O Segredo

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*1959*

P.O.V Anne (Diário)

Dia 11/11;

Eu, Adele e Amy estavamos nos arrumando para nossa formatura na escola do 5 ano, ai nós íamos ganhar diploma e aproveitar a festa, no meu caso, era de manhã, estava de camisola enquanto minha irmã Adele, desceu bem produzida com seu melhor vestido, ao ver ela desfilando na escada bati palminhas e fiz cara de quem sabe das coisas.

-Uhun... já vai pra escola?

-É, vou ajudar a terminar tudo.

-Manda pro Théo um Oi! - voltei a tomar café sucegada enquanto minha irmã me fuzilava com o olhar.

-Quem disse que vou encontrar o Théo? - Disse ela nervosa.

- Eu sei de tudo maninha. -Tomei um gole de leite.

-Só porque é sensitiva não quer dizer que sabe de tudo.

-Não, mas sei que você ta namorando escondido com ele a uns 3 meses.

Adele é uns 3 anos mais velha que eu, mas não justifica para nossa mãe o porque de começar a namorar agora.

- Você não vai contar pra mamãe neh?

-Não vou, só se você não contar sobre o exorcismo.

-Mas aquilo poderia ter te matado! Você tem ideia disso? Todas as janela da igreja estouraram! E...

Fiquei imitando ela me dando o discurso que fez umas 19 vezes desde ontem. Quer dizer, 20.

-Ou eu exorcisava ele ou aos poucos as pessoas continuariam morrendo. Outra solução?

-Ser uma pessoa normal e ignorar isso vale?

-Não, se você ainda não percebeu, eu sou a única sensitiva da cidade.

-E?

-E que eu tenho que fazer minha parte!

Terminei o café e subi para o quarto onde nossa amiga Amy estava tentando prender o cabelo em uma trança, fui ajudá-la, ela agradeceu e foi colocar seu vestido. Entrei no banheiro, tomei banho e fiz o resto de minhas higienes, coloquei o meu vestido que já estava separado dentro do banheiro, minha bota e soltei o cabelo colocando um arquinho.

Já que Adele tinha saído mais cedo, eu e Amy fomos andando conversando sobre coisas bem aleatórias enquanto eu ria todas as vezes que ela contava sobre uma bonequinha  que ela tinha e insistia pra mim que estava assombrada, amaldicoada, sei lá, a pessar de ter confirmado que a boneca a assustava por ser antiga e estar um pouquinho destruída (era da mãe dela).

Chegamos a festa, nem todo mundo tinha chegado, mas estava tudo pronto, e eu do jeito que sou fui correndo para a mesa de doces, não sou a garota mais delicada do mundo, Adele e Théo estavam colocando os últimos infeites nas paredes, conforme o tempo foi passando os convidados foram chegando e todos estavam se divertindo muito, Amy que normalmente é a mais extrovertida da escola, estava de canto, me olhando torto decidi ir falar com ela que deu a desculpa de "Não estou me sentindo bem"  e esse tipo de coisa. Até que chegou no final da festa, eram por volta de 15:30 da tarde e o diretor foi chamando os nomes para pegar os diplomas, quando nós três pegamos os nossos, minha mãe insistiu em tirar fotos, na primeira todo mundo estava com sorriso amarelo de tão cansadas que estávamos, Amy quis tirar a foto com um ursinho que havia ganhado, na segunda foto, ela deu o bichinho de pelúcia pra minha mãe guardar pra ela e voltou pra pose, decidimos fazer caretas, mas ela ficou olhando para a estrada de barro que estava do lado. Não dei atenção, na terceira ela saiu correndo em direção a estrada... Então eu vi, era um espirito com um vestido branco dizendo para ela se aproximar, ao lado dela, tinha um cachorrinho adulto fazendo várias gracinhas, é verdade, o cachorro de Amy, Tobi, morreu quando ela tinha nove anos, tambem vi uma coisa ao fundo, mas pelas luzes sabia que era um veículo, não sabia direito oque era, só sabia que estava em alta velocidade, corri para alcança-la, o veículo estava muito perto, pulei em cima de Amy pra empurar ela, mas no final... tudo oque puder ver era minha amiga, quase morta, ela se virou pra mim e simplesmente falou:

-A culpa é sua. -O ar se esvaiu de seus pulmões e eu desabei a chorar pedindo ajuda, um homem saiu do veículo e foi tentar ajudar, as pessoas estavam em choque, Adele estava paralisada e abraçada com minha mãe.

Me desculpa.

P. O. V May

Eu vi o papel com marcas de choro e o resto das páginas, tanto as primeiras quanto às últimas, arrancadas violentamente.

- Eu sei como é. - fechei os olhos e guardei o diário onde sempre vou me lembrar, guardei ele junto ao meu.

Let Her GoOnde histórias criam vida. Descubra agora