Dezenove

327 15 0
                                    

Liguei o chuveiro, deixando a água gelada percorrer meu corpo, dando-me a sensação de alma renovada. Apesar de me sentir bem, algo não saia dos meus pensamentos, causando-me uma terrível tortura: Matheus.
Incrível a forma que só em pensar nele meu corpo incendiava. Ter feito sexo na noite anterior não fora o bastante. Eu precisava do seu toque. E não me importava, pelo menos não naquela hora, se Matheus era um homem casado.

- Discou o número certo?
- Atrapalhei sua foda com a Leona? - Perguntei no mesmo tom de ironia que ele usara.
- Para de ser ridícula! O que você quer? - Disse ríspido e no mesmo instante me arrependi de ter ligado.
- Nada. - Desliguei a chamada.

Não era noite, mas também não era dia. O clima mudara, contrariando a hora marcada no relógio. O céu estava carregado de nuvens e ventava forte. Exausta, joguei-me na cama, na tentativa de dormir. O que teria ocorrido bem, se Tereza não tivesse invadido meu quarto.

- Então você está namorando? - Perguntou com o semblante travesso. Joguei uma almofada nela que pegou e jogou de volta me acertando.
- Tereza, estou cansada, sai daqui. Por favor. - Pedi pacientemente ignorando sua pergunta.
- E o que eu faço com o lindo que está lá em baixo?
- Lindo? Oi?
- Sim, Aninha. Ele é lindo! Tão lindo que fui incapaz de ouvir seu nome quando se apresentou. Fiquei completamente hipnotizada… - Irritada, joguei novamente a almofada nela, só que com mais força – Calma, louca! Hahaha. Mando subir?

Mando subir? Essa menina perde a noção do perigo; levantei às pressas da cama, atropelando tudo que vi pela frente, só para ver qual “lindo” me esperava. E que lindo! Matheus estava sentado em um dos sofás da sala conversando com meu pai.

- Oi, amor! - Ele disse assim que me viu. Minhas pernas ficaram bambas, tive a sensação de que desmaiaria. Como aquele filho da puta invade minha casa me chamando de amor e ainda na frente da minha família?
- Filha, você está namorando e não me contou? - Perguntou minha mãe deixando-me sem voz.
- Parece que ela tem vergonha de mim. - Ele disse se levantando do sofá e caminhando até mim. - Vai continuar me escondendo, Anastácia? - Juntei todas as forças do meu corpo e presenteei seu lindo rosto com um forte tapa que assim que recebera sorriu debochado. Filho da puta.
- Anastácia! - Minha mãe repreendeu-me, aumentando meu ódio – Isso são modos?
- Ele não é meu namorado! - Gritei – Vai embora, Matheus!
- Não antes de conversarmos! - Disse firme.
- Não temos nada para conversar e você sabe disso, Matheus. - O contato visual com ele dificultava as coisas. Seus olhos negros fixados em mim, me levara ao paraíso e ali eu queria repousar.
- Dê uma chance para o menino! - Tereza comentou zombeteira, sentando-se ao lado dos meus pais. Todos nos olhavam, e Matheus se aproveitara da situação, ao ficar imóvel, sem falar ou se mexer.
- Ele não é meu namorado! - Reforcei. Pude ver o risinho no rosto de cada um; cansada da plateia, segurei na mão do Matheus, indo até meu quarto – Qual a porra do seu problema? - Perguntei assim que adentramos o cômodo. Em vez de me responder, Matheus puxou minha cintura, colando nossos corpos. - Me solta! - Shhhh. - Ele fez colocando o dedo em meus lábios, em sinal para me calar – Você me quer também, tá escrito nos seus olhos. - Disse convicto fazendo-me rir.
- Faça-me o favor! - Revirei os olhos.
- E por que me ligou?
- Queria saber como é a vida de casado.
- Queria, é? - Assenti. Matheus em um só movimento me colocara contra a parede, pressionando seu corpo contra o meu. - Sinceramente? - Sussurrou no meu ouvindo, causando-me arrepios com sua respiração quente em minha nuca - Eu não sei como é, já que não vivo como tal. - Ele pressionou os dedos contra minha cintura, descendo os mesmos até minha bunda, ainda pressionando. - Mas vou lhe mostrar como seria a nossa vida de casados!

Puta que pariu.

- Não estou nem um pouco a fim de saber. - Menti com dificuldade na voz, ele percebera rindo em meu ouvido.
- Por que você se faz de durona? Hm? - Suas mãos entraram por baixo da minha camisa, tocando minha pele, subindo os dedos lentamente até meus seios, onde começou a massageá-los. - Cadê a minha Anastácia?
- Eu nunca fui sua…
- Não é o que parece… - Seus lábios tocaram minha pele, entre beijinhos e chupões. Meus olhos estavam fechados e eu procurava forças para sair dali. O que era basicamente impossível, tendo em vista que eu o desejava também.
- Tá tudo bem aí? - Minha mãe batera na porta, fazendo Matheus me soltar imediatamente. Respirei fundo por alguns segundos, recuperando o folego antes de respondê-la.
- Sim, mãe. Matheus já está de saída.
- Não vai convidar seu namorado para jantar? - Ela perguntou fazendo o filho da puta cair na risada.
- Ele não é meu namorado, mãe. E ele não está com fome! - Lancei um olhar tenebroso para Matheus, deixando claro que se ele falasse algo, eu o mataria.
- Crianças…
- Ainda bem que ela sabe que a filha dela é uma criança. - Disse sentando-se em minha cama.
- O que está fazendo?
- Checando se é confortável. - Deu de ombros.
- Você é muito cara de pau.
- Posso ser tudo o que você quiser. - Piscou.
- É? Seja o garçom que conheci.
- Pff, Ana. Você só reclama de mim! Mas esqueceu que antes mesmo de descobrir sobre a Leona você já estava dando pro Vinicius.
- Assinamos compromisso? - Ele se levantou parando em minha frente.
- Eu pedi o divórcio. Vou até meu advogado amanhã.
- Como se isso fosse mudar algo. - Ou mudaria?
- Minha família vai perder um bom dinheiro com isso, Aninha. Não pense que vou me deixar perder você também.
- Eu nunca fui sua… - Desviei meu olhar do dele fitando o chão. - O Vinicius não merece sofrer!
- E eu? - Ele segurou minha mão, trazendo meu corpo pro dele – Eu mereço?
- Você mentiu! - Nossos olhares voltaram a se cruzar. Diferente do Matheus durão que acabara de invadir minha casa, suas feições mudaram, indicando algum tipo de sofrimento. - E além do mais não quero atrapalhar sua vida, não quero ser a responsável pela falência da sua família.
- O Vini é um cara bom e eu reconheço isso. Ele te merece sim, até mesmo mais do que eu, já que ele não mentiu pra você. - Entre seus suspiros meu coração apertou. Como eu poderia ser tão cruel? Eu também não estava me omitindo?! - Mas e eu, Anastácia?
- Não me chama assim! - Pedi com a voz falha. Eu me sentia podre e me chamar pelo nome, do jeito Matheus de ser, era covardia.
- Fica comigo. - Seu pedido fez com que eu suspirasse, fechei meus olhos fugindo do nosso contato visual. Quis chorar, mas chorar não adiantaria, quis beijá-lo, mas era errado, quis fugir, mas eu estava em meu quarto. O intruso era ele.
- Eu não posso, Matheus. Vai embora, por favor. - Ele encostou sua testa a minha, unificando nossas respirações. Não era amor, e talvez nem paixão. Mas ele tinha algo capaz de me prender, capaz de deixar minhas pernas bambas apenas com um olhar, um toque, uma fala.
- Não posso ir. - Ele segurou em minha mão, guiando-a até sua virilha, deixando-me sentir o volume ali formado – Percebe isso? Hm? Você me deixa assim. - Dito isso, ele ainda segurando minha mão, levou-a até o lado esquerdo de seu peito – Pode sentir meus batimentos cardíacos? Estou acelerado. Você me deixa assim…
- Matheus… - Sussurrei e abri os olhos, ele me olhava profundamente.
- Eu sou louco por você, Anastácia. - Meu corpo inteiro se incendiou e eu mal conseguia me manter em pé. Joguei os braços em volta de seu pescoço, deixando-me ceder. - Nunca senti essa vontade que tenho de você por alguma outra mulher. Você está presente em meus pensamentos na hora em que acordo e na hora que durmo. Me masturbo pensando em cada parte do seu corpo no mínimo umas 5 vezes por dia. Não sei que porra é essa, não sei se é amor, só sei que estou dependente de você. E desculpa, amor, mas não desisto fácil.

Não tinha o que se responder, ou melhor, faltavam-me as palavras. Grudei meus lábios nos dele, o beijando com voracidade. Matheus caminhou comigo até a cama, jogando-me sobre a mesma. Ergui minhas pernas, entrelaçando-as em seu corpo. Nos beijávamos como se o mundo fosse acabar, como se aquele fosse nosso último beijo. E eu não queria sair dali, ali era meu lugar.

- Que saudade de você. - Disse após pararmos o beijo, recuperando o folego. Mantive o olhar em seus lábios; lábios que marcaram desde a primeira vez em que os vi. Eu sorria feito boba, talvez como uma criança que acabara de ganhar uma viagem à Disneylândia.
- Também senti sua falta.
- Eu sei. - Ele abriu um de seus melhores sorrisos. Como alguém pode ser tão desgraçado e lindo ao mesmo tempo? - Não adianta negar, Ana. Eu vejo em seu olhar que você também me quer.
- Não é tão fácil assim! - Eu ia começar a falar quando ele voltou a me calar com seu dedo em meus lábios.
- Shhh. Hoje não. Chega de discussões por hoje, amanhã eu deixo você me dizer não. Hoje a noite é nossa.

Suas mãos percorriam meu corpo, subindo e descendo, numa cadeia de montanhas, de acordo com minhas curvas, eriçando meus pelos à medida que ele erguia minha blusa. Com os olhares fixos, peça a peça fora retirada e logo estávamos nus. Nossos lábios se encontraram, dando início a um beijo longo e cheio de desejo. Cruzei as pernas em sua cintura, com a respiração ofegante, meu corpo suplicava o seu que logo correspondera, deixando-me sentir seu membro enrijecido, pressionado contra meu corpo. Seu coração estava acelerado, não tão diferente do meu, que a cada batimento cardíaco sussurrava seu nome: Matheus. Sua boca desceu pelo meu pescoço e beijara meu ombro, enquanto cravei as unhas na pele de suas costas. Sim, eu queria marcá-lo. Deixar claro pra Leona ou pra quem mais fosse que aquele homem pertencia à mim; nossos movimentos se intensificaram, eu queria mais, muito mais. Nem um pouco satisfeita, minhas mãos percorreram todo seu corpo, apertando as partes que mais me atraiam, como por exemplo, seu abdômen. Meus dedos tocaram a região da sua virilha, e ele deixara escapar um gemido rouco, fraco. Quase como um selvagem, Matheus cravara uma mordida forte em meu pescoço e sorriu, voltando a me olhar. Nessa troca de olhares, tudo fora dito, e só depois de longos minutos, nossas bocas voltaram a se encontrar dando início a um novo beijo. Logo seu pau me invadira com força, arrancando-me gemidos e revirando-me os olhos. Uma, duas três… Dez investidas violentas, começando a meter devagar e voltando a acelerar aos poucos. Uma, duas, três e mais dez investidas violentas. Não me segurei, tendo meu primeiro orgasmo da noite. Mais algumas investidas e ele chegara ao orgasmo. O que poderia acabar para muitos, estava só começando. A noite como ele dissera era nossa, e teve sim, mais beijos, carícias, sexo e orgasmos.

O relógio despertou no horário de sempre, e diferente dos demais dias eu acordara com um sorriso imenso no rosto. Matheus dormia feito um anjo e me permiti olhá-lo por alguns minutos antes de acordá-lo.

- Psiu. - Percorri a mão em seu rosto, tocando sua pele e seu cabelo, em sinal de carinho.
- O que foi? - Perguntou sonolento, apertando os olhos, fugindo da luz.
- Tenho que trabalhar e imagino que você também. - Levantei da cama, indo até o guarda-roupa e separando minha roupa. - Vamos, Matheus. Hoje é segunda, não posso me atrasar. E além do mais estou faminta! - Passei a mão na barriga lembrando da noite anterior, que por mais que tenha sido maravilhosa, eu não havia comido nada.
- Chata! - Resmungou e se levantou; Meu celular vibrou, indicando ter recebido alguma mensagem. Peguei para ver de quem era e quase caí para trás.

“Ana, tô saindo de casa agora. Passo aí para irmos juntos, beijos”.

Droga, Vinicius.

- Vou te deixar no trabalho e depois vou para casa me arrumar.
- Não é preciso. - Respondi nervosa.
- Por que não? - Ele percebera meu nervosismo já que me encarou desconfiado.
- Vinicius vai passar aqui. - Sua expressão mudou como o previsto. Ele que estava próximo a parede, acertou-a em cheio com um soco.
- Porra, Ana.
- Você sabe, eu disse ser complicado! Vai embora, Matheus. - Ele não me respondeu. Juntou suas coisas e esperou ao lado da porta, também não falei nada. Caminhei com ele até o portão que sem se despedir, subiu em sua moto e fora embora.

- Você está linda! - Disse sorrindo ao me ver, retribuí o sorriso e entrei em seu carro.
- Bom dia, Vini. - Fui cumprimentá-lo com um beijo no rosto, mas Vinicius virou o rosto, e nos beijamos brevemente.
- Devia ter dormido lá em casa! - Ele deu partida com o carro e fiquei em silêncio, com a cabeça encostada no vidro do carro, observando a rua. - Vai pra faculdade hoje? - Ele perguntou quebrando o silêncio.
- Preciso ir. - Menti. Eu não iria a faculdade, eu havia combinado de encontrar com Leonardo para discutirmos sobre nosso acordo; ele estacionou o carro, e antes que eu pudesse descer do mesmo, Vinicius puxara meu braço, deixando-nos frente a frente.
- Aconteceu alguma coisa?
- Não, Vini. - Sorri de lado – Está tudo bem! - Puxei seu queixo, e colando nossos lábios, iniciei um beijo. Beijar Vinicius era bom, ficar com ele também era. Eu não tinha dúvidas… Vinicius e Matheus eram dois filhos da puta que mexiam com meu psicológico.


Anastácia (em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora