"Ainda bem que você entrou na minha vida"

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Hazel Jonatham

— Espera... Ai... Calma aí... Tá doendo!

Dizia eu enquanto Pitt tirava as minhas vestes "cuidadosamente". Estávamos na casa da mãe dele. A mesma tinha saído com as amigas. Quando chegamos, a primeira coisa que Pitt fez foi ligar pro pai avisando que não iria voltar pra casa naquele dia.

Hoje mais cedo fomos ao um churrasco na casa do Sr. Connor, o que não foi uma boa ideia já que ficou claro que o Treinador Jack não gostou nenhum pouquinho de mim. E ainda por cima encontrei com a Lindsay, que não mediu palavras para falar comigo, palavras essas que incluíam desde ofensas para me diminuir até citar o Link, o que foi a gota d'água pra eu sair de lá.

— Como aconteceu?

Perguntou passando algo gelado em minhas costas. Logo em seguida fazendo alguns curativos.

— Eu... cheguei em casa e fiz igual à você, pulei a janela do meu quarto. Assim que pus os pés para dentro, ela já estava lá. Me puxou pelos cabelos e me jogou na cama. Foi aí que começaram as... pancadas.

Abaixei a cabeça, me relembrando.

— Dessa vez você não vai voltar correndo pra ela não, né?

— Sinceramente não sei.

— Ahhh, Hazel! Você é decepcionante, na moral.

Se esbravejou, levantado-se da cama.

— Ela espera que eu volte.

— Então mostre que você não é algo que ela controla. Mostre que... que você não quer voltar a viver daquele jeito, que você não vai continuar aturando isso.

— É complicado...

— É só descomplicar! Essa mulher vai acabar matando você. Você não é um cachorrinho que toda vez que se assusta, corre e volta sempre que está com fome.

Respirei fundo, começando a explicar.

— Mirela tem câncer.

Ele relaxou os ombros e fez uma cara de surpreso.

— Faz um ou dois meses que achei um papel encima do armário lá de casa dizendo isso. Ela tem no máximo uns oito meses e algumas semanas de vida, isso se o câncer não se espalhar. A minha mãe tá morrendo, Pitt.

Lágrimas saltavam dos meus olhos.

— E eu não posso fazer nada a não ser ficar do lado dela nesse momento tão difícil. Não quero ser igual a minha mãe biológica e abandonar uma pessoa quando ela mais precisa. Sei que ela me maltrata, me humilha, faz coisas horríveis comigo, que você não gosta dela, mas... ela foi a única que me quis, que cuidou de mim todos esses anos, do jeito dela. Se eu a abandonar agora, ela pode muito bem me devolver pro abrigo de onde vim e eu teria que ficar lá até completar 18 anos. Quase ninguém hoje em dia quer adotar uma criança maior de idade.

— Foi mal, eu... eu não sabia.

— O que eu tô mais preocupada é pra onde vou.

— Fica aqui.

Se aproximou de mim.

— Eu converso com a minha mãe, a gente troca essa cama por uma de casal, nós podemos dormir na mesma cama e ainda por cima fazemos companhia para ela. Minha mãe não pretende se casar de novo mesmo. É só até a poeira abaixar definitivamente. Depois você vê o que faz da sua vida ou se... continua dividindo quarto comigo como um casal de irmãos.

Ele beijou a minha mão, me olhando com aqueles grandes olhos azuis cor de água.

— Obrigada, Pitt. Mas deixa eu realçar o fato de que essa última frase ficou meio estranha.

A Menina Dos Pulsos Vermelhos (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora