"Por que você fez isso?"

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Hazel Jonatham

Hoje as aulas passaram bem depressa, para a alegria de todos. Não tinha uma hora do dia que eu não ficava encarando a Lindsay de agarros com o Pitt. Os dois ficaram juntos o dia inteiro. Tinha vezes que eu ouvia eles conversando. Lindsay fazia planos para o que eles poderiam fazer quando chegassem à casa da mãe do Connor. Àquilo me irritava porque, pra começo de conversa, o pedaço de papel nem era pra ela. Eu tinha várias reações só de ver e ouvir àquelas coisas : nojo, ânsia de vômito, estômago embrulhando, raiva, ódio. Não que eu estivesse com ciúmes ou coisa do tipo, é que... eu já perdi um cara antes pra Lindsay e o Pitt era tão gente boa. Admito que não venho o tratando muito bem desde que ele chegou, mas é porque eu sou assim, posso ser grossa em alguns momentos, desconfiada, insegura. Sem falar que eu estava começando a considerá-lo um amigo. Eu já me decepcionei demais com as pessoas, mas o Connor... ele parecia ser daqueles que vinham pra ficar.

— Hazel!

Pitt se aproximou, me vendo sentada na mureta aonde eu sempre ia pra lanchar.

— Sabia que a escola tá vazia, né?

— É, de vez em quando eu fico por aqui mesmo.

Pausei minha música.

— Por que?

Sentou-se do meu lado.

— Não tenho outro lugar pra ir.

Dei de ombros.

— Engraçado, todo mundo quando sai da escola, a primeira coisa que pensa é em chegar logo em casa.

— Eu não sou todo mundo.

Repeti a frase que ele já havia dito.

— Como me achou?

— Pensei que estaria aqui; até porque a primeira vez que te vi, você estava exatamente sentada onde está agora.

— E você ficou depois das aulas me procurando?

— Tenho treino ao 12:00hs. Essa hora eu teria que estar em casa almoçando com o meu velho pra depois voltarmos pra cá, mas fiquei direto. E enquanto eu espero pelo meu pai, fico aqui conversando com você.

Sorriu, me dando um leve empurrão no braço.

— Pensei que você fosse pra casa da sua mãe com a Lindsay.

— E eu pensei que você tinha hora pra chegar em casa já que a sua mãe não gosta que fique vadiando por aí; o que eu não compreendo muito bem já que você tem quase 18. E se bem me lembro, nessa idade os jovens já são considerados de maior.

— NÃO É TÃO FÁCIL ASSIM, TÁ LEGAL?

Gritei.

— Calma, eu só tô querendo entender.

— O que eu quero dizer é que... você não conhece a Mirela.

— Chama a sua mãe pelo nome dela?

— Ela não é minha mãe biológica. Eu sou... adotiva.

Abaixei a cabeça, começando a cutucar a unha do dedão.

— Hey... não tem que ter vergonha disso.

Jogou uma mecha de cabelo para trás da minha orelha.

— É que muitas vezes ela não age como uma mãe.

— O que ela faz com você? Te bate? Te insulta verbalmente?

Assim que eu comecei a abrir a boca, o Treinador Connor chegou.

A Menina Dos Pulsos Vermelhos (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora