Covenant

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- Oppa, está doendo... - minha voz sai tímida e eu fecho os olhos tentando suportar a pequena dor que o mais velho causava em meu polegar.

- Prometo que irá passar. - ele gentilmente sorri.

Jungkook aperta mais aquela gilete contra meu dedo e após poucos segundos, consegue me fazer ter um leve sangramento onde fôra cortado. Ele faz o mesmo em si, e eu o admiro ao não ver nenhuma expressão de dor em seu rosto. Juntou nossos polegares direitos e misturou nosso sangue por um minuto, encarou-me enquanto os apertava, ele sabia que quando me olhava demais, acabava por me fazer corar.

- Pronto, agora temos um pacto. - com um pano branco, limpou com delicadeza meu dedo e em seguida o próprio.

- Isso significa que temos o mesmo sangue?

- Tecnicamente sim. - pôs um curativo. - Na verdade significa que não devemos quebrar essa amizade, temos que dedicar tudo a nós mesmos e nada poderá nos separar.

- Como irei impedir que algo ou alguém nos separem?

- Terá que lutar até a morte. - arregalei os olhos em forma de preocupação e o mesmo riu. - É brincadeira, isso na verdade só dependerá de você.

- E se eu quiser romper?

- Daí eu nunca mais irei falar ou olhar para você.

- Isso é s-sério?

- Sim, muito sério. Até porque não me machuquei atoa...

- Bem, então acho melhor lutar até morte, do que ser rejeitada por você... - sorrimos. - Kookie, posso lhe fazer um pedido?

- Sempre que quiser...!

- Pare de me olhar diretamente nos olhos, eu fico sem jeito... - ele soltou risos.

- Acho que esse pedido não será aceito. - suspirei. - Olhar para um rostinho lindo como o seu é um privilégio, não posso deixar de apreciá-la. - bebeu um gole do seu refrigerante. - Você quer?

- Não, obrigada. Só tenho que ir para casa, está ficando tarde e amanhã temos aula.

- Como pode chamar aquele lugar de "casa"? - nos levantamos da mesa e colocamos nossos casacos.

- Sabe que eu cresci lá e que não há outro lugar para que eu possa ir.

Saímos do local onde somente nós conhecíamos, onde íamos ficar juntos sem ninguém para atrapalhar ou atormentar.

- Já lhe disse para vir morar comigo, mas eu tive que arrumar uma amiga teimosa... - abriu a porta do carro para que eu entrasse. Deu a volta e se pôs no lugar do motorista, em seguida dando partida.

- Não sou teimosa, só gosto de ficar no orfanato e quando completar dezoito anos poderei sair...

- Não, você não gosta e sabe que ainda falta exatamente um ano para sair. Enfim, também não vou discutir isso pela milésima vez.

Suspirei novamente e logo depois deixei-me escapar um riso de lado. Passei a observar os carros que passavam enquanto pensava um pouco sobre o fato de eu gostar ou não de morar no orfanato. Para falar a real verdade, aquele lugar não era algo agradável para mim, por mais que eu trabalhasse, não podia sair de lá a menos que completasse finalmente meus tão esperado dezoito anos.

Jungkook era meu melhor amigo desde a sexta série, nos conhecíamos muito bem, mas eu escondia tantas coisas do mais velho. Detestava vê-lo preocupado comigo, odiava dar trabalho as pessoas, me sentia incomodada. Mas como todo mundo, tínhamos um sonho: poder viajar de estrada a fora. Jeon morava com seu tio que era chefe de polícia, eles possuíam bastante dinheiro, porém Kookie disse que só iria sair da cidade se eu fosse com o mesmo. Concordei com isso, então começamos a juntar muito dinheiro para que em algum dia pudéssemos realizar o que tanto queríamos.

- Vai ficar bem? - pergunta assim que para o carro.

- Sim, irei tomar um banho e me deitar. Estou cada vez mais cansada... - bocejei e ele sorriu.

Beijou-me na testa e fez carinho no lado esquerdo da minha bochecha.

- Por favor não pare, eu gosto disso... - fecho os olhos aproveitando mais do seu carinho.

Jungkook me puxa para deitar em seu ombro e passa a fazer um maravilhoso cafuné em meus cabelos. Gostava quando ele agia daquele forma, sabia que eu não recebia carinho onde morava, e por isso ele me dava todo o amor que tinha dentro em seu coração. Eu acho...

- Kookie, e se não der certo? E se não conseguirmos?

- Não pense o negativo, apenas confie na nossa capacidade. Nós vamos conseguir... Eu prometo. - apertou-me. - Feliz aniversário, minha menina...

Sorri alegremente por ele ter sido o único no mundo a me desejar parabéns. Depois de minutos recebendo carícias de Jeon, nos despedimos com beijos no rosto e eu voltei para o orfanato que logo iria se fechar. As meninas já haviam ido todas se deitar, e eu tratei de correr para o segundo andar da casa. Aquela porta, aquela sala, eu sentia arrepios só de passar por ali.

- Kimberly. - o dono do orfanato infelizmente abre a maldita porta, e me chama. - Venha aqui.

- Por favor, e-eu já estava indo dormir!

- Entre.

- Por favor... - ele veio até mim e pegou em meu cabelo, puxando-me com força para dentro da sala a qual trancou. - Me solte...! - eu já chorava por estar ciente do que iria fazer.

- Sabe que horas são? - me jogou no chão. - Você sabe que horas são?! - gritou com raiva.

- N-nove...

- E que horas é para você estar aqui?

- Às s-sete...

- Exato, e você deveria obedecer as regras! - chutou-me forte na barriga.

- Por favor, pare... - exclamei baixinho com voz de dor.

- Hoje o fiscal veio até aqui para ver se estava tudo bem, mas uma vadia não havia chegado! - chutes e mais chutes fortes e dolorosos.

Se abaixou ao meu lado e observou-me chorar com gemidos quase inexistentes. Em seguida me puxou pelo braço e me jogou na parede, fazendo-me ter pouco cuidado e bater com a cabeça. Suas mãos imundas abaixaram minha calcinha até o joelho, eu tentei parar, tentei evitá-lo, mas era impossível mudar suas atitudes horríveis.

- Por favor, eu te imploro...! Não faça isso, por favor... - ainda chorando, tentei convencer o homem que me tocava.

Calleb tinha em seu rosto um sorriso maldoso, sem piedade e psicótico. Seu indicador acariciou minha pequena e frágil intimidade, aumentando cada vez mais o meu choro. Sem agir muito, ele parou e subiu minha calcinha novamente.

- Suma da minha frente sua estúpida. - disse frio e arrogante.

Sem hesitar, destranquei a porta e saí de imediato daquele cômodo desagradável. Corri para o meu quarto e caí na cama aos prantos, com medo, dor, fragilidade, ódio... Ele era um homem cruel, sem escrúpulos e posso conduzir que também seja um assassino. Eu guardava rancor daquele idiota, estava sempre pensando em retrucar com ele, em bater de frente. Mas eu era uma menina que completava apenas dezessete anos de idade, americana, pele pálida, cabelos castanhos e olhos cinza... Ninguém nunca iria me respeitar além de Jungkook, minha aparência atraía qualquer cara ruim que sabia da minha inocência e muito pior, que eu era uma menina virgem.

Se eu não tivesse Jeon na minha vida, sinceramente, estaria morta.

Notas do autor:

Mais uma história que postarei com extrema rapidez, espero que gostem!

Together || Jeon Jungkook (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora