De repente a luz se apagou e a música cessou. Levantei no mesmo instante, sem me dar conta de estar apenas de lingerie, limpei minhas lágrimas e abri a porta. Estava tudo escuro, o que dava a entender que a luz havia acabado. Ótimo mesmo, Matheus. Essa festa, com certeza, entraria no livro de piores festas à fantasia do ano.
- Desculpe! - Alguém esbarrou em mim, e pela voz era um menino – Não dá pra enxergar nada nesse escuro.
- Faltou luz? - Perguntei.
- Um caminhão acabou de bater em um poste aqui na rua.
- Entendi! - Desci as escadas a procura de Vinicius, o que era praticamente impossível, além de estar sem iluminação, havia muita gente ali. - Droga! - Dessa vez foi eu que esbarrei em alguém – Desculpa.
- Desculpar o que? - Filho da puta – Estar dando pro meu melhor amigo ou por não olhar por onde anda?
- Vai se foder! - Dei de costas, mas Matheus me puxou.
- Pra onde você vai caralho? Tu tá sem roupa! - Merda, a fantasia rasgada no banheiro.
- Por que será, né?!
- Sobe pro meu quarto antes que teu namoradinho te veja assim, pega uma roupa, sei lá.
- Grande merda! - Me soltei dele – Melhor ele me ver assim do que com uma roupa tua.
- Que seja! - Voltou a segurar meu braço, só que com força – Nós precisamos conversar.
- Precisamos? - Perguntei irônica.
- Sim. - Sem esperar minha resposta ou tentativa de fuga, Matheus me puxou, subindo as escadas.
- Você é louco! - Chegamos em seu quarto, onde ele me puxou para dentro e trancou a porta. As coisas não se encaixavam. Sua cama era de casal, e o outro quarto dos seus pais. Como ele poderia ser casado? - Eu preciso encontrar o Vinicius!
- Ele está desmaiado no sofá. - Sentou-se na cama – O Vinicius não aguenta beber, isso sempre acontece.
- Mais um motivo para ir atrás dele. Abre essa porta!
- Cala a boca, Anastácia! - O cretino ainda mandava eu me calar? - Dá pra me ouvir? Depois você faz o que quiser. - Suspirei.
- Fala logo. - Não me caracterizo por desistir fácil, mas Matheus era minha kryptonita; me coloquei à sua frente, esperando-o falar.
- Eu não a amo.
- Você não me deve satisfações! - Ao terminar minha fala, Matheus puxou novamente meu braço, deixando-me cair sobre seu corpo.
- Olha o que você causa em mim… - Segurando minha mão, guiou-a até sua virilha, deixando evidente o volume formado por debaixo da calça. Um calor enorme invadiu meu corpo, me entorpeci por seu perfume e mais uma vez fui fraca por desejar aquele homem.
- Para com isso! - Minha voz saiu falha e Matheus não me obedeceu. Pelo contrário, ele me virou, ficando por cima.
- Você vai ouvir tudo que tenho pra falar, – Ele prendeu meus braços, impedindo alguma tentativa de fuga - e só depois deixo-a ir.
- Então fala logo, por favor. - Eu não resistiria por muito tempo. Não ali, naquela situação. Olhando dentro dos seus olhos, sentindo o poder do seu olhar sobre mim.
- Eu não amo a Leona! E também não menti pra você… Omiti algumas coisas.
- Se você a ama ou não, não faz diferença. Olha o quanto estamos sendo ridículos!
- Ridículos? - Ele pareceu decepcionado.
- Transamos casualmente, Matheus. Você não pode reclamar por eu sair com seu melhor amigo e nem eu ficar puta porque você é casado.
- Para! Não foi uma transa casual.
- Ah não? - Ri nervosa. Nós nos encarávamos e sua expressão estava séria.
- Você tomou banho comigo, Anastácia! Lembra?! - Eu poderia responder apenas com um “e daí?”, mas não funcionaria. Matheus sabia do que estava falando. Eu lhe confessei que tomar banho é algo intimo demais pra ser compartilhado com alguém, e além de termos o feito, ele sabia que fora o primeiro.
Não o respondi, e ele também não se pronunciou. Ficamos em silêncio por longos minutos, um encarando o outro, até Matheus percorrer as mãos sobre minha coxa, dando leves apertões. Ele desceu minha calcinha até meus joelhos e em seguida, com os dedos, alisou minha boceta. Eu apenas observava, mordiscando meu lábio inferior. - Olha como você se molha pra mim. - Ele mostrou-me os dedos após passá-los na minha boceta.
- Eu molho fácil! - Menti.
- Seria verdade, caso você não tivesse dado uma rapidinha horas atrás. Sabe a diferença, Anastácia? A diferença dele pra mim?
- Que ele não é casado?
- Que eu não sou homem de rapidinhas! - Oh, merda! Um calor fora do normal invadiu meu corpo, causando-me arrepios, deixando evidente que eu o desejava tão quão (ou até mais) ele me desejava.
- Para com isso! - Pedi me arrependendo amargamente por isso.
- Tá certo. - Ele saiu de cima de mim, ficando em pé – Vista sua calcinha, fica difícil de me concentrar assim.
- Como se fosse eu que tivesse tirado-a. - Resmunguei. Vesti a calcinha e puxei um de seus lençóis, cobrindo meu corpo. - Eu preciso ver como o Vinicius está, portanto, desembucha.
- Esse casamento é de fachada. Os pais da Leona são sócios dos meus pais. É uma empresa de moda praia, que há dois anos estava declarando falência. Pra livrar-se da situação, nossos pais apelaram, e decidiram nos casar. Não foi uma má ideia, com o casamento, ganhamos muita coisa, pra ser exato: dinheiro, dinheiro a qual tirou a empresa da fossa.
- Legal, e você optou ser garçom nas horas vagas?
- Foi a forma que encontrei pra esquecer dos problemas. Você mesma viu que minha vida é corrida, assim como a sua. E essa correria é o que me faz esquecer que sou casado com uma mulher insuportavelmente chata e dez vezes mais velha do que eu. - Suspirou – Ser garçom é uma aventura emocionante, Ana. Lembra o estado em que você chegou ao bar? Você estava alarmada, assim como vários outros clientes, e da mesma forma que fiz com todos eles, eu queria saber o motivo. Mas você me encantou, e diferente deles, eu não quis te ouvir, ou insistir que você desabafasse. Eu quis curar sua dor… Mas também quis curar a minha. E você pode insistir nisso de sexo casual, mas ambos sabemos que não foi só isso.
- E esse casamento vai até quando? - Suspirei.
- Já era pra ter terminado. - Ele coçou a cabeça – Mas Leona não quer o divórcio, e se eu pedir, meus pais perdem um bom dinheiro com isso.
- E o que você espera de mim, Matheus? - Eu estava sentada na ponta da cama, Matheus se aproximou, ajoelhando-se à minha frente, segurando minhas mãos.
- Me dá uma chance. - Seu pedido, horas atrás, seria como música para meus ouvidos. Afinal eu sabia, no fundo eu sabia o quanto eu estava atraída e envolvida por Matheus. E como ele mesmo disse, não era algo casual. Mas nem tudo são rosas. Eu não podia ignorar o fato dele ser casado e também tinha Vinicius, a qual eu também estava envolvida.
- Não posso. - Sussurrei de olhos fechados – Você sabe que não posso!
- Não pode ou não quer, Anastácia?
- Os dois. - Matheus soltou minha mão, pousando as suas em minhas coxas, onde as apertou, fazendo-me suspirar. - Preciso ver o Vinicius.
- Você verá! - Ele me puxou para si, atravessando minhas pernas em seu corpo ainda ajoelhado. - Mas só depois de ser minha.Se eu era capaz de me entregar a homens desconhecidos, homens que me causavam nojo, eu também poderia me entregar àquele que me causava arrepios.
Puxei sua nuca na altura suficiente que seus lábios tocassem os meus, iniciando o beijo tão desejado por ambas as partes. Aos poucos Matheus foi se erguendo, deitando-nos sobre a cama, ao mesmo que o beijo se intensificava. Minha calcinha novamente fora abaixada, e enquanto me beijava, ele brincava com os dedos na minha boceta.
- Saudade do seu gosto. - Sussurrou entre o beijo – Saudade de cada pedacinho do seu corpo… - Ele desceu os beijos até meu pescoço, sugando minha pele. Meu sutiã fora deixado de lado e Matheus continuou seu trajeto com a boca até meus seios, chupando um de cada vez. Eu gemia baixinho, sussurrando seu nome, pedindo que não parasse. - Você é minha Anastácia, minha! - Seus lábios desceram entre beijos até minha virilha, onde sem enrolar, Matheus tratou de brincar com meu clitóris. Eu empurrava sua cabeça contra meu sexo, e ao mesmo que me chupava, ele me penetrava com seus dedos. - Olha como você geme pra mim… Hum. Tá gostoso, amor? - Assenti – Então diz que é minha, diz.
- Sou sua. - Sussurrei. Ele acelerou o movimento com os dedos, consequentemente aumentando o som dos meus gemidos.
- Não ouvi direito. Diz, Anastácia!
- Sou sua. - Disse ainda com dificuldade, uma por não querer assumir, outra pelo prazer sentido.
- Anastácia, por favor!
- EU SOU SUA, PORRA! - Gritei. Em seguida Matheus voltou a se deitar sobre mim, encaixando seu pau na minha entrada.
- Sim, amor. Você é minha!Seus movimentos eram lentos, Matheus metia sem pressa alguma, prolongando nosso prazer. Não me senti mal por Vinicius estar no andar de baixo… Pelo contrário, Matheus me deixava confortável. Tão confortável a ponto de gozar três vezes seguidas.
- Toma banho comigo? - Minha cabeça estava deitada em seu peitoral, enquanto Matheus alisava a mesma.
- Tá louco?
- Por você. - Falou baixinho, mas o suficiente para que eu escutasse – Vamos, vai ser legal.
- Está, frio Matheus! E não sei se você esqueceu, mas estamos sem energia. - Ergui meu corpo, sentando-me na cama – E além do mais, estamos aqui há um bom tempo. Alguém com certeza sentiu nossa falta.
- Chata! - Sentou-se ao meu lado e em seguida beijou meu ombro. - Promete não sumir?
- Você não está em condições de me exigir nada. - Levantei procurando minha lingerie. Ele continuou sentado na cama – Me empresta uma roupa sua?
- Pega aí no armário.
Depois de nos vestirmos, fomos até a sala. Uma boa galera havia ido embora; Vinicius dormia no sofá, algumas pessoas dormiam pela casa, e Leona estava jogada no chão.
- Acorda! - Sussurrei em seu ouvido fazendo-o despertar.
- Onde estamos? - Disse desnorteado, coçando a cabeça.
- Na casa do seu amigo.
- Vamos lá pra casa? Esse sofá é muito duro. - Riu. Matheus me olhou com desaprovação, mas ignorei.
- Você vai aguentar dirigir? Parece cansado.
- Dorme lá no meu quarto, brow! - Matheus disse – Não vou deixar você ir embora nessas condições. Eu durmo no quarto dos meus pais.
- Relaxa, parça. Nem moro muito longe! - Continuar no mesmo ambiente que os dois não era boa coisa, mas eu também não podia exigir tanto do Vinicius.
- Vini, vamos. - Falei - Já está quase amanhecendo. Vamos dormir aqui mesmo.
- Tá certo. - Ele concordou e subimos para o quarto. O quarto em que minutos atrás eu transava com seu melhor amigo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Anastácia (em revisão)
RomanceSinopse: Anastácia Avelino de Abreu é virginiana com ascendente também em virgem e lua em leão. De personalidade forte, Ana tem sempre uma resposta na ponta da língua. Para ela, não existe meio termo. Decidida, intensa e um pouco metódica. Há quem...