerrando o beijo entre selinhos.
- Sábado você será minha!

Diferente de segunda a semana passou voando. O trabalho triplicou com a falta da Juliana, essa estava com seu filho internado, assim ficando afastada do serviço.
Já era sábado, e eu estava de folga. Afinal Walter não era tão ruim assim e viu meu esforço dobrado; não sabia o que vestir. Vinicius não deu muitas informações sobre a tal festa. Eu estava de frente ao guarda-roupa, apenas enrolada na toalha e faltando meia hora pro Vinicius chegar.

- Droga!
- Você sabe que não gosto dessa palavra! - Mamãe disse entrando no quarto.
- Ah, mãe!
- Por que está nervosa, querida? Você é linda. Qualquer peça desse guarda-roupa ficará bom em você.
- Sim, mãe. Pode até ser. Mas Vinicius já me viu com cada uma dessas roupas.
- Hm, ele se chama Vinicius? Bonito o nome, querida. - Ela estava sorridente. Talvez porque sua filha mais velha (no caso eu) nunca comentara sobre homem com ela. - Aposto que não, Ana. E aquela sua saia longa? Aquela com fenda? - Abri uma das gavetas e logo encontrei a saia. Ela era linda e havia usado-a apenas uma vez. O corte da fenda começava três palmos depois da virilha, deixando uma das pernas exposta. - Use ela com aquele seu cropped verde. Combinará com o preto da saia. Faça uma maquiagem básica, só com rímel e aquele seu batom marrom. Você ficará linda, princesa!
- Obrigada, mãe! - Abracei-a.

Meia hora depois e eu estava devidamente produzida. Vinicius me buscaria para almoçar e depois iriamos até o centro, onde assistiríamos uma peça teatral e de lá iriamos para sua casa onde nos arrumaríamos para a tal festa de seu amigo.
Programa de namorados? Talvez. Aos poucos eu conhecia um pouco mais sobre o bombeiro que antes só me causava arrepios. E eu estava gostando. Diferente dos outros caras com que saí, Vinicius não era só corpo, era companhia.

- Você deveria ir de bombeiro. - Comentei enquanto caminhávamos até seu quarto. Ele morava com sua irmã mais velha e a mesma quase nunca estava em casa.
- Com a farda? Haha. Não seria inovador, logo não teria graça. - Deu de ombros.
- E vai fantasiado de que?
- Vou lhe mostrar! - Já estávamos dentro do seu quarto. Vinicius se dirigiu até o guarda-roupa tirando dois embrulhos de uma das gavetas. Em um dos embrulhos na certa estava minha fantasia, já que com muita insistência, Vinicius me convenceu que ele escolheria meu traje. - Tcharam! - Ele abriu o embrulho tirando dele sua fantasia.
- Zé bonitinho? Hahaha. - Me desabei a rir, fazendo-o rir também – Sério, Vini. Esse topetão vai te deixar muito sexy!
- Engraçadinha! - Mostrou a língua. - Abra seu embrulho.
- Hum, vamos ver! - Disse já tirando a fantasia do embrulho. - Puta que pariu. Sério isso? - Perguntei frustrada segurando a fantasia de morte.
- Sim! - Não quero ninguém de ideia em você. - Revirei os olhos.
- Muito obrigada! - Disse irônica sem fazer a menor questão de esconder minha fúria. - Com essa máscara horrorosa nem vou precisar fazer maquiagem. Alias, você poderia ter me avisado, assim eu não carregaria peso na minha bolsa o dia todo!
- Shhhh. - Ele pousou o indicador em meus lábios. - Você fala demais! - Dito isso Vinicius me puxou para um beijo. Por mais que a raiva que eu estava sentindo dele fosse grande, minha vontade de beijá-lo era maior. Apertei sua cintura contra a minha, envolvendo minhas mãos por dentro de sua camiseta, sentindo seu calor. Ele se arrepiou com meu toque, o que fez com que eu aumentasse o ritmo do beijo. Vinicius me colocou contra a parede, erguendo minhas pernas em sua cintura. Eu sentia sua ereção prestes a rasgar o pano da calça, com isso, abaixei a mesma, deixando-o só de cueca. - Que saudades suas, Ana! - Gemeu entre o beijo; Guiei sua mão até minha virilha, fazendo-o tocar minha intimidade. Minha boceta molhada confirmava que eu também estava com saudades. Com pressa de saciar sua vontade, Vinicius colocou minha calcinha de lado e com o pau pra fora me penetrou de uma vez só. Com força. Bombando rapidamente, tornando cada vez mais difícil nosso beijo.
- Assim vou gozar em segundos! - Disse entre gemidos. Ele sorriu. - É a intenção! - Aumentou o ritmo das estocadas – Quero que goze no meu pau, Aninha. - 3 minutos depois e eu estremeci, fechando os olhos, sentindo as proporções do orgasmo em meu corpo. Após me recuperar, ajoelhei-me a sua frente, segurando seu pau e caindo de boca no mesmo. O chupei com vontade, até ele gozar, fazendo-me deliciar com seu gosto. - Você é maravilhosa!
- Eu sei! - Sorri.

Vinicius tomou banho primeiro, afinal ele ainda tinha que se arrumar, enquanto a dona morte precisava apenas se vestir; O peso na minha bolsa, vulgo minha maquiagem, que eu carregara o dia todo, não fora em vão. Passei base, pó, blush e lápis -na sobrancelha- no Vini, fazendo jus a sua fantasia. Ele estava o verdadeiro Zé bonitinho.

- Isso é ridículo! - Resmunguei entrando em seu carro. Ele parecia se divertir com a situação. Idiota.
- Espero quando morrer que a dona morte seja assim linda como você.
- Vai se foder.

Como eu não estava a fim de conversar, liguei o som enquanto Vinicius dirigia até o destino. Tudo normal até então. O problema foi quando ele estacionou e eu reconheci àquela casa.

- Chegamos. - Puta que pariu. Pela primeira vez, desde que eu vira a fantasia, gostei dela. Afinal eu queria a morte a ter que encarar Matheus ao lado do Vinicius.
- S-se-seu amigo mora aqui? - Gaguejei demonstrando meu nervosismo.
- Sim, o Matheus é super gente boa. Você vai gostar dele. - Fodeu. Eu estava envolvida com dois melhores amigos.

Anastácia (em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora