Pitt Connor
Os dias foram se passando, eu e a minha mãe cuidamos muito bem da Hazel e ela foi melhorando aos poucos. Até então não havíamos deixado que ela partisse por medo dela sofrer nas mãos da mãe novamente e como ela não tinha demais parentes nem alguém em quem confiava de olhos fechados, concordamos que ela ficaria conosco até se recuperar cem por cento. E esse dia, enfim, chegou.
Após chegar da escola, avistei minha mãe mexendo no jardim. Como ela trabalhava em casa e fazia o seu próprio horário, não a questionei sobre ter pacientes naquele momento. Por estar com as mãos sujas, ela me pediu para que eu levasse uma muda de roupa pra Hazel. A obedeci, indo ao quarto. Assim que cheguei, estranhei do lugar estar vazio e fiquei preocupado. Olhei pra janela e a mesma se encontrava fechada. Caminhei até o banheiro e empurrei a porta, que estava entreaberta.
— Ai!
Vejo Hazel sair de trás da mesma, tapando seu corpo com a toalha. Provavelmente acabara de sair do banho e estava se secando. Quando ela viu que era eu, voltou pra atrás da porta correndo.
—M-me desculpa. Você estava tão quieta que eu pensei...
Me afastei um pouco, fechando fortemente os olhos.
—Tá tudo bem, eu... achei que seria a sua mãe que iria me trazer as roupas. Mas você também serve.
Deu uma risadinha.
Assim que olhei para baixo, vi um pequeno volume nas minhas calças e fiquei constrangido, com medo que ela percebesse.
— Pitt...
— Sim... Ahn, oi.
— Será que você...
— Eu o que? O que tem eu?
Engoli em seco.
— Pode me entregar as roupas por favor? Tá começando a ficar frio aqui.
— Ah, claro. Nossa, como eu sou... Estão aqui.
Estiquei o braço, entregando-lhe as peças.
— Eu vou te esperar... Estarei sentado bem ali.
Fui em direção a cama. Logo Haz saiu, vestindo o vestido florido que minha mãe havia lhe dado.
— Eu nunca gostei de usar vestido. Acho minhas pernas horríveis.
— Que nada, você... você tá linda!
A elogiei.
— Valeu.
— Fica diferente.
— E isso é bom?
— Pra mim, significa autenticidade. Mas se quiser, eu posso pedir pra minha mãe arrumar out...
— Tá tudo bem, eu já abusei muito da estadia e mordomia de vocês. Obrigado por tudo.
— Foi um prazer. No que precisar, sabe aonde me encontrar. Bom, agora eu vou lá embaixo pegar minha moto. Nós vamos para a delegacia fazer um boletim contra a sua mãe.
— O que? Pra que?
Me encarou confusa.
— Ué, como assim pra que? Ela te agrediu.
— Mas eu nunca disse que a denunciaria.
— Hazel, você precisa! Essa mulher te maltratou de todos os modos possíveis. Tem que deixar que a justiça faça a sua parte.
— Não vou mandar minha mãe pra cadeia.
— Ela não é sua mãe, ela é um monstro disfarçado.
— Não fala assim dela, você nem a conhece!
— E nem quero conhecê-la, principalmente depois de tudo o que você disse que ela te fez. Eu sinceramente achei que você tinha mudado, que tinha aberto os olhos e largado de ser tão trouxa.
— Sabia que nunca devia ter me aberto pra você.
Foi em direção a porta.
— Aonde você vai?
Me levantei, seguindo-a.
— Pra casa.
— Você vai mesmo voltar pra àquela casa, com àquela mulher lá?
— É isso aí! Vou voltar pra minha antiga vida, e quando me refiro a minha antiga vida, é aquela a qual não incluía você na minha antiga vida não incluía você.
Chegou até o andar de baixo e saiu da minha casa.
— O que tá acontecendo aqui?
Minha mãe veio vindo da cozinha, secando as mãos com um pano de prato.
— Ela foi embora.
*****
Algum tempo depois...
Hoje completava o quinto dia que eu não falava com Hazel. Na sala, ela nem olhava na minha cara, nos corredores passava reto e na hora do intervalo ficava sozinha, ou lendo ou escutando música. Agora eu passava um pouco mais de tempo com a Suzanne já que eu não conhecia mais ninguém.
Ainda me lembro do dia que a Hazel voltou pra escola, o quanto Lindsay e sua turma mexeram com ela. Aquilo me subiu uma raiva... Mas eu prometi a Jonatham que não iria mais me interferir nos problemas dela. E outra, ela literalmente pediu distância de mim.
Era a terceira aula e eu estava saindo da sala pra ir trocar alguns livros no meu armário. O corredor se esvaziava aos poucos quando vi Lindsay e as outras garotas chegando perto de Hazel. Só pela cara já percebi que iriam aprontar alguma. Continuei na minha, observando de longe e vendo o que iria acontecer.
"— Ai meu Deus, que nojo! O que é isso?"
Duas garotas seguraram os braços de Hazel enquanto uma terceira segurava os materiais dela. Lindsay pegou num dos braços de Jonatham e viu uma mancha de sangue na blusa. Ergueu a mesma e notou que o líquido se escorria pelo braço da garota. Àquilo pra mim só significava uma coisa: ela havia se cortado recentemente.
"— Ai gente, ela se corta. Tadinha!"
"— Que doente!"— Nem todo mundo gosta de chamar atenção como vocês, bando de ridículas.
— Olha ela, está querendo nos enfrentar, é coisinha?
Faz alguma coisa, Pitt!
Lindsay pegou os pulsos de Hazel e passou a apertá-los fortemente. Ela começou a gritar e taparam sua boca. Lágrimas já saíam de seus olhos.
— Da próxima eu faço pior, aberração.
A frase foi sussurrada em seu ouvido pela Lindsay antes dela e as amigas irem embora. Decidi fazer o mesmo.
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A Menina Dos Pulsos Vermelhos (CONCLUÍDA)
FanfictionEstá com dor? Com medo? Nervosa? Talvez uma lâmina resolva os seus problemas ... * ESCRITA NO ANO DE 2016 *