Ouvia-se o barulho da festa na rua, com tantos tunts tunts o negócio estava bom. Vinicius acionou a campainha e logo apareceu uma mulher que aparentava ter seus 30 anos, com o cabelo vermelho-cereja, ela estava fantasiada de enfermeira e aparentava fazer a linha piriguete.
- Estávamos te esperando, bonitinho. - Sua voz me irritou profundamente, o que me fez agradecer novamente por estar de máscara, assim eu não teria que forçar simpatia.
- Leona! - Vinicius disse e a cumprimentou com um beijo no rosto.
- Quem é a morte aí? Haha.
- Minha amiga! Ana, Leona. Leona, Ana.
- Olá! - Falei sem muito ânimo.
- Não vai tirar essa máscara? - Ela me encarava com as sobrancelhas arqueadas como se estivesse tentando descobrir quem eu era.
- O tema da festa é fantasia, Leona. Não enche! - Vinicius disse e me puxou pra dentro da casa. Meu corpo gelou assim que lembrei da última vez em que eu estivera ali.
- E aí, jovem! - Aquela voz, aquela maldita voz. Um timbre capaz de fazer cada pelinho do meu corpo se eriçar lentamente; virei meu corpo olhando para trás. Perfeição era a palavra certa para defini-lo. Matheus vestia-se de policial, um policial capaz de fazer qualquer menininha cometer o maior dos crimes só pra ter o prazer de ser algemada por ele.
- E aí, parça! - Eles se cumprimentaram com um toque de mão – Quanta gente, hein.
- Isso é só o começo! Hahaha. E quem te acompanha? - Disse com o olhar fixo em mim. Padeci no inferno. O que eu falaria? Oi Matheus?
- Amor! – Leona se aproximou envolvendo os braços na cintura do Matheus. Vadia. Mas pera aí, ela o chamou de amor? - O Vini não quer nos deixar ver quem é hahaha.
- E quem é? Haha.
- É a Ana, a amiga de quem te falei. - Hm, ele falava de mim? Pro melhor amigo? E por que o projeto tinhoso não tirava os braços daquela cintura que me pertencia?
- E qual é da fantasia, Ana? - Matheus me perguntou. Filho da puta. - Morte? Haha.
- Ideia do Vinicius. - Disse ríspida dando de ombros.
- Hm, entendi! Vinicius é superprotetor – Riu; E você é um safado, otário!
- Assim como sou com você, amor. - A voz da Leona, a insuportável voz da Leona (diga-se de passagem) fez minha cabeça latejar. Então eles tinham mesmo algo?
- Casei com a melhor mulher do mundo! - Casei? Casados? Oi? Aquilo já era demais pra mim. Meu estômago embrulhou e me segurei ao máximo para não vomitar na cara deles dois. Pra piorar a cena, Matheus puxou Leona para um beijo, fazendo a vadia suspirar entre o mesmo.
- Vini, quero beber algo, por favor. - Pedi à ele que segurou minha mão e me puxou para a cozinha, nos livrando da tal cena repugnante.
- Puts! - Ele coçou a cabeça me olhando preocupado.
- O que foi? - Perguntei sem entender.
- Essa fantasia tem dois erros… O primeiro e mais cruel é que não poderei te beijar. E o segundo… Como você vai beber e comer? - Gênio! Só agora notara isso?! Me livrei da máscara sem me importar com a cara lavada. Peguei a bebida que ele segurava e, sem nem saber o que era, virei de uma só vez, sentindo minha garganta arder.Não havia motivos a quais justificassem meu estado. E daí que ele é casado? Foda-se ele. Foda-se que ele mentiu. Foda-se que ele me comeu bem pra caralho e foda-se também eu gostar dele. Nós não havíamos nada e há dias não nos víamos. Vinicius? Estava ali, ao meu lado, e até o momento sem mentiras.
- Caralho, Ana, tá louca? - Vinicius perguntou irritado, pegando o copo da minha mão.
- Relaxa!
- Toma. - Ele estendeu a mão me entregando um potinho com petiscos – Come isso, se não é capaz de tu passar mal. - Não quis revidar, comi os petiscos sem encará-lo. A cena que eu vira na sala não saia da minha cabeça.
- Doidinha! - Dei-lhe a língua.
- Quem mostra a língua quer beijo! - Fui impedida de respondê-lo, quando ouvi Matheus falar atrás de mim.
- Ora, ora. Ela tirou a máscara. - Virei lentamente meu corpo, esboçando meu melhor sorriso, ficando cara a cara com ele.
- Bu! - Mantive o sorriso, encarando-o. Ele ficou branco, nitidamente assustado, mas se recuperou em segundos, sorrindo cinicamente pra mim.
- Parabéns, parça. A guria é linda. - Piscou e em seguida deu de costas. Idiota.A casa estava lotada, a música era agradável, e tinha bebida de sobra. Aparentemente, eu não tinha do que reclamar. Vinicius me apresentou a um grupo de amigos, os quais o convenceu de me deixar sem a máscara. Uma menina até brincou ao falar que eu era a morte por estar sem maquiagem.
- Tu sabe dançar? - A mesma menina perguntou. Eu saberia seu nome se não fosse a grande quantidade de álcool que eu havia ingerido.
- Sei! - Respondi mais animada que o normal.
- Ô DJ! - Ela gritou, fazendo o DJ voltar sua atenção para nós – ÔOOOOH, DJ! BOTA UM FUNK AÍ QUE VAMOS CAIR PRA DENTRO DO BAILE, PORRA! - A menina gritou e o tal DJ obedeceu. Ele começou a fazer mixagens de funk, tendo a aprovação da galera. - Eu quero é ver como a morte rebola! Hahaha.
Meu nome? Anastácia. E quem era eu ali? Não sei te responder. O que sei é dancei, e não dancei pouco. A menina me acompanhou e juntas fomos até o chão, rebolando com direito a dedinho na boca. Vinicius dançava conosco. E Matheus? Assistia tudo com olhar de reprovação.- Vini, vou ao banheiro. - Disse em seu ouvido – Estou apertada.
- Eu te levo.
- Não, fica aí. Eu sei onde é. - Sorri e ele concordou; não me recordava de ter banheiro no andar de baixo, então subi as escadas em direção ao maldito banheiro a qual eu conhecia. Entrei no mesmo, sendo impedida de fechar a porta – Mas que droga!
- Vagabunda! - Matheus entrou no banheiro nos trancando em seguida.
- VAI SE FODER! - Gritei partindo pra cima dele. A cada soco, eu colocava minha raiva pra fora, e a raiva era tanta que ele tentava me imobilizar e não conseguia.
- PARA COM ESSA PORRA, VADIA! - Ele gritou assim que conseguiu segurar meus braços.
- VADIA É A PUTA QUE TE PARIU!
- PUTA AQUI SÓ VOCÊ! - Me soltou – Tá dando pra ele né, porra? Por isso que tu sumiu?
- Acho que a única que lhe deve satisfações aqui é a Leona, a ruivinha vulgo sua esposa! - Cuspi as palavras, liberando todo meu ódio.
- Responde. - Ele fechou os olhos. Respirando fundo, tentando se controlar.
- Você quer saber o obvio? - Ri nervosa.
- Quero ouvir você dizer. - Abriu os olhos encarando meu olhar. Filho da puta. Ele sabia que aquele maldito olhar tinha poder sobre mim.
- Hm, estou sim. Dando loucamente. No trabalho, no carro, na cama. Inclusive demos uma rapidinha antes de virmos pra cá e puta que pariu, viu Matheus… Teu amigo fode bem pra caralho! - Senti minha bochecha arder após o forte tapa que ele me dera. Matheus me colocara contra a parede, segurando meu pescoço. Me fiz sua refém, não movendo um músculo. Eu não me passaria por fraca, não ali.
- Ele te fode bem pra caralho, é puta? - Ele pressionou os dedos ainda mais contra meu pescoço – Será que fode mesmo? Será que ele fode como eu?
- Não, Matheus! Ele fode muito melhor! - Ele soltou meu pescoço, ainda me mantendo contra a parede. Seu olhar mantinha-se sobre o meu e não ousei em desviá-los. Matheus segurou minha fantasia, e com toda sua força, rasgou-a no meio – QUE PORRA VOCÊ ESTÁ FAZENDO? - Ele não respondeu, apenas me virou de costas, dando-me um novo tapa, só que na bunda. - ME SOLTA! – Por mais que eu tentasse eu não ia conseguir sair dali. Matheus era forte e estava usando e abusando da sua força.
- Foi por causa dele que tu sumiu? - Sussurrou em meu ouvido. E não me pergunte como ou por quê, mas isso me arrepiou.
- Eu não te devo satisfações! - Disse pausadamente. No mesmo instante ele me virou, deixando nossas respirações próximas. Nossos olhos voltaram a se encontrar e com isso estremeci. - Você é casado… - Falei quase que num sussurro, fechando os olhos.
- Shhhhh… - Ele tocou meu lábio com o dedo e em seguida me beijou. Correspondi o beijo sem forças para me livrar dele. Um beijo lento e denso ao mesmo tempo. Um beijo carregado de saudades, talvez de ambas as partes. - Você gosta dele? - Abri os olhos, o encarando. Ele retribuía meu olhar, e isso dificultava qualquer tentativa de resposta.
- Gosto.
- Ótimo. - Ele me soltou e em seguida deixou o banheiro. Caí no chão, desabando em um choro profundo. Eu soluçava, puxava o cabelo, me estapeava, gritava… Não conseguia entender aquilo. Não conseguia encontrar motivo pro buraco formado em meu peito. Algo que me fodia lentamente, causando uma dor jamais sentida antes.
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Anastácia (em revisão)
RomanceSinopse: Anastácia Avelino de Abreu é virginiana com ascendente também em virgem e lua em leão. De personalidade forte, Ana tem sempre uma resposta na ponta da língua. Para ela, não existe meio termo. Decidida, intensa e um pouco metódica. Há quem...