Capítulo 12 - Chama o bombeiro

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Segunda-feira por si só já é um dia terrível. Quando ela se junta à um calor de quase 40°, não tem pra ninguém. E para piorar a situação, estávamos sem ar-condicionado; A fim de conter meu estresse, fui ao banheiro jogar uma água no rosto. Eu vestia uma calça flare preta e uma blusinha bege de tricô. Já estava quente quando saí de casa, mas no escritório era sempre frio.

— Ah, foda-se! — Falei exasperada, tirando minha blusa.

— Que isso, garota?! — Lolita perguntou rindo, adentrando o banheiro.

— Odeio calor! — Respondi.

— E vai trabalhar pelada? — Rolei os olhos, tirando da minha bolsa um cropped vermelho e o vestindo.

— Pelada não, mas um pouco mais fresca. — Pisquei pra ela, que meneou a cabeça negativamente.

— Juízo, Anastácia. — Disse entrando em uma das cabines. — O Valter vai te advertir se te pegar usando esse decote.

— Problema dele! A culpa não é minha se o ar parou de funcionar. — Dei de ombros, deixando o banheiro. — Licença. — Falei, pedindo passagem para uma das tias da limpeza.

— Espera um pouco, doce. O bombeiro vai passar com a coordenadora que não está se sentindo bem. — Mal ela terminou de falar e o bombeiro saiu do escritório com a Juliana carregada em uma cadeira de rodas. — Ela já é a terceira desse andar que ele vem buscar.

— Não é pra menos... Isso aqui está parecendo demonstração do inferno. — Ela riu e ficamos conversando. Minutos depois, voltei pra minha sala, sendo surpreendida pelo bombeiro.

— Anastácia, não é?! — Perguntou e eu assenti. — Sua coordenadora pediu que a acompanhasse até o hospital. — Conforme as regras da empresa, sempre que um funcionário necessitasse ir ao pronto socorro, outro funcionário teria que acompanhá-lo.

— Certo. — Assenti, pegando minha bolsa e o acompanhando até o elevador. Ele estava sério e não seria eu que quebraria o silêncio. Logo chegamos no térreo e ele me levou até Juliana.

— O táxi já está chegando.

— Vinicius, não é pra tanto! — Juliana disse exasperada, revelando o nome do bombeiro. — Vamos, Ana, diga à ele que estou bem e que... — Vinicius a cortou.

— Tão bem que desmaiou. — Debochou, fazendo-a esboçar uma careta; Juliana parecia criança de tão teimosa que era. Baiana, porreta e dura na queda. Um mal-estar não era motivo suficiente para lhe abalar, contudo, eu tinha que concordar com o bombeiro. Ela havia desmaiado e necessitava ir ao pronto socorro.

— Ana... — Insistiu.

— Cala a boca! — Pedi, rolando os olhos. Vinicius soltou uma risada tão gostosa, que me fez sorrir. Logo o táxi chegou e nos levou até o hospital. Juliana não demorou a ser atendida. O médico solicitou alguns exames e a deixou em observação. Como a empresa não seria produtiva com nossa ausência, o marido dela chegou para acompanhá-la e eu peguei um táxi de volta a empresa.

O trabalho havia triplicado, o que me rendeu banco de horas. Passava das 19h, quando meu estômago começou a roncar. Desci no café, desejando pães de queijo e chocolate quente. Vinicius estava lá e não trajava sua farda. Quando ele me viu, sorriu, o que fez automaticamente minhas bochechas queimarem.

Oh céus!

— Boa noite. — Cumprimentou assim que me aproximei. — Já vai embora?

— Não... A Ju me deu trabalho demais hoje. — Fiz bico, sentando-me ao seu lado.

— Que pena. — Zombou. — Mas você vai demorar pra ir embora?

— Não... Aliás, acho que não. — Suspirei cansada. — Tenho que revisar algumas planilhas.

Anastácia (em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora