Segunda-feira por si só já é um dia terrível. Quando ela se junta à um calor de quase 40°, não tem pra ninguém. E para piorar a situação, estávamos sem ar-condicionado; A fim de conter meu estresse, fui ao banheiro jogar uma água no rosto. Eu vestia uma calça flare preta e uma blusinha bege de tricô. Já estava quente quando saí de casa, mas no escritório era sempre frio.
— Ah, foda-se! — Falei exasperada, tirando minha blusa.
— Que isso, garota?! — Lolita perguntou rindo, adentrando o banheiro.
— Odeio calor! — Respondi.
— E vai trabalhar pelada? — Rolei os olhos, tirando da minha bolsa um cropped vermelho e o vestindo.
— Pelada não, mas um pouco mais fresca. — Pisquei pra ela, que meneou a cabeça negativamente.
— Juízo, Anastácia. — Disse entrando em uma das cabines. — O Valter vai te advertir se te pegar usando esse decote.
— Problema dele! A culpa não é minha se o ar parou de funcionar. — Dei de ombros, deixando o banheiro. — Licença. — Falei, pedindo passagem para uma das tias da limpeza.
— Espera um pouco, doce. O bombeiro vai passar com a coordenadora que não está se sentindo bem. — Mal ela terminou de falar e o bombeiro saiu do escritório com a Juliana carregada em uma cadeira de rodas. — Ela já é a terceira desse andar que ele vem buscar.
— Não é pra menos... Isso aqui está parecendo demonstração do inferno. — Ela riu e ficamos conversando. Minutos depois, voltei pra minha sala, sendo surpreendida pelo bombeiro.
— Anastácia, não é?! — Perguntou e eu assenti. — Sua coordenadora pediu que a acompanhasse até o hospital. — Conforme as regras da empresa, sempre que um funcionário necessitasse ir ao pronto socorro, outro funcionário teria que acompanhá-lo.
— Certo. — Assenti, pegando minha bolsa e o acompanhando até o elevador. Ele estava sério e não seria eu que quebraria o silêncio. Logo chegamos no térreo e ele me levou até Juliana.
— O táxi já está chegando.
— Vinicius, não é pra tanto! — Juliana disse exasperada, revelando o nome do bombeiro. — Vamos, Ana, diga à ele que estou bem e que... — Vinicius a cortou.
— Tão bem que desmaiou. — Debochou, fazendo-a esboçar uma careta; Juliana parecia criança de tão teimosa que era. Baiana, porreta e dura na queda. Um mal-estar não era motivo suficiente para lhe abalar, contudo, eu tinha que concordar com o bombeiro. Ela havia desmaiado e necessitava ir ao pronto socorro.
— Ana... — Insistiu.
— Cala a boca! — Pedi, rolando os olhos. Vinicius soltou uma risada tão gostosa, que me fez sorrir. Logo o táxi chegou e nos levou até o hospital. Juliana não demorou a ser atendida. O médico solicitou alguns exames e a deixou em observação. Como a empresa não seria produtiva com nossa ausência, o marido dela chegou para acompanhá-la e eu peguei um táxi de volta a empresa.
O trabalho havia triplicado, o que me rendeu banco de horas. Passava das 19h, quando meu estômago começou a roncar. Desci no café, desejando pães de queijo e chocolate quente. Vinicius estava lá e não trajava sua farda. Quando ele me viu, sorriu, o que fez automaticamente minhas bochechas queimarem.
Oh céus!
— Boa noite. — Cumprimentou assim que me aproximei. — Já vai embora?
— Não... A Ju me deu trabalho demais hoje. — Fiz bico, sentando-me ao seu lado.
— Que pena. — Zombou. — Mas você vai demorar pra ir embora?
— Não... Aliás, acho que não. — Suspirei cansada. — Tenho que revisar algumas planilhas.
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Anastácia (em revisão)
RomansaSinopse: Anastácia Avelino de Abreu é virginiana com ascendente também em virgem e lua em leão. De personalidade forte, Ana tem sempre uma resposta na ponta da língua. Para ela, não existe meio termo. Decidida, intensa e um pouco metódica. Há quem...